No Fla, Rodrigo Caio usará a 3 e pode ser o ‘herdeiro de Fabio Luciano’
Desde 2009, zagueiros que usaram a camisa não tiveram passagem marcante pela Gávea. No Rubro-Negro, Fabio Luciano teve identificação, foi capitão e levantou taça
Na apresentação no Flamengo, Rodrigo Caio ostentou a camisa 3. Não só ele, mas todos os familiares que compareceram ao evento tinham o número às costas. E essa pode ser a chance de a camisa voltar às arquibancadas uma década depois. Isso porque, o último zagueiro a usar a 3, ter passagem marcante pela Gávea e ganhar o carinho da torcida foi Fábio Luciano, que esteve no Rubro-Negro entre 2007 e 2009, sendo o capitão da conquista do Campeonato Carioca de 2008 e 2009.
Desde então, alguns nomes usaram o número, mas com atuações que não marcaram a memória dos rubro-negros. No ano seguinte à aposentadoria de Fabio Luciano, Alvaro herdou a 3. Depois, entre 2011 e 2016, Welinton, Roger Carvalho, Chicão, Bressan e César Martins foram os escolhidos. Nas duas últimas temporadas, ninguém utilizou.
A trajetória de Rodrigo Caio, de 25 anos, e Fabio Luciano guardam algumas semelhanças. Os dois nasceram para o futebol em clubes do Estado de São Paulo - São Paulo e Ponte Preta, respectivamente -, chegaram ao Flamengo depois de terem conquistado títulos internacionais (o primeiro levantou a Sul-Americana e o segundo o Mundial de Clubes, pelo Corinthians) e terem a oportunidade de defender a Seleção Brasileira.
Além do currículo, o espírito de liderança é algo em comum entre Fabio Luciano, que se despediu dos gramados após o Carioca de 2009, e Rodrigo Caio. No São Paulo, em mais de uma oportunidade, o zagueiro tomou à frente da situação e foi quem 'colocou a cara'.
Na apresentação, Rodrigo Caio afirmou que quer retomar os bons momentos e ter muito sucesso com a camisa rubro-negra.
- Quem não sonha em um dia jogar no Flamengo? A grande maioria tem esse sonho. Pelo Flamengo, pela estrutura, por tudo que representa no futebol brasileiro e mundial. Me sinto muito honrado e feliz. É uma grande oportunidade de retomar a carreira. Muito motivado e agradecido por esta oportunidade. Minha passagem pelo São Paulo foi muito boa, pude sempre fazer o meu melhor, conquistar muitas coisas, como chegar à Seleção. Hoje, defendo o Flamengo. Fica minha gratidão ao São Paulo por tudo que representa na minha carreira, mas a partir de hoje defendo o Flamengo. Vim para cá para se campeão e entrar para a historia do Flamengo. Quero dizer que é uma alegria imensa na minha carreira. Espero que seja uma nova etapa de muito sucesso - disse.
Uma das passagens mais marcantes de Fabio Luciano com a camisa rubro-negra é quando ele deixa o treino, afasta os companheiros e se coloca em meio a torcedores que foram à Gávea protestar contra a má fase do time.
- Minha passagem pelo Flamengo foi muito intensa porque foram dois anos. Tem gente que fala: "Mas parece que você jogou 10 anos no Flamengo. A identificação que você tem, tem jogador que jogou aqui tanto tempo e não tem". O Flamengo vivia uma situação muito complicada. E o que me ajudou foi a campanha. Sair de um rebaixamento e colocar o Flamengo na Libertadores... E no ano da Libertadores, teve uma relação time e torcedor muito grande. Então, foi uma série de fatores. E eu, realmente, vesti a camisa do Flamengo. Joguei no Corinthians, peguei alguns capitães e fui ser capitão na minha saída. No Flamengo, fui capitão no primeiro dia que cheguei. O Roger era o capitão. Tenho uma amizade com o Roger até hoje. Ele falou: "Fabio, estamos precisando de um cara líder mesmo. Eu não tenho muito esse perfil de cobrança. Sou mais de grupo". Fui bem aceito pelos jogadores que estavam - disse o ex-zagueiro, em entrevista ao Esporte Interativo, em 2011.
O Flamengo investiu cinco milhões de euros (cerca de R$ 22 milhões) para adquirir 45% dos direitos do zagueiro e assinar um vínculo até 2023. Em um prazo de dois anos, dependendo de metas alcançadas, o Rubro-Negro pode pagar mais um milhão de euros (aproximadamente R$ 4,4 milhões) por temporada e adquirir mais 15% dos direitos, também por temporada. Assim, ao fim, o Fla pode ter 75% dos direitos, sendo mais 15% do São Paulo e 10% do próprio jogador.