Landim diz que é ‘difícil estabelecer um prazo’ para acordo com famílias de vítimas do incêndio do Ninho
Em entrevista à Fla TV, o presidente do clube, o vice geral e jurídico, Rodrigo Dunshee, e o CEO, Reinaldo Belotti, esclareceram sobre o incêndio do Ninho do Urubu
O Flamengo deu explicações e esclarecimentos sobre a tragédia do Ninho do Urubu, que vai completar um ano no dia 8 de fevereiro. O presidente Rodolfo Landim, o vice geral e jurídico Rodrigo Dunshee e o CEO do clube Reinaldo Belotti foram entrevistados pelo Fla TV. O mandatário comentou sobre as negociações com as famílias das vítimas do incêndio no Centro de Treinamento.
– Impossível dizer (prazo). A gente pode dizer que está aberto para que esses acordos venham a ocorrer. (...) Isso depende não só do Flamengo. Depende das famílias e do tempo delas. Muito difícil estabelecer um prazo. A gente vai estar sempre aberto para fazer esse tipo de acordo – disse Landim.
Os entrevistados foram questionados se as questões do Ministério Público e dos órgãos de fiscalização foram atendidas. De acordo com os dirigentes, tudo está resolvido.
– A gente tinha duas vertentes principais nessa questão: documentação e envolvendo a Vara da Infância e do Adolescente. Na questão de documentação, envolvia Corpo de Bombeiros e Prefeitura. Elas foram sanadas. O Flamengo tem o alvará e toda a documentação OK hoje em dia. Com relação à Vara da Infância e do Adolescente, fizemos com o MP um TAC (termo de ajustamento de conduta) prevendo medidas de segurança, educação, saúde e acompanhamento psicológico. Basicamente tudo o que o Flamengo já tinha, com algum aprimoramento sugerido pelo MP. Esse TAC tem acompanhamento anual, mas pode ser inferior. Isso será perene. Por trabalhar com menores de 18 anos, o Flamengo sempre terá um acompanhamento. Como tinha. Mas foi importante ter esse procedimento padrão para saber todo o necessário. O juiz homologou e está tudo certo – afirmou Rodrigo Dunshee.
– Nós não conseguimos o alvará na Justiça. Conseguimos o alvará seguindo todos os procedimentos necessários para ter o alvará. Além do alvará, conseguimos o habite-se. Hoje, o Ninho tem o alvará e o habite-se dando pelos órgãos competentes seguindo tudo o que era necessário. Tivemos aqui muito mais do que MP e prefeitura fazendo verificações internas. Por exemplo, a Vigilância Sanitária esteve aqui, e nós passamos com louvor, sem nenhum tipo de observação – complementou Belotti.
Um ponto questionado foi um possível interrogatório interno. Segundo o CEO do Flamengo, não houve qualquer tipo de inquérito, porém teve mudanças na estruturas do clube.
– Apesar do Flamengo não ter aberto nenhum tipo de inquérito interno, nós usamos essa tragédia para reanalisar procedimentos, melhorar a nossa atuação em casos desse tipo. Mudamos toda a nossa estrutura de acompanhamento de assuntos relacionados a saúde, meio ambiente e segurança operacional e reavaliamos procedimentos e os melhoramos – disse Reinaldo Belotti.
Um dos pontos levantados foi a questão da interrogação da torcida. Há muitos comentários em que o clube gasta dinheiro somente com os jogadores e não procura indenizar as famílias das vítimas. O vice geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo, nega essa postura do clube.
– Eu tenho notado que essa é uma indagação que incomoda o torcedor rubro-negro. Mas isso é mais uma mentira. É uma picuinha de adversários ou de parte da mídia. O Flamengo fez uma oferta de pagamento altíssima. E essa oferta está à disposição de quem queira fazer o acordo. Não há nenhuma ordem judicial para que o Flamengo pague nenhum valor nesse momento. O único valor que o Flamengo tem que pagar são os R$ 10 mil por mês, e estamos pagando. Então, algumas pessoas olham a questão sob o aspecto do copo vazio. Quando se tem de olhar o comportamento do Flamengo nesses 11 meses por outro ângulo. O Flamengo se colocou totalmente à disposição das famílias, o Flamengo ofereceu valores bem altos comparados ao que se paga no Brasil, o Flamengo está à disposição para fazer esses pagamentos no dia seguinte que as famílias quiserem, o Flamengo não está se recusando a fazer os acordos. Então, a torcida tem de ter consciência de que o Flamengo não está se furtando da sua responsabilidade – afirmou.
Junto a isso, o Flamengo foi um dos clubes que mais lucrou com a temporada 2019, consequentemente, mexeria significativamente no bolso do clube para acelerar no acordo com as famílias das vítimas. Segundo o dirigente, os processos são completamente distintos.
– Esses são processos totalmente distintos. Um são os danos que a gente causou às famílias, e outro é o resultado econômico do clube. Então, por exemplo, se o clube tivesse tido um resultado esportivo ruim, um resultado financeiro ruim e tivesse dado prejuízo, por acaso, o clube não teria mais responsabilidade para pagar essas famílias? Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, totalmente diferente. É importante dissociar as coisas. O Flamengo tem responsabilidade sobre a indenização dessas famílias, e ela será estabelecida em cima de critérios que a gente está avaliando para esse caso específico – afirmou Landim.
O incêndio de grandes proporções atingiu o Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019. O Corpo de Bombeiros foi chamado às 5h17 e informou que 10 pessoas morreram, todos jogadores da base do clube entre 14 e 16 anos. Três jovens entre 14 e 15 anos também ficaram feridos.