As investigações sobre o incêndio no Ninho do Urubu que culminou na morte de 10 atletas da base devem ganhar outro rumo. Após revelar o conhecimento do Flamengo em relação aos problemas elétricos do Centro de Treinamento, o "UOL" entrou em contato com a coordenadora Cível da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Cíntia Guedes, que disse que a situação irá ter desdobramentos.
- Esse documento vai ajudar bastante, tanto na área cível quanto na criminal. Agora dá para saber quem sabia, quem não fez ou quem deixou de fazer. Para a denúncia criminal que está sendo preparada pelo Ministério Público, ajudará bastante. Essa documentação deixa claro que o Flamengo sabia, isso reforça o argumento de que o clube tinha ciência e não foi sobrecarga elétrica ou outra coisa.
Devido às revelações, o número de investigados pode aumentar e a pena aos culpados também pode mudar e ser mais contundente. Envolvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) avaliam a possibilidade do homicídio culposo se tornar em "dolo eventual", quando o agente assume o risco de produzir ou cometer o crime, o que aumentaria a gravidade da punição.
Na última quarta-feira, a reportagem da "UOL" havia revelado trocas de e-mails entre membros do Flamengo sobre os problemas elétricos do Ninho do Urubu nove meses antes da tragédia. Nada foi feito, apesar da empresa CBI ter feito orçamento para a resolução dos problemas e emitido duas notas fiscais pagas pelo clube. Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente, e Marcelo Helman, ex-diretor executivo de administração do Ninho do Urubu são os principais alvos da investigação.