Seis meses após tragédia do Ninho do Urubu, grupo de torcedores lança campanha: ‘Nós não esquecemos’
Flamengo da Gente lança site com manifesto para cobrança por mais transparência e agilidade na investigação interna do clube. Grupo irá distribuir material nos jogos do Fla
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Seis meses após o incêndio que matou dez atletas da base do Flamengo e deixou outros três feridos, poucas respostas foram dadas. Até o momento, o clube chegou a acordos de indenização com poucas famílias envolvidas no caso. E o inquérito que investiga a tragédia voltou recentemente às mãos da polícia, após Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente rubro-negro, e outros sete indiciados não serem denunciados pelo Ministério Público.
Para que o assunto não caia no esquecimento, o Flamengo da Gente, grupo formado por conselheiros, sócios e torcedores do clube, programou uma série de ações que começam nesta quinta-feira, quando se completam exatos seis meses da tragédia no Ninho do Urubu, e que devem se estender pelos próximos jogos do Flamengo em casa. Já contra o Grêmio, neste sábado, os torcedores estarão nos arredores do Maracanã para distribuir adesivos e cartazes com mensagens para reforçar o luto e a memórias dos Garotos do Ninho.
Mas o primeiro passo dessas ações será o lançamento da campanha "Nós Não Esquecemos", uma corrente de "ação, luto e memória em defesa dos Garotos do Ninho", como o próprio grupo definiu. Nesta quinta, será lançado o site com um texto-manifesto, um abaixo assinado e um cartaz para que os próprios torcedores também possam imprimir e levar nos próximos jogos do Flamengo. O grupo também lançará um vídeo com o manifesto e outras ativações nas redes sociais do "Flamengo da Gente".
- A ideia é deixar o assunto em pauta, que nós e o Flamengo não esqueçamos disso. Queremos que a justiça seja feita. E não estamos falando de dinheiro, é até difícil falar em valores. Queremos agilidade e transparência por parte do Flamengo. Que o clube mostre o que está fazendo em prol das famílias, também pelo lado social e psicológico, e para encontrar os responsáveis por essa tragédias. Queremos lembrar sempre para que não se repita - disse, ao LANCE!, Guilherme Salgado, conselheiro do clube e um dos fundadores do "Flamengo da Gente".
Além das campanhas digitais e nas ruas, os membros do "Flamengo da Gente" ligados aos conselho do clube devem fazer alguns questionamentos a diretoria rubro-negro quanto ao andamento do inquérito instaurado pelo clube para investigar o caso internamente. A investigação foi inciada após requerimento feito pelo "Flamengo da Gente" e outros grupos políticos do clube. Também será solicitada a inclusão do dia 8 de fevereiro no calendário oficial do Rubro-Negro.
- Que o 8 de Fevereiro se torne uma data oficial. De vergonha e memória. Que os responsáveis sejam apontados, sem blindagem. Que as famílias das vítimas recebam a reparação financeira que entendam ser justa. E que todos os envolvidos tenham acompanhamento social e psicológico pelos próximos anos - diz um trecho do manifesto do "Flamengo da Gente" (veja o manifesto completo abaixo).
Todo o material gráfico feito pelo "Flamengo da Gente" para distribuição nos jogos do clube, além dos custos do site, foi bancados por uma vaquinha feito dentro do próprio grupo, composto por 190 pessoas.
Até o momento, o Flamengo já chegou a acordos de indenização com as família de todos os sobreviventes da tragédia no Ninho, incluindo os três atletas que ficaram internados após o incêndio: Jhonata Ventura, Cauan Emanuel e Francisco Dyogo.
Das dez vítimas fatais, o clube só finalizou o acordo com as famílias dos garotos Athila Paixão e Gedinho, além do pai de Rykelmo, que tinha os pais separados, e a mãe ainda busca sua parte na Justiça. Ou seja, sete famílias (as de Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Samuel Thomas e Vitor Isaías), além da mãe do ex-volante Rykelmo, ainda aguardam para fechar um acordo com o Flamengo.
Veja o manifesto completo do "Flamengo da Gente":
"A memória é uma importante ferramenta para sempre nos lembrarmos de que somos humanos. No dia 8 de fevereiro de 2019, um incêndio tirou a vida de 10 meninos do Clube de Regatas do Flamengo. Dez garotos com o sonho de defender as cores que amamos.
Sabemos que nada vai reparar a dor de amigos e familiares, mas exigimos justiça! E ela começa por investigações profundas, que apurem responsabilidades.
Nos últimos anos, o clube se estruturou, montou um estrelado elenco de futebol profissional e ganhou o status de milionário do esporte. Isso só aumenta nosso desejo de que crianças nunca mais precisem dormir em alojamentos improvisados ou sejam submetidas a situações que ponham em risco sua vida, dignidade, saúde ou desenvolvimento psicológico.
Que o 8 de Fevereiro se torne uma data oficial. De vergonha e memória. Que os responsáveis sejam apontados, sem blindagem. Que as famílias das vítimas recebam a reparação financeira que entendam ser justa. E que todos os envolvidos tenham acompanhamento social e psicológico pelos próximos anos.
Para nós, a grandeza do Flamengo não está na sala de troféus. Está na relação digna com seus atletas e torcedores.
O Flamengo é nossa gente - e é por isso que dizemos:
NÓS NÃO ESQUECEMOS."
O incêndio que tirou a vida de dez meninos do Clube de Regatas do Flamengo completa seis meses nesta quinta-feira. Dez garotos com o sonho de defender as cores que amamos.https://t.co/gfuVnyqMsR
— Flamengo da Gente (@FlamengodaGente) August 8, 2019
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