Técnico que ‘descobriu’ Rafinha na lateral relembra início do camisa 13
Netinho, treinador que aconselhou Rafinha a tornar-se lateral-direito, fala ao LANCE! sobre a personalidade do atual atleta do Flamengo e o desejo em encerrar a carreira no Coritiba
Convocações para a Seleção Brasileira, passagem marcante pelo Schalke 04 e muitos títulos pelo Bayern de Munique até a chegada ao Flamengo: a trajetória de Rafinha não seria a mesma sem o início nas categorias de base do Coritiba.
Também foi no Couto Pereira que o então atacante recebeu o conselho que transformaria sua carreira: passar a atuar como lateral-direito. A dica foi de Netinho, que, antes de ser treinador, atuou na posição e enxergou naquele jovem as características para ser um camisa 2, ou 13, de sucesso, como é hoje.
- Analisando o Rafinha nos treinos, com muita velocidade, driblador, eu falei com ele para fazermos este neste como ala. Foi quando ele começou a deslanchar na base. Foram poucos jogos. Não demorou para destacar-se de forma exuberante e logo o Antônio Lopes o chamou e ele não voltou mais - afirmou Netinho ao LANCE!, antes de completar sobre o potencial de Rafinha:
Rafinha: 'Cheguei na base do Coritiba como atacante. O professor Netinho me disse que queria muito ficar comigo, mas era muito disputado nessas posições da frente. E disse que eu tinha muita qualidade pra jogar de lateral, que ele iria me ensinar.'
- Tem jogador que se destaca na base, no início da carreira, mas não consegue um êxito da maneira como ele conseguiu. Com o Rafinha, por uma série de fatores, sempre acreditei nele. Tem qualidade, se dedicava, sempre foi de grupo, com um carisma muito grande. Todos sempre gostaram dele. Eu acreditava, sim, que conseguiria ter o êxito que teve, chegando em Seleção Brasileira, Bayern, Flamengo, por esses fatores.
Em entrevista recente à FlaTV, Rafinha, campeão da Libertadores e do Brasileirão em 2019, relembrou o início no Coxa, fazendo um agradecimento a Netinho e ao ex-técnico Antônio Lopes, que deu a sua primeira chance no time princiapl do Coritiba, em 2004.
Sabem que este cidadão é este ao lado de Rafinha na foto?
— Matheus Dantas (@matheusdantasfr) April 28, 2020
Trata-se de Netinho, ex-técnico do atleta na base do Coxa.
Foi ele que, lá atrás, tirou Rafinha do ataque e o colocou na função que viria a brilhar até hoje.
Mais sobre a história no fio. #lanceFLA pic.twitter.com/pLNhDQ24GA
Hoje, Netinho trabalha na Aocep (Associação dos Operadores Portuários do Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá), mas mantém o contato com as velhas amizades, como Rafinha, do Flamengo, e Raí, dirigente do São Paulo.
Abaixo, confira outras respostas do ex-técnico sobre o camisa 13 do Flamengo:
Mudança de Rafinha para a lateral
O Rafinha chegou no Coritiba dessa forma, como um atacante, um meia-atacante. Ele chamava atenção porque era um jogador leve, com drible, mas com dificuldade para jogar de costas para o adversário. Aqui no Sul o contato físico é muito grande, então ele estava toda hora no chão. Ele tinha mais um ano de juvenil e já estava se destacando no júnior.
Na época que ele chegou, o técnico do Coritiba era o Paulo Bonamigo. Depois chegou o Antônio Lopes, e os dois usavam um sistema com três zagueiros, com alas Por ter sido lateral, eu olhei essas características de lateral e ala no Rafinha. Na época, o Coritiba ficou com Rafinha de um lado e Adriano, que passou pelo Barcelona e hoje está no Athletico. Fizemos essa adaptação, e o grande mérito é dele. Tivemos um olho, mas o mérito é dele. É uma pessoa que merece, do bem e carinhosa.
Papel de liderança dentro do grupo
Sempre foi assim. A pessoa, quando chega em um patamar, é fácil falar, mas o Rafinha sempre foi esse líder. Já no Coritiba se preocupava com os companheiros, com as tias da cozinha, com o estafe mesmo. Desde sempre exerceu esse papel de liderança, é muito carismático, faz amizade fácil e tem o poder da palavra. Merece estar onde está.
Desejo de Rafinha em encerrar a carreira no Coritiba
Ele fala que o desejo dele é retornar, encerrar a carreira aqui no Coritiba por agradecimento mesmo ao clube. Ele morou três, quatro anos, aqui no Couto Pereira. E, nos contatos que tenho com ele, sente que é um carinho verdadeiro pelo clube mesmo. A vida dele é corrida, são muitas viagens, mas ele está sempre por aqui no fim de ano, tem família em Londrina, e estamos sempre acompanhando ele.