Com a aprovação de Abel, Odair tem o desafio de levantar o Flu; especialistas acreditam no sucesso
Treinador chega com a missão de repetir o feito alcançado no Internacional. LANCE! conversa com três profissionais, de diferentes áreas, que opinam sobre essa possibilidade
O Fluminense já tem o seu comandante para 2020. O técnico Odair Hellmann foi contratado e terá a missão de fazer o Tricolor voltar a ser protagonista, situação que conseguiu com o Internacional em quase dois anos no cargo. Levou o Colorado para Libertadores de 2019, ficando em 3º lugar no Campeonato Brasileiro, atrás apenas de Palmeiras e Flamengo, os dois clubes com maior potencial financeiro do Brasil.
A coroação do seu trabalho ficou para 2019, quando Odair Hellmann chegou as finais do Gaúcho e da Copa do Brasil. No entanto, o Internacional acabou amargando a segunda posição nas duas competições. O fim do ciclo aconteceu em outubro, após uma derrota para o CSA, fora de casa, pela 24ª rodada do Brasileiro.
Baseando-se no histórico, Odair Hellmann tem tudo para conseguir fazer um bom trabalho no Fluminense. Entretanto, buscando ainda mais informações sobre o treinador, o LANCE! conversou com três profissionais, de diferentes áreas, para ajudar a tirar algumas dúvidas do torcedor tricolor.
O TREINADOR
A começar pelo técnico Abel Braga, que trabalhou com Odair Hellmann no Internacional, em 2014. Tricolor de coração e com uma história vitoriosa em ambos os clube, o experiente treinador é só elogios ao companheiro de profissão.
- A própria ascensão dele, fala por si só. O Odair é muito bom. Ele foi convidado para integrar a Seleção Olímpica e foi medalha de ouro. Depois subiu o Internacional, chegou em tudo que é competição bem classificado, então é um cara de muita qualidade. O Fluminense fez uma contratação muito boa, muito positiva. Além da capacidade dele de trabalho, tem uma forma de juntar o grupo de uma forma muito boa.
O ANALISTA
Na avaliação do analista de desempenho Rodrigo Coutinho, jornalista do Yahoo Esportes e do Data ESPN, Odair Hellmann possui apenas um trabalho como técnico no futebol profissional, período curto para determinar a capacidade do treinador. Baseando-se no estilo de jogo implementado no Internacional, o treinador vai ter dificuldades com o elenco do Fluminense.
- Se for tentar adotar o mesmo modelo de trabalho, o Fluminense não é o mais indicado para isso. É uma equipe de muitos jogadores leves no meio-campo, alguns que não possuem tanta intensidade, mas que compensam com qualidade técnica. Ganso, Nenê, Daniel e outros são muito técnicos, mas não entregam muito o que o Odair exigia dos atletas do Inter: Intensidade, dedicação na parte defensiva e reação rápida. Neste aspecto, o elenco não combina tanto.
O SETORISTA
O jornalista Paulo Nunes, repórter da Rádio Grenal, acompanhou de perto toda a passagem do treinador a frente do Colorado e destacou o trato com os jogadores. Para ele, Odair Hellmann é um grande estudioso do futebol, fazendo a linha professor, porém em alguns momentos, também é uma espécie de "paizão" para os jogadores.
- Dentre os estilos, ele seria o professor, mas faz também a linha do paizão em alguns momentos. É um técnico que sabe trazer o jogador para o seu lado, tanto que fez isso com vários jogadores que, em certo momento, a torcida criticava. Controla muito bem o vestiário e era muito querido, tanto que alguns jogadores foram até o presidente para que ele voltasse atrás na demissão do Odair.
OUTRAS RESPOSTAS
Rodrigo Coutinho, analista de desempenho e jornalista do Yahoo Esportes e Data ESPN:
Como você define o time do Internacional comandando por Odair Hellmann
- O Inter era mais um time de contra-ataque, de transição e de ligação direta. Era uma equipe que marcava muito forte a partir da linha do meio de campo, com os três volantes, Rodrigo Dourado, Edenílson e Patrick, e depois acelerava quando retomava a bola. A dupla de zaga era muito boa, funcionava defensivamente, tinha intensidade e concentração.
Você acredita na possibilidade de Odair Hellmann manter a característica do Fluminense deste ano, com muita posse de bola e trocas de passes?
- Em poucos momentos ele tentou algo parecido com isso. Apenas em poucos jogos dentro de casa, nesse ano, em que escalava o D'Alessandro como meia central, dois atacantes pelas pontas e o Guerrero dentro da área. Temos que esperar porque foi apenas um trabalho, há treinadores por aí que fizeram trabalhos variados em diferentes clubes.
O Fluminense acertou na contratação?
- Hoje, dentro do cenário financeiro em que o Fluminense se encontra no futebol brasileiro, acredito que seja o mais indicado. Longe de querer defender um estilo de jogo mais defensivo, mas também não podemos ser românticos e achar que o Fluminense poderia sair jogando contra todos de peito aberto. Esse ano deixou claro que não dá para fazer isso. Por mais que seja louvável, vimos que não se sustentou no Fluminense, vide o exemplo do Diniz.
Paulo Nunes, repórter da Rádio Grenal:
Quais são os pontos positivos que você destaca em Odair Hellmann?
- Ele é muito estudioso e trabalhava muitas jogadas ensaiadas. Era um time muito intenso, vibrante o tempo inteiro. O esquema de três volantes era um pouco criticado pela torcida, mas aí era do jogo, do que ele entendia que podia tirar de melhor do seu elenco. Era um time de pegada, de marcação, muito forte na defesa, raramente levava gols. Tinha bons resultados, priorizando os cuidados defensivos, mas sem esquecer do ataque.
E os pontos negativos?
- Algumas insistências em certas questões. Por exemplo, fora de casa. Ele precisa rever a postura. Com o Internacional mais solto, jogando com os reservas, conseguiu vencer o Atlético-MG, no Independência. Mas na maioria da trajetória, dentro de casa o time era um, fora de casa, era outro e isso foi muito criticado. A insistência com certos jogadores também deram motivos para críticas.
Chegou a lançar jogadores da base?
- Por ter trabalhado na base do Internacional, conhecia os jogadores e utilizou alguns. Não conseguiu dar chances a todos, por conta da quantidade de contratações. Ele tentava acertar o time primeiro para lançar os garotos.