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Mário Bittencourt completa três anos no Fluminense com melhora nos cofres e promessas não cumpridas

Mandatário tem sido xingado pela torcida nas arquibancadas e se encaminha para tentar a reeleição no final do ano pelo Flu

Mário Bittencourt - Fluminense
Mário Bittencourt completa três anos de mandato no Fluminense (Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC)

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Prestes a iniciar uma nova corrida eleitoral, o presidente Mário Bittencourt completa, nesta sexta-feira, três anos de mandato no Fluminense. Eleito em 8 de junho de 2019, o dirigente tomou posse oficialmente dois dias depois e de lá para cá viveu dificuldades para equilibrar as contas, aumento no investimento no futebol, turbulências políticas, um título do Campeonato Carioca e foi voz ativa em debates relevantes do futebol brasileiro.

Mário chega aos últimos meses de mandato em clima ruim com a torcida. Xingado em praticamente todos os jogos em casa, o mandatário é cobrado principalmente pelas eliminações nas competições continentais e a venda de jovens de base a preços mais baixos do que o torcedor avalia ser justo. Além de promessas ainda não cumpridas, apesar da melhora financeira do clube.

Eleito com a maior quantidade de votos da história do pleito tricolor com 2225, ele tenta retomar a confiança para sonhar com a permanência para o triênio seguinte. A eleição acontece a partir de novembro e Mário ainda não oficializou a candidatura, mas deve tentar a reeleição. Veja a seguir os principais pontos da gestão.

Veja a tabela da Série A do Brasileirão

​FINANÇAS

Mário deixou claro no início que as propostas da gestão foram traçadas para os três anos e meio e dificilmente, até pela situação que o clube se encontrava, seriam cumpridas a curto prazo. Com relação às finanças, o programa envolvia organização com responsabilidade e equilíbrio fiscal e a captação de patrocínio e criação de instrumentos para investimentos. A implantação do portal da transparência, lançado no dia 31 de janeiro, também era uma prioridade.

O clube fechou 2021 com um superávit no resultado financeiro de R$22.905 milhões, acima dos R$540 mil de 2020, mas teve um déficit pelo sexto ano consecutivo, desta vez de R$2.059 milhões. O resultado foi considerado positivo pela diretoria, uma vez que houve também uma diminuição do prejuízo, que era de R$2.922 milhões há dois anos. O balanço ainda demonstrou um aumento nas receitas, de R$182.876 milhões para R$291.030, consequência dos ganhos do futebol.

Com relação aos patrocínios, em 2021 houve crescimento das receitas (primeiro ano com patrocínio master), que gerou um aumento de 106%. O clube apresentou um plano para pagamento de dívidas à Justiça e já iniciou o acerto com os credores. Além disso, o presidente acredita precisar de mais três ou quatro anos (somando sete desde o início do mandato em 2019) para equacionar os cofres. 

No entanto, os salários relativos a maio estão atrasados, além de uma parcela do 13º. Neste momento não há previsão para o pagamento. Os jogadores também têm dois meses de direitos de imagem a receber.

CELSO BARROS

Uma das ideias de Mário com Celso Barros era a extinção da vice-presidência do futebol, deixando a pasta para o ex-presidente da Unimed-Rio, eleito na mesma chapa. Em novembro de 2019, porém, a relação rachou e Barros acabou afastado do comando do departamento. A princípio, a medida seria pelo menos até o final do Brasileirão, mas nada mudou desde então. As divergências entre presidente e vice se tornaram públicas, especialmente com relação à continuidade do técnico Marcão.

Mário acabou isolando Celso do futebol de forma gradual até evoluir para o afastamento completo. A falta de sintonia foi algo comum nos cinco meses de gestão. Se no início o dirigente era discreto, atualmente ele utiliza as redes sociais para criticar as ações do presidente.

PROTAGONISTA EM DEBATES

A torcida entende que o Fluminense poderia ter uma força maior institucionalmente para assuntos como a reclamação com a arbitragem, por exemplo. Por outro lado, o clube tem sido protagonista no debate sobre a criação de uma nova liga no futebol brasileiro. O último capítulo é a criação de um estatuto do bloco com 25 equipes com seus termos e propostas.

Além disso, houve também o debate sobre a volta do futebol em meio à pandemia da Covid-19, quando o Fluminense foi voz ativa. O clube lutou para que se esperasse a redução dos casos até o retorno das partidas. Relembre os passos ao longo do processo. A defesa institucional era um dos focos da campanha na última eleição.

Mário Bittencourt - Fluminense
Fred, ao fundo, voltou ao Fluminense em 2020 (Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)

VOLTA DE FRED E INVESTIMENTO NO TIME

O investimento no futebol foi aumentando ao longo do tempo, mas as escolhas seguiram sendo contestadas até em 2022, quando a folha salarial atingiu o maior valor. Depois de se livrar do rebaixamento em 2019, a equipe foi eliminada pelo Unión de La Calera na Copa Sul-americana 2020, pelo Atlético-GO na Copa do Brasil do mesmo ano, e vice do Carioca para o Flamengo.

No Brasileiro, porém, a volta à Libertadores depois de oito anos longe. Os reforços na época eram Caio Paulista, Danilo Barcelos, Egídio, Felippe Cardoso, Fernando Pacheco, Henrique, Hudson, Yago Felipe, Michel Araújo, Wellington Silva e Lucca. Quem voltou foi o ídolo Fred, uma promessa de campanha de Mário.

Na temporada 2021, o Fluminense contratou oito jogadores. Entre eles: Wellington, Abel Hernández, Raúl Bobadilla, Manoel, David Braz, Samuel Xavier, Cazares e Rafael Ribeiro. No fim, nova vaga na Libertadores, competição da qual foi eliminado nas quartas de final. Além disso, novo vice-campeonato para o Flamengo e queda nas quartas da Copa do Brasil. 

Para 2022, os nomes foram o goleiro Fábio, o volante Felipe Melo, os atacantes Willian Bigode e Germán Cano, os laterais Pineida e Cris Silva, o zagueiro David Duarte e o meia Nathan. Um perfil já diferente, mas que de nada adiantou. Apesar do título do Carioca tirando o jejum de 10 anos, eliminação na Libertadores e na Sul-Americana.

Projeto contestado, o Sub-23 segue existindo apesar da instabilidade sobre o futuro da competição. Capitaneado por Paulo Angioni, a equipe tem como objetivo ter os jogadores que não tem oportunidade nos profissionais, mas estouraram a idade do sub-20. Com relação a Xerém, inclusive, as promessas eram independência e maior investimento, o que vem acontecendo.

VENDAS DE JOGADORES


Uma das grandes críticas está na negociação de jogadores. Foram 10 no total, incluindo a de Luiz Henrique para o Real Betis, da Espanha. A lista inclui Leandro Spadacio em julho de 2019 para o Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes, por US$ 500 mil dólares (R$ 1,9 milhão na cotação da época), Pedro para a Fiorentina no mesmo ano por € 11 milhões de euros (R$ 50,2 milhões na cotação da época). O Flu levou R$ 36,5 milhões. Rafael Resende também saiu pouco depois por US$ 300 mil dólares (R$ 1,2 milhão na cotação da época) ao Al Sharjah, dos Emirados Árabes, país para o qual também foi Jônatas por US$ 300 mil dólares (R$ 1,2 milhão na cotação da época).

Gilberto saiu em agosto de 2020 para o Benfica, de Portugal, por € 3 milhões de euros (R$ 18,7 milhões na cotação da época). O Flu ficou com cerca de R$ 9,35 milhões. Já Evanilson teve a saída mais polêmica. Com direito federativo pertencente ao Tombense depois de ficar sem perspectiva de renovação nas Laranjeiras, o jogador assinou com o Porto. O Fluminense detinha 10% do atacante, mas com a taxa vitrine (20%) ficou com 30%, levou cerca de R$ 13,5 milhões do negócio.

Dias depois foi a vez de Marcelo Pitaluga, que teve 75% de seus direitos econômicos comprados pelo Liverpool, da Inglaterra, por € 1 milhão de euros (R$ 6,2 milhões na cotação da época), mais € 1 milhão de euros de bônus contratuais. Metinho e Kayky foram vendidos ao Grupo City. O primeiro foi para o Troyes, da França, por € 5 milhões de euros (R$ 33,2 milhões na cotação da época), mais bônus contratuais de até € 8 milhões de euros. O segundo custou €10 milhões de euros (R$ 66,5 milhões na cotação da época) mais bônus de até €11 milhões de euros, além de uma cláusula de opção de compra dos 20% dos direitos restantes por € 5 milhões de euros.

Luiz Henrique foi o último a deixar o Fluminense (sairá no meio do ano). O atacante teve 85% dos direitos econômicos vendidos ao Betis por cerca de € 9 milhões de euros (aproximadamente R$ 50 milhões), mais bônus de até € 4 milhões de euros.

O QUE FALTA


Algumas promessas que não se cumpriram envolvem o voto online. O presidente afirma que estudos vem sendo feitos para a viabilidade, mas até o momento nada avançou. Já com relação a Laranjeiras, no ano passado, o clube contratou uma empresa para fazer um "diagnóstico" da parte estrutural do local. Com o "ok" para a mudança, o mandatário disse que espera que as obras comecem em outubro. A tendência inicial era voltar a ter jogos oficiais no estádio em 2022, mas agora a previsão passou para 2024.

Um dos objetivos era o término da construção do CT Carlos Castilho, o que não será possível ainda nessa gestão. O Fluminense observou diversos problemas na atual estrutura e avalia um custo alto para reparar e finalizar a obra. Com relação ao sócio-torcedor, a promessa acaba de se cumprir com o lançamento dos novos planos. Agora falta garantir que a base de adimplentes aumente para ampliar os lucros do clube.

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