Abad chama torcida do Flu ‘para a guerra’ e revela advogados ameaçados em São Januário
Fluminense e Vasco não chegam a consenso em briga pelo setor sul do Maracanã. Presidente se manifestou e afirmou que dirigentes sofreram ameaças pela situação
Faltam pouco mais de 24h para a final da Taça Guanabara, neste domingo, às 17h, e não se sabia qual torcida ficaria ocupando o setor sul do Maracanã. Após o Vasco se manifestar, foi a vez de Pedro Abad, presidente do Fluminense, falar sobre a questão. Nas Laranjeiras, lamentou a postura do Consórcio que administra o estádio e chamou os seus torcedores "para a guerra" - confirmando que ficarão no setor norte no clássico.
- É lamentável isso tudo. Somos cliente de longo prazo, de muitos jogos. Nos sentimentos desrespeitados pelo Consórcio, que tomou apoio a outro clube que não tem contrato fixo. Isso vai ter impacto no futuro. Diferentemente, o Fluminense não foge da briga. Não houve acordo. O Fluminense não cedeu a nada. O presidente da FERJ sugeriu que o jogo fosse feito no Nilton Santos. O Fluminense não concorda com isso, mas chamamos nosso torcedor para a guerra. Se tiver confusão, se tiver briga, se tiver morte, a responsabilidade é das pessoas que produziram essa aberração. O Fluminense vai quente, vai para dentro. Nosso corpo jurídico está preparado para isso - declarou o presidente.
Abad afirmou que percebeu que a situação estava estranha desde o fim da partida diante do Flamengo, já que buscou contato com dirigentes da FERJ para falar sobre as torcidas na final da Taça Guanabara, mas que não obteve nenhuma resposta. Além disso, contou que alguns dirigentes do Fluminense sofreram ameaças por lutarem contra as decisões iniciais da FERJ e buscarem o direito de ficar no setor Sul, como o contrato indica.
- Quando passou o Fla-Flu, mandei mensagem ao presidente do Maracanã falando que o lado sul era do Fluminense. O presidente deles desconversou. Na reunião compareci pessoalmente. O presidente do Vasco não estava. Eu percebi que não estava andando bem. O Maracanã foi notificado pessoalmente e por e-mail dessa situação contratual. Houve por parte do Vasco o início das vendas indevidamente. Vimos que precisávamos ir ao poder judiciário para valer os nossos direitos - bradou.
- A Justiça concedeu uma liminar que concedia o setor sul ao Fluminense. Nós informamos ao Vasco. Nossos dirigentes foram ameaçados - uma mulher inclusive - ameaçados de muro e de soco. O diretor do Vasco sabia que íamos lá e não nos poupou de constrangimento. Nós mandamos dois advogados, doutora Roberta e Bernardo. Eles não puderam entrar para entregar a liminar. Diversas pessoas ameaçaram. Nesse cultura de ódio, pessoas atacando uma mãe de família. É lamentável o que aconteceu. É muito triste - comentou.
A reunião realizada na FERJ, neste sábado, não teve consenso. Mesmo após reunião realizada neste sábado, na sede da FERJ, mandatários de Fluminense e Vasco não chegaram a um acordo e a briga pelo lado direito do estádio prometia ganhar novos capítulos. Sobre se houve "ma fé" na postura do Vasco, o presidente limitou a suas palavras por "questões jurídicas".
- Questões jurídicas me impedem de dizer o que quero dizer, mas foi a tentativa de criar um fato consumado - declarou e explicou também sobre o processo de licitação do estádio e como não há brechas para atuar no setor norte - o que considera uma "aberração".
- Na época da Copa do Mundo, o Maracanã passou por um processo licitatório onde dois clubes precisavam participar por 35 anos. O Fluminense foi o primeiro. Botafogo foi o segundo, mas saiu. O Fluminense manteve a concessão de pé. Uma cláusula do contrato diz que o Fluminense teria que ficar fixo no lado sul, ainda como visitante. Essa condição está textualmente escrita. Só pode ser desfeito em acordo que o Fluminense deveria aceitar - afirmou.
Confira os trechos da coletiva de Pedro Abad:
Direito legítimo
- Vim para dar uma luz e explicar diversos aspectos e absurdos que vêm sendo cometidos contra o Fluminense, do direito legítimo de ocupar o estádio e desenvolver suas atividades nos jogos de futebol.
Guerra só no campo
- Não estou pedindo ao nosso torcedor para brigar com ninguém. A guerra é dentro do campo. O nosso clube é o time de guerreiros. É guerra saudável. Temos seis anos de Fluminense x Vasco sem brigas. Torcida do Fluminense não é violenta.
Contrato
- No contrato, dizia que Fluminense ficaria no setor sul. Isto está expressamente no contrato. Passaram-se diversos presidentes por Fluminense e Vasco e isso sempre foi respeitado. O que nunca havia acontecido é que a pessoa jurídica que administra o Maracanã, na administração de Mauro Darzé, passa atuar contra o que estava em contrato. Ou se respeita o contrato ou não se respeita. Se o regulamento diz que o mandante escolhe o estádio, ele escolhe o estádio. Qualquer clube pode escolher, sabendo que no Maracanã existe essa limitação. Quem quer mandar jogo contra o Fluminense lá tem que respeitar. Está claríssimo (no contrato). É textual. A única forma de isso não vigorar (Flu no setor sul) é diante de um acordo com o Fluminense. Acordo pressupõe duas vontades. E a vontade do Fluminense nunca será abrir mão desse lado.
Ordem judicial
- Houve um descumprimento explícito de uma ordem judicial. Isso é muito sério. Descumprimento expresso e deliberado de uma ordem judicial.
Convocação à torcida
- Eu quero vocês no estádio. Nós vamos ganhar esse jogo e vamos ser campeões.
Concessionária
- O que mais ouço por parte do Consórcio são sofismos, que “temos de preservar futebol”, que “Maracanã é para todos”. Ocorre que existe uma cláusula no contrato que diz que o Fluminense, seja mandante, seja visitante, tem direito a alocar seus torcedores no setor sul.
Ingressos
- Os ingressos estão à venda para o setor norte, até onde eu sei. Aqui em Laranjeiras não vamos vender. Os torcedores do Fluminense podem comprar nos outros pontos de venda.