Processos, Maracanã e patrocínio: os desafios financeiros do Fluminense
Tricolor dispensou oito jogadores pensando em desafogar as contas, porém, viu dívida crescer, jogos em casa darem prejuízo e contas não fecham
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Quando dispensou oito jogadores do elenco no final de 2017, o Fluminense esperava ter uma economia de cerca de R$ 20 milhões, além de procurar um patrocínio master, aumentar o sócio-torcedor e melhorar as contas contando com o fim dos prejuízos no Maracanã. O que se vê nos últimos dias de 2018 é o cenário reverso. Com atrasos na rescisão e processos a todo momento, o Tricolor viu sua dívida com os jogadores crescer em pelo menos R$ 6 milhões, além de não ter a conta fechada em outros quesitos. O LANCE! mostra o cenário do clube em diversos pontos.
Entre os atletas que saíram, Diego Cavalieri, Marquinho, Artur, Higor Leite, Robert e Wellington Silva decidiram entrar na Justiça para cobrar o que foi acordado quando o Flu sacramentou o fim do contrato. Henrique nunca chegou a acordo e aguarda sentença, e Maranhão está emprestado ao Goiás. Veja caso a caso:
Diego Cavalieri
Após as seis tentativas de penhorar recursos do clube para quitar a dívida com o goleiro, a Justiça resgatou apenas R$ 28.571,05 dos R$ 3.800.317,98 bloqueados para regularizar a dívida. Com isso, o Fluminense foi incluído no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT). Dos R$ 6.105.124,74 acertados, o goleiro recebeu R$ 3.416.492,99.
Marquinho
O jogador entrou na Justiça no dia 10 de agosto e tinha um acordo de R$ 6 milhões, com uma parcela de R$ 1 milhão, outra de R$ 2,6 milhões e 20 de R$ 120 mil. Porém, após o não cumprimento do combinado, a Justiça condenou o Fluminense a pagar R$ 7,5 milhões ao meia. No valor constam os pagamentos devidos, além de multa e juros. O Tricolor terá de arcar também com R$ 150 mil de custas processuais.
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Arthur
Em janeiro deste ano, foi firmado um acordo de R$ 460.149,88 referentes a verbas trabalhistas vencidas, FGTS não recolhido e verbas rescisórias. Os dois primeiros itens foram pagos e os R$ 350.000,00 restantes ficaram divididos em sete parcelas de R$ 50 mil, sendo 10% de honorários advocatícios, de fevereiro a agosto. O clube cumpriu com o pagamento apenas nos três primeiros meses.
Higor Leite
Ele abriu a reclamação no último dia 15 de outubro e pede R$ 686.436,56 por diversas dívidas pendentes e ainda não acertadas pelo Tricolor. A ação mostra que o Flu acertou R$ 97.552,82 referentes as verbas trabalhistas vencidas e não pagas no prazo acordado. No entanto, R$ 274.975,04 não foram pagos. Além disso, R$ 67.519,90 pelo FGTS não foram depositados.
Robert
O acordo inicial totalizava um pagamento de R$ 1.436.689,99, referentes a verbas trabalhistas vencidas (R$ 151.354,26), FGTS não recolhidos (R$ 71.340,73) e verbas rescisórias (R$ 1.213.995,00). O Fluminense efetuou o pagamento apenas das verbas trabalhistas vencidas, do FTGS e da primeira parcela - com atraso. Por isso, Robert entrou na Justiça em junho cobrando R$ 1.254.340,27, valor que inclui multa de 30% nas verbas não pagas, além de juros de 1% ao dia.
Wellington Silva
O jogador foi o último a entrar na Justiça contra o Fluminense e cobra um total de R$ 1,3 milhão do Fluminense pelas parcelas não pagas do acordo.
Henrique
O jogador cobra um total de R$ 9.126.399,97, entre salários, férias e prêmios atrasados e indenização por quebra de contrato. Ele conseguiu a liberação da Justiça para defender o Corinthians. A juíza Katia Emilio Louzada, titular da 54ª Vara do Trabalho do Rio ainda não proferiu sua decisão sobre o caso desde o dia 4 de outubro.
Maracanã
Um dos desejos que o Fluminense tinha para esta temporada era ver os jogos em casa darem menos prejuízo, mas não foi isso que o clube conseguiu. Em 35 partidas como mandante na temporada, o tricolor amargou um prejuízo de R$ 4,5 milhões. A média de público foi de 13.846 pagantes.
No Maracanã, uma das principais esperanças para retorno financeiro, o déficit foi praticamente R$ 3,5 milhões. Dos 24 jogos realizados no estádio, 19 deram prejuízo. O pior resultado nos cofres foi no Nilton Santos. No duelo contra o Atlético-MG, pelo Brasileiro, foi um vermelho de R$ 369.732,90.
A partida com os melhores resultados foi o clássico com o Flamengo, que aconteceu em Brasília. O Tricolor embolsou R$ 500 mil de uma cota fixa pela venda do mando. O duelo aconteceu no Mané Garrincha por ter sido cedido à “Roni 7 Consultoria Esportiva” devido a uma dívida de 2016.
Vale lembrar, por outro lado, que alguns planos de sócios dão 100% de desconto no valor do ingresso, que não é contabilizado na bilheteria, mas chega aos caixas do clube.
Desde abril de 2017 o Maracanã virou um problema para o Fluminense. Além da média de público não ser boa, uma determinação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro alterou o contrato original entre o clube, Consórcio e Governo do Estado, aumentando os custos para o Tricolor.
Patrocínio
Fluminense está sem patrocinador master desde a saída da Valle Express no início de agosto. Em nota oficial, o clube afirmou que rescindiu por conta da dificuldade da empresa de honrar o pagamento mensal ao time, com atrasos em várias parcelas e sem pagar ainda abril, maio, junho e julho. A dívida chegou a R$ 1,4 milhão. Em processo judicial, o clube cobra mais de R$ 8,8 milhões da Valle.
Tentando melhorar o cenário para 2019, já que não deu tempo de conseguir novo patrocínio neste ano, o Tricolor pegou empréstimo de R$ 50 milhões junto ao Banco BMG e uma das finalidades usadas será tentar eliminar todos os seus débitos fiscais e correr atrás da Certidão Negativa de Débito (CND). A ideia principal é tentar a Caixa Econômica Federal. Apesar de favorita, o clube também analisa outras empresas.
Sócio-torcedor
Hoje, o Fluminense tem cerca de 39 mil sócios. Ao final de 2017, o número era superior aos 36 mil. O clube ainda trabalha em reformulações no programa para o ano que vem. Vale lembrar que algumas alterações já foram feitas no início de 2018, com plano a partir de R$ 9,90, por exemplo.
As dívidas
Uma análise das contas do Fluminense divulgadas em balanços financeiros do ano mostra uma situação delicada do clube. A dívida total saltou de R$ 523 milhões para R$ 619 milhões. O clube incluiu todas as pendências tributárias no documento, o que ajuda a explicar o crescimento do valor. Vale ressaltar também que as receitas cresceram.
O cenário, porém, ainda é preocupante. E, portanto, o Flu encontra dificuldades em honrar seus compromissos com jogadores e funcionários, por exemplo.
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