A reunião do Conselho Deliberativo que aprovou as contas de 2016, último ano de gestão de Peter Siemsen, virou alvo de uma ação judicial. Visando anular o encontro – que aconteceu em junho do ano passado -, sob a alegação de que estava recheado de vícios e ilegalidades irreparáveis, conselheiros do Fluminense acionaram a Justiça para marcar uma nova plenária com a mesma finalidade, revendo os documentos que foram aprovados à época.
A ação, movida em primeira instância, tem como autores a Associação Nacional Tricolor de Coração, Eduardo Mitke Brandão Reis e Luis Monteagudo Gonzalez Filho, com o Fluminense como réu.
"Em 08.06.2017 foi realizada, no Salão Nobre das dependências do clube, uma Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo do Fluminense, para deliberar sobre as ordens do dia, segundo a pauta constante da convocação específica, sendo que o item mais relevante e no qual ocorreram vícios e problemas que motivam esta demanda, foi o da apreciação e votação para aprovação ou não da prestação de contas referente ao exercício 2016.
A referida reunião não respeitou o trâmite previsto no Estatuto, bem como no Regimento Interno do Conselho Deliberativo, sendo que o então Presidente do Conselho Deliberativo – que estranhamente dias depois apresentou a sua renúncia formal ao cargo – encerrou os trabalhos de maneira sorrateira e inadequada", diz trecho da ação.
Vale lembrar que, à época, a reunião teve diversas polêmicas. Entre elas, o fato de como a votação foi feita, sem contagem oficial, mas no “olhômetro”, com os conselheiros levantando a mão e “dizendo sim” à aprovação. Ao aparecer no Salão Nobre Tricolor, o então presidente Peter Siemsen foi vaiado por conselheiros de oposição, mas, apesar de tudo isso, as contas foram aprovadas.
José Guisard, que era o presidente do Conselho Deliberativo quando o pleito aconteceu, teve dificuldade em manter a plenária em ordem e, após dar o resultado da votação sem a contabilização, também foi hostilizado. A justificativa de Guisard para não contar os votos foi de que foi decidido por uma votação simbólica e havia mais de 180 conselheiros. Em outubro do mesmo ano, Guisard renunciou ao cargo apontando problemas pessoais para a decisão.
"Na prática, a reunião convocada e seu objeto foram totalmente realizados somente no dia 08.06.2017, eis que os demonstrativos fiscais foram encaminhados aos conselheiros (regra do Estatuto) apenas 15 dias antes da citada data e ainda assim repletos de lacunas, dúvidas e incoerências.
Na véspera da reunião, os conselheiros foram surpreendidos pelo recebimento de comunicado oficial do clube - através de e-mail institucional do presidente do Conselho Deliberativo - com uma carta do ex-presidente Peter Siemsen
justificando a péssima gestão do ano de 2016, segundo ele, em virtude
da crise econômica do país e “pedindo”, na verdade quase “implorando”, a aprovação das contas em nome de tudo o que já tinha sido feito, seja lá o que isso significasse", aponta outro trecho.
Recentemente, o Fluminense atrasou a entrega do balanço referente à temporada de 2017, o que expôs o conturbado cenário político em que o clube se encontra. Uma das justificativas é que estava em curso uma revisão das contas de 2016. Na última semana, os documentos foram divulgados e houve um reajuste em relação às contas do ano retrasado: após tais análises, um superávit de R$ 8,342 milhões se transformou em um déficit de R$ 13,457 milhões.
Na última quinta-feira, cinco vice-presidentes do Fluminense de pastas importantes apresentaram carta de renúncia, todos eles eram ligados ao grupo “Unido e Forte”, que havia rompido com Abad, mas ainda fazia parte da gestão.
A carta de renúncia ao mandato foi assinada por Cacá Cardoso, vice-presidente Geral do clube, Diogo Valle Bueno, vice de Finanças, Miguel Pachá Junior, vice de Interesses Legais, Idel Halfen, vice de Marketing, Publicidade e Relações Externas, e Sandro Leonardo de Souza Hagen, vice de Governança.