A crise política e institucional em que o Fluminense se encontra será arrastada por mais algum tempo. A votação que poderia definir, pelo menos por enquanto, a situação do presidente Pedro Abad não aconteceu na última quinta-feira. Além disso, o atual mandatário quer convocar uma Assembleia Geral para ter novas eleições e deixar o comando do tricolor sem renúncia ou impedimento.
Nessa assembleia, além dos conselheiros, os sócios também votam. A intenção é de que a eleição antecipada seja apenas para presidente e vice, mas ainda não foi definido se seria algo com um mandato apenas até novembro de 2019, um de três anos ou até as eleições seguintes, previstas para novembro de 2022. Membros de dentro do tricolor acreditam que a ideia tem chances de ir para frente, mas salientam a necessidade de que o tempo de mandato seja o mais longo possível.
A medida por novas eleições tem a ver com Fernando Leite, presidente do Conselho, além de outras figuras da oposição que o atual mandatário critica abertamente. Inclusive, membros da situação e alguns opositores veem com bons olhos que não sejam esses nomes envolvidos na presidência do clube.
O que os interessados em um impeachment ou renúncia argumentam, porém, é que a assembleia vai contra o que manda o estatuto, que diz que as mudanças estatutárias passam a valer apenas no mandato seguinte para que não possa beneficiar o atual presidente. O que Abad argumenta, porém, é que o pleito não seria bom lata ele, apenas ajudaria a melhorar a situação do Fluminense.
- Eu não tenho apego ao cargo. Mais importante do que eu é a paz na instituição. Não irei renunciar ao meu cargo porque não vou deixar o clube na mão de quem não tem legitimidade para tal. Ainda mais que essas pessoas foram as que levaram o Fluminense para a Série C - disse Abad em coletiva.
Montagem do elenco de 2019
Além de aguardar o acerto com o treinador, o Fluminense ainda esbarrará em seus problemas internos para conseguir montar o elenco do futebol para a próxima temporada. Pedro Abad admitiu, em entrevista coletiva, que Fernando Diniz já aceitou o cargo sabendo de toda situação. No entanto, o andamento do planejamento também passa pela instabilidade no clube.
- Preciso dizer que essa ideia (de deixar o cargo) não é nova, já existe desde uma semana e meia antes do fim do Brasileiro. Conversei com o Fernando Diniz, falei que era uma chance muito forte. Mas que ao mesmo tempo eu tinha consultado possíveis novos presidentes e todos aceitaram o nome do Diniz. Ele sabia disso e veio. A montagem precisa passar pelo treinador. Ele tem um jogo muito específico. Atrasou um pouco, mas hoje já foi um dia de muito trabalho no CT. Vamos montar um elenco competitivo para 2019 - afirmou o atual presidente.
O cenário conturbado, porém, atrapalha o Fluminense na hora de negociar com possíveis reforços. Além do problema financeiro, que pesou muito no final da temporada, a incerteza sobre os rumos do clube afasta jogadores. Foi o caso de Marquinhos Gabriel e Moisés, que ouviram críticas pesadas ao Tricolor e deram para trás na transação.