‘Corremos riscos’: Atletas desabafam sobre Brasileirão atípico marcado por pandemia e sem torcida nos estádios
Com o fim do campeonato, temporada histórica de 2020 é assunto na premiação 'Bola de Prata', da ESPN. Principal ausência, segundo jogadores, é o público nas partidas
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A temporada do futebol brasileiro em 2020 será eternamente recordada por conta da pandemia de coronavírus. O campeão do Brasileirão foi o Flamengo, mas, fora de campo, os torcedores e os atletas não tinham muito para se comemora: com mais de 250 mil morte no país, e mais de dez milhões de casos confirmados no Brasil, o LANCE! mostra o que os jogadores acharam de um ano atípico para o futebol.
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2020 começou com estaduais e muitos torcedores apoiando nas arquibancadas. Um ano depois, o cenário é oposto: com menos receitas, estádios vazios e clubes desfalcados por conta da doença, o futebol brasileiro ainda precisou ser paralisado. Entre março e julho, a principal competição foi travada até que os casos de Covid-19 abaixassem.
"Foi um ano muito difícil para todos nós. Muitas perdas, famílias..."
Sem redução nos números de mortos por conta do coronavírus, a CBF definiu retornar as partidas após pressão de alguns clubes - que se preocupavam principalmente com as questões financeiras - com rígidos protocolos sanitários. Treinamentos, viagens e rotina eram monitorados por especialistas e a cultura do distanciamento foi introduzida nas partidas.
- Foi uma temporada atípica, né? São vários fatores, corremos o risco de sermos contaminados, foram muitas viagens. Às vezes a gente tem muito contato, porque, nos aviões, temo muito contato com outras pessoas - afirmou o atacante do São Paulo Luciano, um dos artilheiros do Brasileirão, ao lado de Claudinho, com 18 gols.
Diversos casos afetaram atletas pelo Brasil e aglomerações foram causadas por torcidas. Com o Campeonato Brasileiro expandido para 2021, jogadores e torcedores seguiram ansiosos pelo desfecho da temporada que será lembrada por casos como Goiás x São Paulo - jogo adiado por conta de dez jogadores do clube goiano infectados antes da partida, no dia 9 de agosto de 2020.
Na premiação do Brasileiro da ESPN Brasil, o "Bola de Prata", Guilherme Arana, do Atlético-MG, Edenílson, do Internacional, Gerson, do Flamengo, e Luciano, do São Paulo, contaram como foi conviver com o risco de pegar a doença e entrar em campo sabendo do contexto fora dos gramados. Segundo eles, a principal diferença foi atuar sem a gritaria dos torcedores.
- A gente fica triste por passar por essa situação que o mundo está passando. Infelizmente. Se Deus quiser, logo vai passar. Tive o privilégio de jogar com o estádio cheio no Campeonato Mineiro e vi que a energia da nossa torcida. Tenho certeza que eles iriam nos incentivar muito nessa temporada - contou o lateral Arana, que concluiu:
- É uma questão de segurança e temos que nos cuidar. Somos trabalhadores e temos que nos acostumar com o que o mundo está vivendo. Então, dentro de campo, damos o nosso melhor independente se a torcida está ou não, procuramos a vitória.
O volante Gerson, vencedor do prêmio na posição, reforçou a ausência que a torcida do Flamengo fez nas partidas. Para ele, embora o clube tenha saído vencedor na temporada, o apoio dos torcedores no Maracanã fez a diferença.
Luciano, do São Paulo, eleito o melhor atacante da temporada, fez questão de separar desempenho em campo com pandemia.
- Tivemos poucos jogadores contaminados. Isso é um fato que temo que agradecer a Deus e aos doutores do São Paulo. Mas, acho que a pandemia não teve a ver com a queda de rendimento do São Paulo no Brasileirão - falou Luciano.
Vice-colocado com o Internacional, Edenílson foi eleito como referência no meio de campo da seleção do "Bola de Prata". Em entrevista, ele declarou que foi diferente conviver com um ano sem torcedores reunidos nos estádios, afinal, mesmo jogando em casa ou fora, ele acredita que a presença das pessoas faz diferença.
- Foi um ano muito difícil para todos nós. Muitas perdas, famílias... Coisas muito graves aconteceram. O futebol sofreu muitas mudanças. A gente praticamente fez duas pré-temporadas, teve o Campeonato interrompido, mas, com toda a segurança, voltamos e concluímos com sucesso.
Grande parte dos estaduais começam em março, poucos dias após o fim do Brasileirão. Por enquanto, a CBF reconhece que as partidas seguirão na temporada 2021 mantendo os mesmo protocolos e a expectativa é que a vacinação auxilie o retorno dos torcedores às arquibancadas. A previsão é que o principal campeonato nacional comece em 30 de maio.
*sob supervisão de Ricardo Guimarães
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