‘Eles ganharam troféu e eu ganho um caixão’, diz pai de jovem que morreu em incêndio no CT do Flamengo
Familiares das vítimas estiveram no programa 'Encontro' e afirmaram não terem sido procurados mais pelos advogados do clube. Eles classificam como 'descaso' dos dirigentes
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Prestes a completar um ano do trágico incêndio no Ninho do Urubu, os familiares de dois jovens atletas do Flamengo que morreram em fevereiro de 2019 resolveram desabafar sobre o que chamaram de "descaso" do clube aos parentes das vítimas. Eles cobraram uma satisfação dos dirigentes, em entrevista ao "Encontro", atração da jornalista Fátima Bernardes.
- Descaso! Meu filho morreu no dia 8, sabe o dia que eu fiquei sabendo que meu filho faleceu? Quando eu vi na Globo. O gigante Flamengo tinha que tomar conta do meu filho. Eles ganharam troféu e eu ganho um caixão. Eu não tive o prazer de me despedir do meu filho - afirmou o pai do jovem Pablo Henrique, de 14 anos.
- Seu Rodolfo Landim. Você tem filho? Coloca a cabeça para dormir? Tem um ano que não durmo sem remédio. Vocês sabem o preço de uma vida! Quando descobrirem o valor da vida do seu filho, saberá o valor do meu filho... Vocês vão nos enrolar e dinheiro algum paga a vida do meu filho - declarou ele, emocionado, e concluiu:
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#Encontro MANOO OLHA O DESABAFO DESSE PAI!!!! pic.twitter.com/WxQLwqEFR9
— @WillScaglioni (@WillScaglioni) February 5, 2020
- 'Nós estamos dando apoio aos familiares'. Nunca recebi uma ligação do Flamengo. Os advogados do Flamengo não me procuraram para nada - concluiu ele.
Outra familiar presente, a mãe de Arthur Vinícius, aos 15 anos, também afirmou em entrevista na manhã desta quarta-feira estar com um sentimento de abandono. O filho dela foi vítima junto de outros nove jovens que faleceram em um incêndio nas instalações do clube.
- Eles nem sabiam o nome do meu filho. Me entregaram uma camisa do jogo contra o Fluminense. Me sinto abandonada. A advogada me ligava. Depois de um tempo nunca mais me ligou. A família passou a ser uma dívida ao Flamengo. O presidente dá uma entrevista e não recebe os repórteres - disse a mãe do atleta morto no Ninho, que finalizou:
- 'Não saberíamos se eles seriam profissionais'. Nunca saberemos, eles foram tirados da gente. As pessoas acham que queremos milhões. Nenhum dinheiro vai trazer nossos filhos de volta. Nenhum dinheiro vai pagar a morte do meu filho - concluiu ela.
Em vídeo publicado no YouTube nesta semana, o presidente Rodolfo Landim declarou que é "impossível dizer o prazo (para os acordos com os familiares). A gente pode dizer que está aberto para que esses acordos venham a ocorrer. Isso depende não só do Flamengo". O clube ainda não fechou o acordo com todos os familiares.
O incêndio de grandes proporções atingiu o Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019. O Corpo de Bombeiros foi chamado às 5h17 e informou que 10 pessoas morreram, todos jogadores da base do clube entre 14 e 16 anos. Três jovens entre 14 e 15 anos também ficaram feridos.
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