Sonho da família, reencontro com Abel e títulos: Edinho relembra trajetória no Fluminense
Campeão carioca e brasileiro com a camisa tricolor, volante foi o convidado do 'De casa com o L!' nesta última terça-feira
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Após brilhar pelo Internacional e ter a experiência de jogar no futebol europeu, Edinho desembarcou no Rio de Janeiro em 2011 para começar a escrever a sua história no Fluminense. Convidado do programa 'De casa com o L!' desta última terça-feira, o volante relembrou a passagem pelas Laranjeiras, onde conquistou os campeonatos Carioca e Brasileiro de 2012.
Natural de Araruama, no Rio de Janeiro, Edinho começou a carreira na base do Boavista. Após a passagem pelo Internacional e breves experiências na Itália e no Palmeiras, o volante chegou nas Laranjeiras em 2011 e ficou até 2013. Ao L!, ele relembrou que o avô era tricolor fanático e que teve uma 'pressão familiar' para jogar no clube, mas lamentou a morte do avô antes da oportunidade.
- O meu avô era tricolor doente. Ia para o Maracanã de terno e chapéu. Meu pai brincava: "Agora que virou jogador, dá seu jeito, vai ter de jogar no Fluminense, nem que seja de graça". Meu avô faleceu e não conseguiu ver minha passagem no Fluminense, mas meu pai pegou. Fiz uma história linda - relembrou.
Ao longo da carreira, Edinho teve uma ligação especial com dois técnicos que ele lembrou com muito carinho. Em 2003, subiu para o profissional do Inter a pedido de Muricy Ramalho. Foi justamente ele que o levou para o Palmeiras e Fluminense. Porém, teve pouco tempo para aproveitá-lo nas duas ocasiões, em 2010 e 2011, respectivamente.
- Cheguei no Palmeiras e o Muricy saiu. Cheguei no Fluminense e ele saiu. Eu falava: "Professor, não me leva para outro lugar não porque tem alguma coisa errada aí". Tenho um carinho muito especial pelo Muricy. Acho que não teve um cara no futebol que ele mais xingou na vida do que eu, mas o auxiliar dizia que ele reclamava com quem ele gostava - contou.
Reencontro com Abel, volta por cima e títulos
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Com a saída de Muricy, o Fluminense contratou Abel Braga para ocupar o lugar. Entretanto, o clube precisou esperar três meses para assinar com o treinador e, com isso, se comprometeu na Libertadores. Edinho reencontrou o comandante que conquistou a Libertadores e Mundial de 2006, e relembrou a conversa na sua chegada nas Laranjeiras.
"Uma das grandes virtudes do Abel é sobre gerir pessoas. Ele lidava muito bem com o grupo e tem um coração muito grande"
- Esperamos o Abel por três meses. Quando ele chegou, conversamos e falei que estávamos juntos mais uma vez para fazer história - disse Edinho.
- Sou muito fã desse cara. No futebol tem 30 jogadores num elenco e todos eles acham que tem condição de ser titular. É claro que tem um ou outro que é diferenciado e fora de série, mas o reserva desse cara acha que tem condição de ser titular e se acha melhor. A importância do treinador não é só ser conhecedor da parte tática e técnica, mas também gerir pessoas. E uma das grandes virtudes do Abel é sobre gerir pessoas. Ele lidava muito bem com o grupo e tem um coração muito grande - completou o volante.
No Internacional, o título do Campeonato Brasileiro escapou duas vezes, mas o volante teve a oportunidade de levantar o troféu pela primeira e, até então, a única vez na carreira, com a camisa do Fluminense. Em 2012, o Tricolor fez uma campanha brilhante e conquistou o título com três rodadas de antecedência. Para Edinho, o diferencial foi a campanha fora de casa.
- Antes de começar o campeonato, costumam trabalhar muito com números e estipulam números de vitórias dentro e fora de casa para tentar ser campeão. Mas na prática isso é muito difícil. Joguei bastantes jogos de Brasileiro e a maior dificuldade sempre foi nos jogos fora de casa. Mas no Fluminense, não. Nós conseguíamos ganhar em casa e fora. Às vezes, empatava em casa e ganhava fora. O diferencial era isso - declarou.
De rivais a companheiros: a relação com Deco
Em 2006, Edinho e Deco foram adversários na final do Mundial de Clubes. Já a partir de 2011, se tornaram companheiros e atuaram juntos nas campanhas dos títulos Carioca e Brasileiro de 2012. No reencontro, no entanto, o volante fez questão de relembrar a conquista sobre o Barcelona, e brincar com o luso-brasileiro.
- Eu brincava com o Deco: “Não deu lá, né?”. E ele respondia: “Para, ninguém lá dava importância para esse campeonato”. E eu dizia: “Perdeu ninguém dá importância” (risos) - disse o volante.
- Lógico que o Deco queria ganhar. Os europeus não davam tanta importância, hoje dão até mais, mas ele queria ganhar sim - completou.
Por atuar ao lado de Deco, o volante acabava sendo alvo de críticas por parte da torcida. Em conversas com o companheiro luso-brasileiro, descobriram a fórmula de crescerem juntos e evitarem as críticas. Edinho revelou que o camisa 20 pedia para jogarem próximos e diminuir o risco do erro.
- Eu era muito contestado pela torcida no Fluminense. Mas como não vai ser contestado? Os torcedores queriam que todos fossem um Deco ou Thiago Neves da vida. Não tinha como ser igual aqueles caras. Na minha posição tem que ser um "brucutu", o carregador de piano... Eu lembro que o Deco falava para dar passe perto e que meu negócio era marcar e roubar bola, para ficar perto dele que, caso ele perdesse a bola, eu roubava - contou.
Do céu ao inferno: a crise em 2013
Em 2012, o Fluminense viveu um ano mágico com as conquistas do Carioca e Brasileirão. Os tricolores começaram a temporada seguinte confiantes e com sonho de vencer a Libertadores pela primeira vez na história, mas o sonho virou pesadelo em alguns meses.
Brigas internas, vendas de jogadores, aposentadoria do Deco, demissões de treinadores e lesões... O ano teve de tudo para os tricolores, menos o futebol que ficou em segundo plano. Com tantas dificuldades, o clube ainda quase acabou rebaixado, mas escapou da segunda divisão.
- Foi um ano pesado. Aconteceram muitas coisas. Foi um ano que todo mundo era vaiado. Quando a cobrança é maior, o cara treina mais e foca mais. Não tem segredo. Quem trabalha corretamente, numa equipe que paga em dia, a chance de sucesso é muito grande - destacou o volante, que tentou tirar lições da situação.
- É difícil nomear um problema só. Toda reformulação é difícil. Tem grupos que certas peças se encaixam melhor e outros demoram mais. Foi um ano difícil, mas de muito amadurecimento. Todo jogador passa por essas situações - finalizou o jogador.
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*Estagiário sob supervisão de Tadeu Rocha
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