Neste domingo (7), o mundo contemplará mais um Super Bowl. A grande decisão da NFL, a liga de futebol americano, chega à edição de número 55 ganhando ainda mais admiradores fora de seu próprio território tradicional, os Estados Unidos. O Brasil, terceiro mercado que mais consome a liga, atrás dos norte-americanos e mexicanos, é um dos celeiros desse crescimento. E grande parte desse desenvolvimento registrado nos últimos anos se deve ao trabalho da ESPN, a emissora oficial da liga no país.
São pouco mais de 90 jogos por temporada, em um pacote que inclui partidas nas quintas, domingos e segundas, além da fase aguda da competição, com a transmissão de todos os duelos dos Playoffs e a cereja do bolo, o Super Bowl. Para a edição deste ano, que vai colocar frente a frente Tampa Bay Buccaneers e Kansas City Chiefs, Tom Brady versus Patrick Mahomes, em duelo que acontece em Tampa, na Flórida, uma nova voz tomará conta dos microfones e formará a dupla ao lado de Paulo Antunes. Trata-se de Fernando Nardini. Na emissora desde 2012, o repórter, que começou sua trajetória na Bandeirantes ao lado de lendas como Luciano do Valle nos Jogos Olímpicos de Sydney, foi, aos poucos, ganhando espaço como narrador, recebendo oportunidades em sua antiga casa, a Record, quando foi convocado para narrar uma edição de Jogos Olímpicos de Inverno.
Surpresa e responsabiidade
Na ESPN, o profissional atingiu sua consagração, narrando grandes eventos, como o Australian Open, US Open e vários outros, até um dos principais atrativos da casa, o Super Bowl. Ele substitui Everaldo Marques, que narrou o evento por várias temporadas e acumulou 15 anos de ESPN até assinar com o SporTV. Fernando Nardini foi entrevistado pelo Lance! e contou como recebeu a notícia de que narraria o Super Bowl 55.
- Eu recebi com muita surpresa porque, como eu tenho dito, o nível de entrega é muito alto na NFL, o pessoal ali, na ESPN, além de bons profissionais, são verdadeiros apaixonados pela modalidade e que se dedicam a buscar todo o conhecimento possível para levar ao nosso público. Eu sou muito grato pela oportunidade, e também sou muito sortudo ao se classificarem para uma decisão dois jogadores como Patrick Mahomes e Tom Brady. Esta é uma final que promete ser demais, é sem dúvidas o encontro entre o jogador que é maior de todos os tempos contra aquele com o maior potencial de superá-lo. Fiquei muito surpreso quando recebi a escala, é uma responsabilidade gigantesca, ainda mais com as pessoas acostumadas ao Evê (Everaldo Marques). Longe de mim me considerar um substituto, mas espero que todos se divirtam - declarou Nardini, em entrevista ao Lance!.
- O Everaldo (Marques) sempre me ajudou desde que cheguei na ESPN, sempre me deu muitos atalhos, e sempre foi um cara a quem recorri. Ele me ajudou e ainda me ajuda. Se ele encontra algo sobre o jogo, alguma informação, ele já me encaminha. É um profissional sem palavras, um amigo do peito, muito generoso que ajudou e continua ajudando, direta ou indiretamente. Aqui, na ESPN, nós estamos com muitas pessoas com esse perfil, pessoas que te provocam, que te motivam a fazer o melhor. Tenho sempre várias conversas, com o (Anthony) Curti, o Paulo (Mancha), o Ari Aguiar, eu assisto hoje a NFL mais do que nunca porque eu aprendo demais. Cada um tem um nível de experiência, e é muito legal você assistir pegando um pouco do conhecimento que cada um possui - reforçou Nardini.
Experiência in loco com a NFL
Durante a temporada 2019 da NFL, Nardini já começou a ensaiar aquele que seria seu caminho, digamos, natural. Como repórter, ele foi escalado para cobrir o Kansas City Chiefs in loco e pode acompanhar de perto o time comandado por Mahomes na final da AFC (a Conferência Americana) e também no Super Bowl 54, em Miami. Nardini viveu todo o sentimento da cidade de Kansas City, que aguardava o título após 50 anos de seca. Aquele contato foi recordado pelo narrador, que neste domingo fará sua estreia como voz do Super Bowl.
- Aquilo lá não tem preço, aquela experiência de final de conferência foi uma das melhores coisas que me aconteceram na carreira. Sou muito grato pela oportunidade, principalmente na final de conferência, você viver a cidade, uma cidade que não é grande, e ver de perto a verdadeira devoção que eles têm pelo time foi realmente algo especial - relatou o narrador, que recordou também os primeiros contatos que teve com o futebol americano.
- Acompanho a NFL desde sempre, de ver na Band com o Luciano do Valle trazendo aquela novidade para o Brasil e exibindo no Show do Esporte da emissora. E isso aumentou ainda mais desde que cheguei na ESPN, quando passei a narrar. Obviamente, quando se assume uma função como essa, de narrar uma partida da NFL, eu passei a estar mais por dentro do jogo, a me informar mais, porque, como eu disse, a entrega é tão grande de todos que estão aqui que isso te puxa pra cima, eu quero ser um cara que conversa no mesmo tom com todos que estão aqui, mostrando o conhecimento sobre o esporte - salientou Nardini.
As referências
A carreira de narrador de Nardini aconteceu de uma forma gradual, inspirado em grandes nomes da narração nacional. E é com essa bagagem e uma longa estrada ainda pela frente, que ele se apresenta para o Super Bowl 55 buscando honrar os mestres que estiveram ao seu redor.
- A narração aonteceu de uma maneira tão repentina pra mim. Eu topei com tanta desconfiança, lembro que meu primeiro evento de narração foi a Olimpíada de Inverno, em Vancouver, na Record News. Me perguntaram se eu topava e disse que sim. Eu tive o privilégio de trabalhar com o Luciano do Valle em uma Olimpíada, aquilo dali, em 2000, foi o sonho da minha vida. Essa é a primeira grande inspiração que eu tenho, o Luciano do Valle. E, conforme, você vai convivendo mais com as pessoas, você vai ganhando outras referências. O Galvão é genial, eu adorava o Oliveira Andrade e mais recentemente o Milton Leito. Para falar de ESPN tenho o privilégio de trabalhar com inspirações como o Rômulo (Mendonça), com suas rápidas sacadas, o Ari (Aguiar), que é capaz do improviso, e de cada um você absorve e admira alguma coisa - pontua Fernando Nardini.
A importância da ESPN para o futebol americano no Brasil
Uma estimativa recente da Confederação Brasileira de Futebol Americano destacou que existam cerca de 440 times da modalidade, divididas em várias vertentes, como full pads, no pads, flag, masculino e feminino, por todo o Brasil. O número é impressionante, tendo em vista que o futebol americano é um esporte de histórico recente no país. Muito desse trabalho de afirmação da bola oval, como falado, passou pela infuência da ESPN, que investe na modalidade há bastante tempo e cada nova temporada vem registrando recordes para a TV paga com a modalidade.
- Ninguém passa tanto jogo fora dos Estados Unidos como o Brasil faz, e isso ajuda a difundir o esporte. Eu acho que, sem qualquer modéstia, isso é um grande feto da ESPN. Isso não diz a respeito a mim, porém a ESPN tem muitos méritos na difusão da NFL, é pessoal que está fazendo transmissões da liga há muitos anos, e isso, como destaquei, é fundamental para difundir a modalidade. O produto dá ótimas audiências, traz patrocínios para a ESPN, a NFL é sempre um direito de bastante destaque na casa, uma propriedade muito bem vendida, e é um verdadeiro 'case' de sucesso. E quem está aqui, faz isso por paixão, e conta com verdadeiros devotos da bola oval que estão nas redes sociais e nos mais variados cantos nos acompanhando. Esse sucesso também tem outros membros, como a Band, lá atrás tinha o Esporte Interativo, e isso tem sido muito cultivado por nós, da ESPN - analisou Nardini.
Preparação especial para um Super Bowl?
Se a ansiedade pelo grande jogo toma conta dos torcedores, imagina para o responsável por narrar o evento para todo o Brasil? Nardini comentou sobre a preparação que vem fazendo para chegar afiado para o Super Bowl 55.
- Tem perfis de pessoas que se dedicam a um time. Às vezes, eles têm mais informações que nós, porque eu não vivo só da NFL, gostaria, mas eu divido minhas obrigações na emissora com outras modalidades e responsabilidades. Essas pessoas têm essa informação porque estão acompanhando o dia a dia das equipes. Eu leio tudo que aparece na minha frente, artigos, matérias, dados. Essa semana, sem jogos, dá um respiro a mais para fazer isso, e a ESPN matriz nos passa um compilado gigantesco de informações para o dia do jogo. Acho que o maior desafio dentre desse mundo de detalhes e estatísticas, é achar a coisa certa na hora que precisa. Você vai se cercando de todos os lados. O (Anthony) Curti, por exemplo, me mandou uma coluna do ProFootball Talk, com todos os confrontos legais que vão acontecer. É assim, vamos contando com os amigos e com as nossas pesquisas para levar a melhor transmissão para o nosso telespectador - ressaltou o narrador.
E narrador fica em cima do muro ou dá para falar um favorito?
Fernando Nardini, claro, foi questionado sobre a pergunta que todos nós estamos fazendo. Quem leva o Super Bowl 55? O narrador também pode apostar em um vencedor?
- Eu acho que preparados os dois estão. Eles têm pequenos problemas de lesões, talvez Kansas perca um pouco mais nesse quesito. Porém, ainda assim, olhando a fnal da Confeferência Americana, eu acho que esse time (Kansas City Chiefs) chega de novo muito forte para o Super Bowl, é favorito por muito pouco, como eu falo 'por um cabelo', porque do outro lado tem uma lenda chamada Tom Brady, uma entidade que você não pode duvidar, é o décimo Super Bowl que o cara vai jogar, não se descarta um jogador desse calibre - alerta o narrador da ESPN.
Decisão sobre o narrador do Super Bowl
Por muitos anos, Rômulo Mendonça foi o narrador do Super Bowl nas telonas, em promoções que a ESPN fazia com as redes de cinema para a exibição do grande jogo. Quando Everaldo Marques deixou a ESPN, muito se falou que Rômulo Mendonça seria o substituto natural, inclusive no grande jogo. Mas a ESPN optou por Nardini, que também acumulou uma série de jogos no primetime, ou seja, o horário nobre da NFL nesta temporada, a primeira que o narrador encarou da liga da semana 1 a 17 e também os jogos de Playoffs. Fernando explicou um pouco dos bastidores da decisão tomada pela direção da ESPN, que desde o princípio estabeleceu que Everaldo Marques não teria um substituto, mas todos os narradores da emissora na modalidade fariam um revezamento na cobertura da NFL.
- Não houve uma conversa (sobre substituto) quando o Everaldo (Marques) saiu. Na minha conversa de renovação com a ESPN, o que ficou estabelecido é que não existiria um substituto do Everaldo, e eu concordei com aquela decisão porque não achava que tinha que ser uma pessoa fixa, não achava que deveria existir essa pessoa. Eu e o Ari (Aguiar) revezamos muito nos jogos do primetime, fazendo companhia para o Paulo Antunes. E quanto ao Rômulo, ele é um cara mais dedicado à NBA, que tem criado essa identificação com a liga, e cara, ele tem sido um sucesso e também faz a NFL há muito tempo. Essa conversa formal não houve, houve a comunicação que não existiria esse substituto, Isso foi muito mais saudável e, ao meu ver, foi um forma justa de gerir um grupo de pessoas - declarou Nardini ao Lance!.
O companheiro de Paulo Antunes
Paulo Antunes, a face mais conhecida dos comentaristas de NFL da ESPN, ganhou a companhia de Nardini no Super Bowl. Uma experiência bastante diferente os aguarda, com os desafios de uma transmissão remota devido à pandemia. Vale lembrar que Antunes está nos Estados Unidos, na Flórida. Ao Lance!, Nardini comentou sobre a parceria com Antunes, afiada em transmissões desta temporada.
- Isso foi uma coisa que aconteceu naturalmente. Eu nunca tinha feito tantos jogos ao lado do Antunes exatamente devido a essa dupla solidificada com o Everaldo. Talvez tenha sido uns dois ou três jogos, mas nesta temporada a coisa foi acontecendo de forma natural e tivemos mais oportunidades. Eu acredito em uma transmissão mais conversada, em algo mais dividido, em um comentaristas que procure provocar, no bom sentido, o narrador há algo mais conversado. Talvez chamar uma dúvida do cara em casa, uma pergunta. E o Paulo Antunes tem muito conhecimento, sabe esses atalhos. Ele é um cara engraçado e essa conexão nossa aconteceu naturalmente. Temos tido uma ótima repercussão e esperamos fazer um grande Super Bowl - finalizou Nardini.