FABR pelo Mundo: confira a trajetória de Andréa Gouvêa no futebol americano da Suécia
Brasileira está no time sueco desde 2021 e abriu a porta para compatriotas
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Nos últimos 13 anos, a vida de Andréa Gouvêa foi marcada por mudanças. Primeiro, de São Paulo para Manaus e, depois, da capital do Amazonas para a Suécia. Mas uma das constantes nesta equação de alteração de endereços foi o futebol americano. Desde 2021, a brasileira defende Limhamn Griffins, que fica no Sul do país escandinavo e na divisa com a Dinamarca.
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Se hoje Andréa Gouvêa é center do atual quarto colocado do Campeonato Sueco de Futebol Americano Feminino, a trajetória dela no esporte da bola oval começou no flag football. Com histórico em artes marciais – judô, taekwondo e capoeira – ela iniciou no flag football influenciada por um amigo, que a informou sobre times femininos na capital paulista. No Brasil, ela passou por Locomotives, São Paulo Storm, Carcamanos, Manaus Raptors e Guerreiras do Amazonas. Ela conquistou alguns títulos estaduais e brasileiro no flag football.
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Em contato com a Valinor Conteúdo, Andréa Gouvêa detalhou sua paixão por esportes e o começo no flag football.
- Eu sempre adorei esportes de contato, já havia praticado judô, taekwondo e capoeira, mas durante a faculdade passei por uma grande pausa esportiva. Um amigo começou a jogar e disse que existiam times femininos em São Paulo. Então, em 2010, iniciei na modalidade flag 8x8, em que tínhamos contato reduzido. Nesta época, joguei como center e guard, pelo meu tamanho e histórico de esportes, as posições foram as que naturalmente se encaixavam melhor – afirmou.
- Os campeonatos femininos de 8x8 foram extintos dando lugar a modalidade flag 5x5 e decidi continuar jogando. Joguei no Palmeiras Locomotives, São Paulo Storm, Carcamanos e, quando me mudei para Manaus em 2017, joguei no Manaus Raptors e Guerreiras do Amazonas. O flag (football) me fez muito feliz e nele conquistei campeonatos estaduais e um brasileiro e também ganhei uma base sólida – completou.
Apesar dessa trajetória, Andréa Gouvêa só foi jogar a modalidade de contato físico (full pads) na Suécia.
- Não cheguei a ter a oportunidade de jogar Futebol Americano no Brasil, pois quando os times do sul começaram a ficar mais estruturados e os campeonatos surgiram, eu havia me mudado para o Norte do país. Quando me mudei para Suécia em 2020, comecei a procurar por um time de flag football, mas achei somente o time de futebol americano e lá iniciei como center. Não importa se é no futebol americano ou no flag football, esse esporte faz parte da minha vida e continuarei me adaptando a ele onde eu estiver – destacou.
A mudança para a Suécia aconteceu em 2020 em função de uma oportunidade de trabalho do marido dela. Por estar no período da pandemia da covid-19, os campeonatos no país escandinavo estão paralisados.
- Quando cheguei (na Suécia), os campeonatos e treinos de flag football e futebol americano estavam parados pela pandemia. Em 2021, com a vacinação, os campeonatos retornaram. Eu não pensava em retornar a jogar, pois estava focada na minha adaptação no país, à procura de emprego, aprendendo uma nova língua e etc. Mas, um post patrocinado do Limhamn Griffins me encontrou. Fui a um treino, me senti viva novamente e desde então não larguei o time. Jogo como center e participei das temporadas de 2020/2021 e estamos em temporada agora em 2022. Quando comecei o elenco era de 11 pessoas para jogar 9x9 e foi muito sofrido. Com muito trabalho de divulgação em comunidades de imigrantes e estudantes da região hoje contamos com um elenco total de 26 pessoas jogadoras, com 6 nacionalidades diferentes e muito potencial para os próximos anos – ressaltou.
Primeiro ano difícil e evolução
Mas nem tudo foram flores para Andréa Gouvêa na Suécia. No primeiro campeonato disputado após a paralisação, o Limhamn Griffins perdeu quase todos os jogos no Campeonato Nacional. Mas, logo na sequência, o time evoluiu e conseguiu um bom resultado na Copa Griffins – finalizando a competição em terceiro lugar. Na atual temporada do Campeonato Sueco, o time da brasileira – que recebeu o reforço de outras três compatriotas – está na quarta colocação com um recorde de 2 vitórias em três jogos. A competição reúne oito equipes.
- Nosso time se estruturou mais em 2021, mas ficamos na última posição da divisão nacional feminina, ganhando apenas um jogo. Pegamos um elenco em que apenas quatro jogadoras tinham experiência e isso contou muito. Com esse resultado negativo, o time se motivou muito e nos meses seguintes trabalhamos demais. Na Copa Griffins, um campeonato anual onde convidados vários times da Europa, ficamos em terceiro lugar. Foi uma evolução rápida para poucos meses. Na atual temporada, estamos com uma derrota e duas vitórias e ainda temos quatro jogos pela frente. Vamos batalhar para chegarmos aos playoffs. Não tem sido fácil arrumar o time, pois temos jogo todos os finais de semana, então o tempo de ajuste é pequeno. Continuamos evoluindo e orgulhosos de cada conquista – explicou.
Outra importância do futebol americano para Andréa Gouvêa foi que ele a ajudou a encontrar trabalho na Suécia. Por indicação da esposa de uma colega de time, ela conseguiu atuar no marketing de uma empresa de e-commerce.
- Trabalho em um e-commerce de roupas na parte de organização de marketing e página de produtos. A indicação para a vaga veio de uma esposa de uma jogadora do time, que trabalhava na empresa e me indicou. Para conseguir emprego na Suécia, a indicação é muito valorizada. Graças ao futebol americano eu também consegui o trabalho – salientou.
Depois da chegada de Andréa Gouvêa, o time sueco recebeu outras três brasileiras: Lorrayne Cristina (de Minas Gerais), Bárbara Ozzioli (de São Paulo) e Sabrina Maia - que é filha de pais brasileiros, mas nascida na Holanda. A equipe também tem jogadoras da Alemanha, Polônia, Suíça, Dinamarca e, evidentemente, da Suécia.
Sonho em defender a amarelinha
Com mais de uma década de dedicação ao esporte da bola oval, Andréa Gouvêa foi questionada se tem o sonho de defender o Brasil Onças, a seleção brasileira da modalidade. A jogador disse que esse seria a maior realização da sua carreira. Ela disse que acompanhou o primeiro jogo do selecionado brasileiro em março passado, quando a equipe verde e amarela superou um selecionado de uma liga norte-americana.
- Uma convocação seria a maior realização de todos esses anos no esporte. Mas, também sou bem realista que essas chances são pequenas já que não jogo os campeonatos nacionais e que sou uma atleta prestes a completar 36 anos. Tenho trabalhado nos meus highlights e na minha evolução como jogadora. Acredito que hoje o Brasil está muito bem representado na seleção. Fiquei morrendo de orgulho da estreia e assisti ao jogo vibrando cada segundo. Cada evolução no esporte no Brasil enche meu peito de orgulho – afirmou.
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