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Ex-goleiro Aranha não acredita em mobilização de atletas no Brasil como na NFL e NBA; veja as razões

Para ex-atleta, realidade do racismo nos países é bem diferente

Aranha - Palmeiras
imagem cameraAranha passou por grandes clubes do futebol brasileiro e hoje também é colunista (Foto: Ale Cabral/Lancepress!)
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Lance!
Belo Horizonte (MG)
Dia 03/10/2020
02:00
Atualizado em 03/10/2020
09:34

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O ex-goleiro Aranha, hoje colunista, participou nessa quinta-feira de uma live do 'Esporte e Raça', um perfil no Instagram destinado à discussão sobre o negro no ambiente esportivo, bem como uma plataforma de ações afirmativas para a valorização dos atletas negros. Durante a entrevista, ele apontou que não acredita em mobilizações de atletas no Brasil com bandeiras semelhantes às que têm sido propostas na NFL e NBA, onde uma forte discussão e declarações contra o racismo institucional na sociedade norte-americana têm sido o cerne das ações de atletas e também das franquias.  

Desde 2014, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol monitora casos de discriminação no esporte. Em 2018, no último relatório disponível, de 79 ofensas, 52 foram de cunho racial, o que reforça a necessidade de discussão sobre a presença de injúrias no esporte mais praticado do país.

- Não, por dois motivos. Primeiro, o racismo nos Estados Unidos sempre se manifestou por meio de leis. O racismo lá era assegurado por lei. Um caso totalmente diferente do Brasil -  apontou o ex-goleiro. 

- No nosso país, é muito mais perigoso porque o racismo se manifesta por costume, o que o pessoal chama de racismo velado. Então, se por lei, os negros têm que ficar em pé e na parte de trás de um ônibus, já está declarado ali o racismo. Se você se sentou ali na parte da frente, é um racista e está tudo bem porque a lei te dava esse direito. No Brasil, isso acontecia por costume. Então uma pessoa branca que entrava dentro de um ônibus [...] você não sabia se era uma pessoa racista, se não é, se é uma pessoa simpatizante ou não, e a pessoa conseguia se esconder - observou Aranha.

- No momento que você sente confortável e seguro, você vai lá e coloca seu racismo para fora, por meio de uma injúria, por meio de um ato racista. E quando você não está seguro, confortável, cercado dos seus, você se passa por simpatizante, você se passa por um cara que não leva para o lado do racismo - acrescentou o ex-goleiro. 

O segundo ponto destacado por Aranha foi relacionado à questão contratual que envolve os atletas norte-americanos, além do amparado educacional que os esportistas recebem. 

- No Brasil é muito mais difícil. Pontuo a questão econômica. Enquanto a minoria dos jogadores do futebol brasileiro, menos de 1%, ganham um dinheirão para ficar rico e poder falar o que querem, fazer o que quiserem, lá na NFL, na NBA, é totalmente o contrário. Eles possuem contratos milionários. Eles podem chegar lá e falarem o que quiserem. Se ele for mandado embora ou nenhum time quiser contratá-lo, o jogador pode seguir rico, vai mexer com outras coisas, além de uma outra situação importante. Para você chegar em um nível assim (de atleta profissional), você tem que passar em uma universidade por lá, tem um auxílio educacional, um suporte, um plano B. É uma segurança - analisou Aranha. 

O ex-goleiro revelou também na live que já finalizou seu primeiro livro. Ele deverá ser lançado no começo do ano que vem. A publicação já foi encaminhada à editora, que agora fará os ajustes para o lançamento. Aranha se aposentou do futebol no fim do ano passado. 

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