‘NFL da Zueira’: o sucesso e quem são os personagens por trás da maior página de humor da bola oval do Brasil

• Copiar Link

Mais de 21 mil seguidores no Twitter. Outros mais de 100 mil no Instagram. Grupos com milhares de assíduos fãs da bola oval no Facebook e no WhatsApp. Essa é a 'NFL da Zueira', a presença mais bem humorada da liga norte-americana nas redes sociais brasileiras. O Lance! foi atrás de um dos nomes que está por trás da página que não deixa a zueira morrer de Super Bowl a Super Bowl, e descobriu uma história de amigos, visão, empreendedorismo e muita vontade de transformar o futebol americano em um esporte totalmente acessível, por meio de uma linguagem que se vale do humor para arrancar aquele sorriso e também reflexão.

Eles já foram até chamados de 'Desimpedidos da NFL', mas esse grupo de amigos, liderado pelo empresário Lucyen Christyen, de 25 anos, tem a originalidade que a bola oval pede e vem colhendo frutos de uma história que começa lá em 2013. Voltemos no tempo.

- A 'NFL da Zueira' foi criada em dezembro de 2013. A página não foi criada por mim (Lucyen), mas sim por dois amigos em Juiz de Fora, dentre eles o João Gabriel Vale, que ainda hoje é sócio-administrador da NDZ Sports (como é batizada a empresa). Após a página ser criada, entrou também o Lucas Peixoto, que é lá do Rio de Janeiro, que também criou o grupo do Facebook, um grupo que tinha como objetivo fazer interação com os fãs da página e os fãs de futebol americano. Desde então, a página começou a crescer lá no Facebook com essa mobilização de fãs do esporte - conta Lucyen, que também relata como foi sua entrada no projeto.

- A página foi criada porque existia uma lacuna de conteúdo humorístico sobre futebol americano no Brasil. Existia já conteúdo humorístico de futebol americano nos EUA, afinal de contas é a casa do esporte, mas no Brasil ainda não. Existiam poucas páginas que cobriam futebol americano no Brasil, e nenhuma era puramente humorística. Por isso, o Vale e o Dornelas (outro fundador) resolveram criar, e o Peixoto entrou. Eu já tinha contato com o futebol americano desde 2007, e também fui das redes sociais, sempre fui dos memes, das brincadeiras, das zoeiras e acabei ingressando na 'NFL da Zueira' em 2014, como participante do grupo, e em 2015 como criador de conteúdo da página - diz Lucyen, que tomou gosto pelo negócio.

- Desde 2016, eu venho sendo o 'general manager', digamos assim, da 'NFL da Zueira'. O João Gabriel Vale passou a ter outras responsabilidades, o Dornelas deixou de fazer parte, o Peixoto entrou nessa e eu segui comandando a página - acrescentou o empresário.

A aceitação e o objetivo
Quando se fala em esportes e humor, a equação quase sempre termina em paixão, ainda mais para um país que sempre conservou uma rivalidade efervescente nos campos de futebol da bola redonda. Levar isso para a NFL, claro, criou faíscas, até fogueiras. Mas os intrépidos membros da 'NFL da Zueira' não desistiram e seguem até hoje acumulando muitos milhares de fãs e também alguns inimigos ferozes. Tudo faz parte.

- A aceitação não era tão legal assim (no início). A 'NFL da Zueira' cresceu de forma normal e exponencial muito boa. De imediato muita gente começou a acompanhar futebol americano e conhecer a 'NFL da Zueira', principalmente devido aos canais Esporte Interativo, onde tinha um alcance maior estando na TV aberta. Era um pessoal fã de outros esportes, principalmente o futebol, que passaram a acompanhar um novo esporte e a consumir um conteúdo mais simples, mais pragmático e mais 'zueira'. Esse público que aceitou melhor a 'NFL da Zueira' - explicou Lucyen, analisando também o outro lado desse consumo, o público que prefere um conteúdo mais aprofundado da liga.

- O público que já acompanha a NFL é mais seleto, digamos assim. É um público que procura mais por análises do jogo como ele é, e acaba ficando com um pé atrás quanto às zoeiras, chegando a dizer que é uma 'futebolização' do futebol americano. A aceitação de imediato não foi tão boa, e segue assim, sabe. Tem gente que é relutante, tem gente que tem uma certa opinião a respeito de humor, dizem que o humor não agrega tanto ao esporte, mas o papel que estamos fazendo na 'NFL da Zueira' é de inserção do futebol americano com uma linguagem que o grande público entenda no Brasil. Uma linguagem simplificada, pragmática e humorística. O brasileiro tem essa veia, digamos assim - destaca o produtor de conteúdo.

O lado empresarial
Aquela brincadeira lá de 2013 cresceu de várias formas e virou também um negócio, administrado por meio de parcerias que aproveitam o altíssimo potencial de engajamento das múltiplas redes sociais ocupadas. Começou com a promoção de produtos de parceiros até que o NDZ deu um passo definitivo para ter mesmo até seu próprio selo dentro de uma empresa especializada na produção de uniformes de futebol americano no Brasil, a Traktor.

- Quando eu assumi a página de vez em 2016, procurei dar uma modulada em algumas coisas. A página estava em crescente ascensão, mas não tinha Instagram. Criei o Instagram em 2016. O Twitter não era movimentado, então passei a movimentá-lo. E nos inserimos totalmente nas outras redes sociais. Sim, tínhamos o canal no YouTube também, mas o pessoal era bem relutante por causa da zoeira, já que era inspirado na zoeira do Desimpedidos. Até levamos a alcunha de 'Desimpedidos da NFL' já - relata Lucyen.

- Com esse crescimento, movimentação em outras redes sociais, os números foram crescendo ainda mais, ganhamos muito mais público, e começamos a fazer parcerias. Inicialmente colocamos a loja do Anthony Curti (comentarista da ESPN), algumas pessoas que vendiam réplicas de jerseys (camisas) de futebol americano. E aí quando crescemos mesmo, passamos a figurar como maiores no cenário, e também passamos a ter cautela com as parcerias. Passamos a ter um acordo com a Urlacher Shop, que é uma loja de produtos oficiais da NFL, e a parceria com a Traktor, que é hoje a 'Store NDZ', que é uma loja voltada para alimentar um público de futebol americano no Brasil que procura camisas alternativas. Nós não vendemos camisas de NFL, não trabalhamos com produtos de NFL. Os produtos são alternativas voltadas para o fã que não têm poder aquisitivo para ir buscar uma Jersey (camisa) Original. E também produtos que sejam possíveis utilizar no Brasil, no clima tropical. Eu mesmo estou usando (durante a entrevista ao Lance!) uma camisa Traktor, com clubismo mesmo (brinca), uniforme do João Pessoa Espcectros, muito confortável. Então a Traktor favorece o público brasileiro neste sentido - complementa o empresário por trás do sucesso da 'NFL da Zueira'.

Mas não para por aí. Vários ramos já aproveitaram o alcance do perfil para promoverem suas marcas. E, claro, a 'NFL da Zueira' está de braços abertos para novas parcerias.

- A 'NFL da Zueira' também possui parcerias com outros segmentos. Hoje promovemos o 'sportsbet.io' (site de apostas), e sempre abrimos espaços para outro tipo de anunciantes. Nosso canal de contato sempre está aberto. Já tivemos parcerias com cervejaria, com empresas de telecomunicação, também empresas do meio digital - ressalta o responsável pelo fenômeno que transforma o futebol americano no mais divertido possível.

As estratégias
Não é possível que apenas duas, três pessoas, estejam por trás desse sucesso, correto? Certa resposta. Lucyen salienta que um grupo de várias pessoas está por trás da criação do conteúdo e alimentação dos memes que movimentam as redes sociais. O pessoal por lá tem uma mente fértil e boas estratégias para fazer tudo funcionar em sintonia.

- A 'NFL da Zueira' não sou eu, não é o Vale, o Peixoto, é uma sociedade limitada. Os sócios-administradores somos eu, o Renan e o Vale, mas na criação do conteúdo tem mais pessoas envolvidas. Temos um grupo de administradores com 17 pessoas. Até é legal porque a galera diz 'a NFL da Zueira é fragmentada no Twitter'. Isso acontece porque, às vezes, está rolando um jogo e tem um administrador torcedor dos Cowboys e um outro administrador que torce para os Giants. Então quando os times se enfrentam, por exemplo, fica um respondendo o outro. A criação de conteúdo é feita da seguinte forma: esse grupo de administradores serve para dividirmos as funções que cada um exerce durante tal jogo, como sugestões de memes, compartilhamento de memes, e criamos o conteúdo e jogamos nas redes sociais para a galera curtir, se marcar e se zoar - destrincha o empresário, que já pensa no futuro das páginas com a promessa de uma nova interação com os seguidores.

- Para o futuro, já estamos até fazendo algumas coisas, mas a pandemia não nos permitiu. A 'NFL da Zueira' hoje não é só uma criação de conteúdo. Vamos aproveitar essa ideia de que não é apenas um canal de criação de conteúdo e vamos promover uma experiência melhor para o fã de futebol americano no Brasil. Porque o futebol americano que vemos nos Estados Unidos não é só o esporte em si, mas a experiência. A NFL não é uma liga esportiva, é uma promotora de eventos. A gente já viu e segue vendo o nível dos eventos esportivos que a NFL produz. O Super Bowl é o maior evento mundial. O fã brasileiro, muitas vezes, não tem capacidade, não tem condições para viajar aos EUA, ter essa experiência lá. Ele é carente disso aqui, no Brasil, porque a cobertura é totalmente diferente. Existe uma abertura e nós já estamos prontos, assim que tudo voltar ao normal, para promover uma experiência que possa oferecer um produto a essa demanda existente - promete Lucyen Chrystyen, o general manager da 'NFL da Zueira'.

As redes da 'NFL da Zueira': 
NFL da Zueira / NDZ Sports 
@nfldazueira no Instagram
@enefeudazueira no Twitter
/NDZOFICIAL no YouTube