Temos um DJOOOOOOKO! Paulo Antunes fala ao Lance! sobre Brady x Mahomes e confia em maior Super Bowl de todos os tempos
Comentarista da ESPN destacou ainda sua preparação para o evento, sua carreira, principais desafios e as lembranças de Tampa, casa do seu primeiro Super Bowl in loco
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Paulo Antunes está na ESPN desde 2006. E com ele e outros membros no cast de transmissões da emissora, o futebol americano cresceu no Brasil, espalhou-se de forma rápida, movido pelas redes sociais, e ganhou notoriedade na TV paga do país da bola redonda. Seu estilo irreverente, mas recheado de conhecimento, análise e informações, conquistou o fã de esporte. No próximo domingo, o comentarista vai para mais um Super Bowl na carreira, desta vez com a missão de analisar um duelo que é tratado por muitos como o jogo do século, envolvendo Tom Brady e Patrick Mahomes. Diretamente do Estados Unidos, onde vem residindo, Antunes conversou com o Lance! sobre sua carreira e a dedicação que preserva com a modalidade que lhe fez ter notoriedade no cenário esportivo brasileiro.
Paulo Antunes. narrador dos Red Sox?
Mas não foi sempre assim, viu… Se dependesse do sonho de Paulo Antunes, o Brasil poderia ter perdido um brilhante comentarista para o Boston Red Sox. Ele explica essa história.
- Eu não achava que ia trabalhar com o futebol americano quando eu, por exemplo, estava no College (a Universidade). O meu sonho, na verdade, que eu achava muito distante, era ser narrador dos Red Sox (time de beisebol da cidade de Boston), da Major League Baseball. E o esporte que eu mais joguei foi o basquete. Eu joguei muito basquete. Então, eu pensei que talvez seria alguma coisa mais relacionada a isso. O esporte que eu mais conhecia mesmo era o basquete, mas aí surgiu o futebol americano e o beisebol na ESPN para mim. Só que aí eu vi que o futebol americano meio que pegou muito mais que o beisebol, e ali eu fui me interessando mais pelo futebol americano. E comentar jogos de futebol americano é mais legal que jogo de beisebol. Eu foquei mais na NFL, teve mais sucesso e foi isso que aconteceu - contou Paulo, em entrevista exclusiva ao Lance!.
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Os Super Bowls de Paulo Antunes
Nascido em São Paulo, mas um cidadão americano. Praticamente 18 dos 43 anos da vida de Paulo Antunes foram em terras estadunidenses, inclusive agora, na decisão que o comentarista tomou de retornar aos Estados Unidos para morar. Atualmente, ele vive em Miami e está relativamente próximo de Sarasota, cidade da sua família. Por ter vivido praticamente a infância, adolescência e juventude nos Estados Unidos, Antunes tem um laço afetivo bastante forte com o Super Bowl e ele recordou quais foram os mais especiais em sua trajetória como fã da bola oval e também como profissional ligado ao esporte.
- Um Super Bowl que me marcou como fã foi a vitória do Denver Broncos em cima do Green Bay Packers no Super Bowl 32. Esse Super Bowl foi muito legal porque o John Elway não tinha vitórias no grande jogo e era um dos maiores quarterbacks da liga, estava na reta final da carreira, e eu estava torcendo muito para ele vencer um título e foi a primeira vitória da AFC contra a NFC depois de 13 derrotas consecutivas em Super Bowls e foi um jogaço, 31 a 24, touchdown anotado nos últimos dois minutos. Então, aquele jogo realmente foi marcante. Outro também foi a vitória do San Francisco 49ers contra os Bengals, pelo Super Bowl 23. Nossa, eu tô ficando velho! Em que Joe Montana conduziu a campanha vitoriosa nos últimos segundos, e eu estava torcendo para o Bengals naquele jogo, mas aquele jogo foi um espetáculo. E aí, como profissional, o primeiro Super Bowl que eu fiz, Cardinals e Steelers, que foi também um jogaço, teve um quarto período simplesmente eletrizante. Aquele foi um dos melhores Super Bowls de todos os tempos e o primeiro que comentei in loco, então aí realmente teve um impacto gigantesco para mim - declarou o comentarista.
A preparação de um comentarista
Ser um comentarista esportivo exige muito estudo e empenho. Paulo Antunes contou um pouco de sua rotina de preparação para um evento do porte do Super Bowl. Um dos grandes desafios, de acordo com o profissional, é não perder o foco no que está acontecendo em campo em meio a tantas informações coletadas para levar o melhor ao fã de esporte.
- É importante você se preparar e tratar o jogo não como qualquer outro jogo, porque aí você faz três jogos durante a semana, são 17 semanas durante a temporada regular, a intensidade de um Super Bowl em comparação a um jogo de quinta-feira na semana seis vai ter uma pegada diferente naturalmente. Você vai querer se preparar cada vez mais. Mas, às vezes, você se prepara tanto que você quer dar tantas informações, que aí é preciso tomar cuidado para não esquecer o que está acontecendo em campo. É muito importante para mim focar em cada lance do Super Bowl para não perder nada. Você estuda os times, você tem tudo na ponta da língua em termos de números, então você gasta muito mais horas com os números e tudo mais, e às vezes com curiosidades, e é necessário conhecer taticamente os dois times, isso é importante. Os Bucs e os Chiefs, por exemplo, se enfrentaram na semana 12, e eu estou dissecando este jogo. Isso daí é fundamental, mas é crucial você não perder nenhuma jogada em campo porque você está olhando em algum papel, buscando alguma informação, porque estamos falando de um Super Bowl, o jogo mais importante. Então é isso, eu vejo o confronto da semana 12, vejo o que os times fizeram na pós-temporada, vejo, obviamente, os números e estatísticas, eu vejo tendências, com vários números que a gente recebe na ESPN, que estão disponíveis também na Internet e aí eu estou preparado para comentar o jogo - pontuou Paulo Antunes.
O crescimento do público
Para quem desbravou um território ainda desconhecido lá atrás, há mais de uma década, ver a evolução do futebol americano no Brasil é assustador, conforme relata o próprio Paulo Antunes. Para se ter ideia, a vitória do Kansas City Chiefs sobre o San Francisco 49ers, por 31 a 20, na edição 54 da grande decisão da NFL, em Miami, no ano passado, rendeu a maior audiência da história de uma edição do Super Bowl na ESPN. A emissora do grupo Disney liderou na TV paga brasileira entre 20h41 e 0h11, com audiência 26% superior em relação à edição anterior do Super Bowl, entre o público-alvo de homens entre 18 e 49 anos, conforme dados da consultoria Techedge. O crescimento, a cada ano, é exponencial.
Um levantamento do IBOPE Repucom, líder global em pesquisa de marketing esportivo e retorno de exposição de marcas em mídia, apontou ainda um crescimento de 35% dos fãs de NFL entre os internautas brasileiros nos últimos anos. A fatia da população conectada no esporte da bola oval passou de 20% da população entre usuários de 18 anos ou mais em 2016 para 27% na onda mais recente da pesquisa Sponsorlink, especializada em hábitos de consumo esportivo, realizada em outubro de 2020.
- (O futebol americano) Está evoluindo bastante, especialmente no Instagram, porque o pessoal entra mais no Instagram atualmente. Vejo vários perfis diferentes, o pessoal me manda textos, eu vejo o crescimento cada vez mais de interesse, o pessoal jogando futebol americano, a qualidade está melhorando também. Então eu realmente acredito que o futebol americano está em ascensão. Ainda precisa de ter um pouco mais de dinheiro envolvido, o Brasil é ainda meio complicado, para fazer o negócio crescer, mas eu acho que estamos no caminho certo. Olha, eu entrei na ESPN em 2006, quer dizer, nesses últimos 15 anos, o crescimento do futebol americano tem sido algo assustador, é impressionante, eu realmente fico muito impressionado - reforçou Antunes.
Em 2016, 15,2 milhões de pessoas no Brasil se declararam fãs (interesse + alto interesse) de futebol americano. No ano passado, o número chegou a 27 milhões.
A responsabilidade
Escalado para os principais jogos da NFL transmitidos pela ESPN, Paulo Antunes é visto hoje como o grande comentarista da modalidade no país, uma trajetória que o moldou para o cargo. A responsabilidade é grande, ainda mais com a exigência cada vez maior em um esporte altamente especializado, mas para o comentarista o fundamental neste processo é jamais relaxar e é, por isso, que ele realmente vive o esporte.
- Não me sinto diferente dos anos anteriores. Para mim nada muda. Eu sei que tenho uma responsabilidade, que eu preciso comentar bem os jogos. Cada ano que passa eu tenho mais conhecimento, estudo mais, é o meu trabalho, gosto do que eu faço, faço com paixão. Mas eu me sinto normal. Eu agradeço muito o carinho do povo, essa interação com os fãs é muito legal, parece que melhora a cada ano, cada vez mais fãs. Então é muito bacana ter esse carinho e ser considerado o principal, vamos dizer assim. Mas, para mim, efetivamente não muda nada. Eu ainda busco melhorar e eu ainda busco, sempre que eu entro no ar, fazer o meu melhor trabalho. Eu não vou relaxar e deixar de fazer meu trabalho 100%. Isso para mim, de relaxar, não existe - observou o jornalista.
O parceiro Fernando Nardini
Com a saída de Everaldo Marques da ESPN, Paulo Antunes teve que emendar novas parcerias televisivas nos canais Disney. E dois nomes o acompanharam bastante nesta temporada, Ari Aguiar e Fernando Nardini, esse último seu companheiro de transmissão no Super Bowl 55 (Clique aqui e confira a entrevista exclusiva com Fernando Nardini). O comentarista confia que ele e Nardini estarão prontos para entregarem toda a emoção que o Super Bowl 55 reserva.
- Na verdade, neste ano, eu trabalhei muito com o Ari Aguiar e também com o (Fernando) Nardini. Então, a parceria, sinceramente, eu achei que foi excelente. Acho que tivemos uma boa sintonia, muito light, muito tranquila, difícil porque estamos trabalhando remotamente, mas eu achei que a química foi ótima, e os dois estudando, melhorando cada vez mais. O Ari já está há um bom tempo no futebol americano, o Nardini agora está mais focado na modalidade, acho que ele se dedicou bastante. Então eu acho que foi uma bela parceria, eu me diverti muito com as transmissões com ele, e eu estou empolgado para fazer o Super Bowl com o Nardini, acho que vai ser bem bacana. Temos uma boa química, uma boa amizade, e eu espero um grande jogo para celebrar a bela de uma parceria no domingo - projetou Paulo Antunes.
Tampa: do Busch Gardens ao primeiro Super Bowl in loco de Antunes
Neste domingo, Tampa será o palco de mais um Super Bowl, desta vez com uma situação inédita na história do grande jogo: a presença do time da casa na decisão. Um verdadeiro ‘nativo’ da Flórida, Paulo Antunes recordou seu histórico com a cidade de Tampa. Ele pontuou algumas memórias com o local, como seu primeiro Super Bowl in loco, além de situações da vida, como a renovação de seu Green Card. E claro, não poderia faltar a diversão do Busch Gardens, o parque mais famoso de Tampa.
- Do Raymond James Stadium, a lembrança que eu tenho é do primeiro Super Bowl que eu fui, envolvendo o Arizona Cardinals e o Pittsburgh Steelers, na temporada de 2008, o Super Bowl 43. Essa primeira memória é muito especial, meu Super Bowl favorito, que eu senti bastante frio, estava frio em Tampa, e estava ventando também. Então minha papelada ficava voando, tinha papel para caramba, era papel para todos os cantos, estava tenso (risos). Foi engraçada toda aquela situação. Em Tampa, eu também fiz uma cobertura do training camp dos Bucs há dois anos. Eu fui lá no CT do Tampa e adorei, foi muito bom, porque ficávamos pertinho dos jogadores no campo, a gente podia filmar o treino inteiro, completamente tranquilo, pegar sonora com jogadores importantes. Então foi uma boa experiência, gravei o meu material e funcionou muito bem. E aí minhas outras memórias de Tampa envolvem eu indo para renovar meu Green Card, eu indo ao médico, porque eu tive uma lesão na garganta, e eu curtindo muito o Busch Gardens, para mim Tampa é isso (risos)” - brincou Antunes.
Temos um DJOOOOOOKO
Paulo Antunes vê com um pouco de preocupação a linha ofensiva de Kansas City com desfalques importantes que podem impactar no desempenho de Mahomes. Porém, o nível estabelecido dos dois lados é tão alto que o comentarista tem uma certeza: será o maior Super Bowl de todos os tempos. Para honrar um de seus bordões, solta o grito porque TEREMOS UM DJOOOOOOOKO.
- Quando você enfrenta um grande quarterback, a chave é sempre pressioná-lo sem ter que mandar blitz. Quando você consegue pressionar apenas com jogadores da linha defensiva, você tem mais gente protegendo o time contra o passe. Então quando você enfrenta o Mahomes, o Brady, isso é importante. E o Brady e o Mahomes são excepcionais lendo o alinhamento antes da jogada começar, é sempre um desafio você enganar esses dois quarterbacks, mas para mim é muito importante ter um ataque equilibrado, corridas e passes. É importante também controlar o relógio, ou seja, o ataque que ficar mais tempo em campo, deixando o quarterback do oponente longe do gramado, pode ter uma vantagem. Então, no primeiro confronto entre as equipes nesta temporada, na semana 12, os Chiefs controlaram o relógio mais do que 36 dos 60 minutos, isso daí foi importante para a vitória. E jogadas importantes também, não é? Cada Super Bowl tem jogadas dinâmicas, Big Plays, as jogadas que mudam a partida. Para o Kansas City, estou um pouco preocupado com a linha de proteção ao Patrick Mahomes, que tem duas lesões importantes, e Tampa é agressivo indo atrás do quarterback, então isso daí pode fazer uma diferença importante na partida. Mas, cara, os dois quarterbacks, o Brady e o Mahomes estão jogando em alto nível e está muito difícil escolher um vencedor nessa partida. Eu acho que vai ser um dos melhores Super Bowls de todos os tempos - finalizou Paulo Antunes.
O Super Bowl 55 acontece neste domingo (7), com ‘Abre o Jogo’ a partir das 19h na ESPN, e transmissão às 20h. Neste ano, o show de intervalo do evento será com o astro pop canadense The Weeknd, estourado nas paradas de sucesso e plataformas de streaming por todo o planeta.
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