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‘ Tenha fé em você. E só desista quando conseguir. É a dica de Gabriella Evangelista para quem quer seguir a carreira no FA feminino

Batemos um papo com a atleta do San Diego Tridents sobre sua carreira e preparação física e mental para se manter firme no esporte

Gabriella foi selecionada em abril de 2020 após enviar seus highlights para o time norte-americano do San Diego e solidica sua carreira no FA
Gabriella foi selecionada em abril de 2020 após enviar seus highlights para o time norte-americano do San Diego e solidica sua carreira no FA-(Arquivo pessoal/Divulgação)

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Em pleno século XXI ainda há dúvidas quanto à força feminina nos esportes. Um disparate. Mas, a força de vontade delas e talento têm colocado as coisas nos seus devidos lugares, com mais espaços para elas. Esse pode ser o resumo da carreira de Gabriella Evangelista, que saiu do FA nacional para ser selecionado pelo San Diego Tridents, na Liga Women's Football League Association, dos EUA.

Ela começou sua vida esportiva desde criança, mas o gosto se intensificou quando entrou na faculdade, iniciando com o rugby, modalidade que fazia em um time masculino, já que não tinha time feminino na época.

-Em 2015 migrei para um time feminino e joguei até 2017. Logo que sai não queria ficar sem praticar esportes, então meu ex-técnico me achou em uma rede social no período que eu tinha parado de jogar o rugby. Daí, ele me chamou para fazer um tryout no meu ex-time, o Brasília Pilots. Fiz o tryout e passei. Então, em 2017 com 22 anos iniciei minha carreira dentro do FA. Comecei minha primeira temporada em 2017 jogando como linebacker. Fiz uma temporada boa. Em 2018, no primeiro TC do time eu rompi o ligamento cruzado anterior e precisei operar, ficando um ano fora só me recuperando. Voltei no início de 2019 quando meu médico me autorizou, voltando como DT do Pilots. Peguei treinamento específico, treinei muito pra recuperar meu lugar de titular, fiz uma excelente campeonato, ganhei MVP no jogo da Portuguesa-contou Gabrielle em resumo de trajetória no esporte.

A dedicação e superação de lesões a levaram para outros patamares na carreira. E, assim como os rapazes, atletas como Gabi têm conseguido espaços importantes e por isso batemos um papo com ela para entender mais seu processo e inspirar mais meninas que queiram seguir o caminho do FA no Brasil. Confira abaixo.

1- Como você percebe esse crescimento e reconhecimento das atletas brasileiras, sendo vista por outras ligas, que culminou em uma seleção para o San Diego? E como foi a sensação pessoal de ver seu trabalho dando frutos?

O crescimento e reconhecimento se devem em primeiro lugar a estruturação do torneio em nível nacional com várias equipes, a dedicação e o esforço das atletas a fazerem um trabalho físico e técnico em conjunto com o time, fazendo com que esse conjunto de fatores auxilie no bom desempenho em campo e no campeonato. Fruto do trabalho que vem sendo desenvolvido no Brasil pelas nossas equipes em nosso campeonato.


2- Conte seu processo mental e de trabalho para que seu nível de jogo chegasse ao ponto de ser observada fora do cenário nacional.


Me preparei muito bem mentalmente, tecnicamente e fisicamente para fazer uma boa temporada. Foi muita dedicação. Como reconhecimento desse trabalho duro, fui convocada para o primeiro camp da seleção brasileira de Futebol Americano realizado em São Paulo.

Fui prestigiada também como MVP no jogo realizado contra o time da Portuguesa. Como reconhecimento, durante o torneio fui eleita capitã no jogo da semifinal contra o Curitiba Silverhalks, fui considerada pelos meus coachs como a melhor tackleadora do meu ex time, Brasilia Pilots tive bons números no campeonato e como consequência de tudo que foi dito conseguir chamar a atenção pro meu atual time, o San Diego Tridents.

Eles gostaram do meu estilo grosseiro de jogar, explosivo, rápido e de não desistir em nenhuma jogada. eu sempre me dediquei muito nos treinos, eu era estudante de direito, então estagiava pela manhã, saía do estágio e passava a tarde treinando na academia. Saía da academia e ia pra faculdade de noite.

Meu treino físico na época era específico para minha posição, e logo depois eu ficava treinando a parte técnica com meu ex coach de DL que é um grande exemplo pra mim, James Springfield, DT do tubarões do cerrado. Sempre fiz muito estudo, estava sempre no pé dos meus coachs pedindo feedback de onde melhorar, como melhorar, e sempre ia além dos limites nos meus treinos e jogos.

3- Foi mais uma porta aberta pelas jogadoras brasileiras fora do país. Essa linha de superação dos nossos atletas irá ainda mais longe em quanto tempo na sua visão?

Penso em não ser uma questão de tempo, mas sim tem a ver com a questão da infraestrutura. Quanto mais estruturado for o campeonato e os times, de preferência com patrocínio, melhor o desenvolvimento técnico, físico e mental das atletas em jogo, o resultado do trabalho duro das atletas vai aparecer mais rápido. não se dá pra trabalhar tempo, é começar internamente nos treinos, mandar muito bem nos jogos, e aí as os resultados vão aparecendo junto com as oportunidades.

Seu trabalho duro em treino em campo gera a sua oportunidade. Se você treinar bem, vai jogar bem, vai se destacar, vai ter bons números e vai se destacar em jogos, chamando atenção das ligas de fora. Se as atletas se dedicarem de verdade, o campeonato vai ficar com um nível muito mais elevado, logo a competição vai aumentar mais. E se tiverem times com boa estrutura, com patrocínio, apoio dos governos estaduais, se tiver um apoio maior dessa parte, campo decente, etc, o crescimento e desenvolvimento será mais rápido.

4- Como é o dia a dia da Gabriella para ficar sempre no nível das colegas de time nos EUA mesmo com esse duro período de pandemia?


Tenho reuniões com meu time semanalmente, todos os meus treinos físicos são passados pela Comissão Técnica do meu time, San Diego Tridents. Os meus treinos são específicos para a minha posição e parte física em geral. Venho executando esses treinos desde abril do ano passado. Faço 4 treinos por dia durante toda a semana, além de estudar muito a parte técnica dos jogos também.

5- Quais dicas você dá para quem almeja uma carreira sólida no esporte e ainda superar as dificuldades naturais como o menor apoio dado às mulheres na modalidade?

A palavra que eu usaria é fé. Fé em Deus acima de tudo, fé que vc vai fazer tudo q está ao seu alcance e crer nos planos de Deus acima de tudo. Dedicação, força e muita perseverança pois não é fácil jogar em um País que não se tem tradição, não se tem patrocínio, não se tem um local de treino apropriado, onde no âmbito feminino é muito mais difícil de se destacar.

Se você tem um objetivo, não importa o que seja, ou o que as pessoas falem, não importa quanto tempo leva, trabalha muito duro, fecha seus ouvidos, coloca seu coração e sua alma ali, e siga trabalhando duro e confiando em Deus, pois ele sabe de tudo. Confia em vc e no seu trabalho duro, e só para quando vc conseguir. E quando conseguir é intensificar mais ainda. N escutar pessoas q falam q não vai dar certo pq elas falam isso pq elas não conseguem. Resumindo, trabalhe muito duro dentro e fora de campo, saiba dizer não para o que te a, tenha fé acima de tudo no senhor, fé em vc, e só desista quando conseguir.

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