Pardal, do Santos, fala sobre ser mulher no futebol: ‘Desafios de todos os lados’

Em entrevista ao Lance!, zagueira abre o jogo no especial do Dia da Mulher

imagem cameraPardal é o novo reforço do Santos para a temporada (Foto: Reprodução/Santos)
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Nathalia Gomes
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 08/03/2025
08:45
Atualizado em 07/03/2025
22:10
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O futebol feminino teve uma crescente nos últimos anos, principalmente devido ao investimento dos clubes e também da CBF. No entanto, ainda há relatos de preconceito e um sentimento de 'não pertencimento'. Em entrevista exclusiva ao Lance! no especial de Dia da Mulher, a jogadora Pardal, que assinou com o Santos nesta temporada, revelou os desafios que enfrenta diariamente e também o que precisa ser mudado.

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- Ser uma mulher no futebol implica lidar com desafios todos os dias, e não só dentro das quatro linhas. Todos os dias precisamos estar lutando contra o pensamento retrogrado de alguns que insistem em dizer que este lugar não é nosso, que não pertencemos ao esporte, quando tudo o que fazemos mostra o contrário - começou a zagueira, que completou:

- Os desafios, inclusive, vem de todos os lados. Dos mais óbvios, como os que tiram tempo para jogar “hate” na gente, até os mais velados e enraizados, aparecem no nosso dia a dia de atleta, com as desigualdades entre o futebol feminino e o masculino - desde os aspecto financeiro, até às próprias condições de jogo e estrutura.

Para a defensora, grande parte das jogadoras do futebol feminino já sofreram algum tipo de preconceito, pois o esporte ainda é considerado por muitos como 'algo masculino'. Pardal revelou uma situação delicada que enfrentou quando era mais nova.

- Quando eu era mais nova, pegavam muito no meu pé por ser mulher e estar no meio dos meninos jogando, falavam que não era para eu estar ali, que eu tinha que brincar de boneca e não de bola. Mas eu sempre fui muito centrada no que eu queria, e eu queria ser jogadora profissional e, graças a Deus, consegui com muito esforço e ajuda dos meus familiares - pontuou Pardal.

Pardal durante atividade do Santoso (Foto: Reprodução/Sereias da Vila)

A jogadora do Santos apontou o que precisa ser mudado para que haja uma maior aceitação e, consequentemente, uma normalização da presença feminina em todos os ramos do esporte: trabalhar a mentalidade dos homens e, principalmente, das mulheres.

- É necessário que as mulheres ocupem posições de poder dentro do esporte, seja dentro de clubes, seja nas Federações ou nas transmissões. Temos que tornar natural para as pessoas verem mulheres no futebol.

- Infelizmente isso ainda é uma coisa em que temos que pensar, sendo que não verdade já era para estar resolvida há muito anos. Mas, já que não está, e sabendo que é um trabalho contínuo, temos que pensar em processos. Para isso, além de trabalharmos desde sempre a mentalidade das pessoas, principalmente dos homens, quanto ao papel da mulher (não só no esporte como na sociedade), também é necessário mostrar isso em funcionamento.

Quem é Pardal, reforço do Santos para a temporada

Com vasta passagem pelo futebol feminino, a zagueira Pardal foi anunciada pelo Santos no início de 2025 com contrato válido até o fim de 2026. Será a primeira vez que a jogadora de 31 anos vestirá a camisa do time santista.

Revelada pela Juventus-SP, onde recebeu seu apelido, Pardal já defendeu São Caetano, Osasco Audax, São Paulo e Colo-Colo, seu último time. Além disso, reforçou o Corinthians por quatro temporadas. Já foi campeã da Libertadores Feminina, além de ter vencido o Brasileirão e Copa do Brasil.

Na carreira, já atuou ao lado de gigantes do futebol feminino, como Cristiane, Érika, Tarciane, Ludmila, Formiga e Maressa. Ela vestiu a camisa da Seleção Brasileira principal, mas na base, sob comando de Caio Couto, atual treinador das Sereias da Vila, foi campeã do Sul-americano Sub-20, em 2012.

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