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Há 45 anos, torcida do Rosario Central comemora o mesmo gol

Em cada 19 de dezembro, torcedores da equipe argentina se reúnem para celebrar um gol de peixinho e seu autor: Aldo Pedro Poy. Eles chamam de 'o maior gol do mundo'

Aldo Pedro Poy mergulha para reproduzir o peixinho que o consagrou
imagem camera(Foto: Reprodução)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 15/12/2016
20:31
Atualizado em 16/12/2016
14:47

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O Rosario Central decidiu a Copa Argentina na quinta à noite. Para parte dos torcedores, a final contra o River Plate, que acabou vencendo por 4 a 3 e conquistou o título, não foi o evento mais importante da semana. Centenas deles não voltaram para Rosário após a partida.

Permaneceram em Córdoba para festejar o que é, para eles, o maior gol da história do futebol.

– Aldo Poy, Aldo Poy, el papá de Newell's Old Boys – eles sempre cantam quando dezembro chega.

Em 2016, a celebração para o “papai” do maior rival do Central completa 45 anos. Todo 19 de dezembro, em uma cidade diferente da Argentina ou do mundo, a Organização Canalha para a América Latina (OCAL) reúne centenas, às vezes, milhares de pessoas, para reencenar o gol marcado por Aldo Pedro Poy na semifinal do Campeonato Argentino de 1971.

Alguém leva uma bola, a levanta no ar e Aldo Pedro Poy mergulha de peixinho na terra, no concreto, na grama e a cabeceia, assim como fez no Monumental de Nuñez, há mais de quatro décadas. O gol foi eternizado como “la palomita”.
Nesta segunda-feira, a OCAL vai reunir torcedores em Córdoba para fazer tudo de novo. Poy estará lá para repetir a jogada que o colocou na história do futebol argentino.

– Vamos nos encontrar no domingo à noite e festejar muito. Quando for meia-noite de 19 de dezembro, Poy vai fazer novamente a palomita – diz ao LANCE! Colorado Vazquez, chamado de ministro de informação da OCAL, uma entidade como nenhuma outra no futebol.

O gol de Aldo Pedro Poy eliminou o arquirrival e colocou o Central pela primeira vez em uma final nacional. Em seguida, veio o título inédito ao derrotar o San Lorenzo.

A partir daquele momento, ficou decidido: o peixinho do atacante jamais seria esquecido. Mais: passaria a ser celebrado todos os anos.

– Aldo Poy é todos nós. O Rosario Central é Aldo Poy. Ele representa a essência do que é torcer para esta equipe – completa Vazquez.

A palomita já foi encenada em Rosário, Buenos Aires, Santiago, Havana, Barcelona, Mar del Plata, Ushuaia, Montevidéu e Córdoba. Há o desejo de no futuro fazê-la no Morumbi para agradecer ao São Paulo que, em 1992, derrotou o Newell's na final da Copa Libertadores.

Astro
A popularidade de Poy é tamanha que ele se tornou político em Rosário. Nascido na cidade, cresceu a 300 metros do Gigante de Arroyto, estádio do Central. Jogou a vida inteira com a camisa azul e ouro. Na metade dos anos 70, o clube quis negociá-lo. Ao saber disso, Poy sumiu. Desapareceu por semanas. Só voltou para casa quando os emissários haviam desistido do negócio.

Entre 1965 e 1972, com o atacante em campo, o Central não perdeu nenhuma vez para o Newell's.

A OCAL monta projetos mirabolantes que envolvem a palomita. Em 1998, por exemplo, um ginásio foi reservado para o evento. Quando Poy chegou, encontrou 1.800 torcedores vestindo máscara com a cara do ídolo. Levou mais de uma hora para atender todos os pedidos de fotos e autógrafos antes de conseguir protagonizar a palomita para o delírio de sempre da multidão. Vários dos que o idolatram sequer haviam nascido em 1971.

– A palomita representa a ascensão da equipe. Depois dela, começamos a vencer títulos, participamos da Libertadores, nos tornamos ainda maiores – constata Vazquez.

A Organização mantém pequeno museu em Rosário dedicado ao lance histórico de Aldo Pedro Poy. Há fotos, vídeos, camisas, souvenirs... E um vidrinho com um pedaço de tecido humano.

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Aldo Pedro Poy, ex-atacante do Rosario Central
Poy faz a palomita em 1971, contra o Newell's (Foto: Reprodução)

Um dia após a vitória histórica em 1971, o zagueiro De Rienzo, do Newell's Old Boys, teve crise aguda de apendicite e foi operado às pressas. Ele esteve em campo no Monumental de Nuñez e era o encarregado de marcar Poy. O cirurgião era torcedor do Rosario Central e integrante da OCAL.

Ele não teve dúvidas. Ao extirpar o órgão inflamado, o colocou em um frasco com formol e entregou à organização, que o colocou em ”exposição” no museu com a inscrição: “o apêndice mais próximo a Aldo Pedro Poy no momento da palomita”.

Segunda-feira, pela 45 vez, o Central vai celebrar um gol como nenhum outro na história.

PROJETO CENTENÁRIO
Os integrantes da OCAL não são torcedores. São chamados de “missionários”. Para eles, não há limite. Desde 1999, os dirigentes publicaram uma “diretiva” dizendo que todos os pais e mães devotos do Central com filhos nascidos a partir de 1 de janeiro de 2000 têm uma missão: registrá-los na organização.
As crianças recebem diploma de “missionário ocalista” e se comprometem a comparecer às comemorações do centenário da palomita. Em 2071.

– Já temos mais de mil missionários inscritos. Alguns estão prestes a completar 17 anos. Outros com apenas alguns dias de vida. Já estamos planejando esta festa – informa Colorado Vazquez.

A comemoração deste ano, em Córdoba, é considerada especial porque terá também a presença de Roberto Artemio “Chango” Gramajo, ex-companheiro de Poy e autor de um dos gols do título contra o San Lorenzo em 1971.

– Creio que as autoridades da cidade querem aproveitar o evento para colocar o nome de Gramajo em uma das ruas. Será uma linda homenagem – completa.

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