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‘Baby Mourinho’ recusou o Bayern de Munique para apostar no Hoffenheim

Técnico mais jovem na Alemanha e amante do mundo radical, Julian Nagelsmann tenta implantar no Hoffenheim estilo ofensivo e vencedor: 'É o grande desafio'

Julian Nagelsmann se tornou o técnico mais jovem a comandar uma equipe na Alemanha 
imagem cameraJonas Güttler / AFP
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 28/11/2016
17:49
Atualizado em 29/11/2016
17:03

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Julian Nagelsmann é um dos nomes mais promissores da Alemanha. Amante de esportes radicais, o técnico do Hoffenheim se tornou o mais jovem da história da Primeira Divisão alemã ao assumir a liderança do time em fevereiro deste ano, quando tinha apenas 28 anos. 

Sua primeira chance no Hoffenheim foi em 2015, quando o clube passava por um período conturbado. O time figurava entre as equipes ameaçadas ao rebaixamento e, apesar do convite, os estudos o impediram de assumir o comando naquele momento.

- Em outubro, eu estava no meio dos meus estudos para me tornar treinador e não poderia ter assumido o cargo. De acordo com o planejamento, Huub Stevens seria contratado para comandar até o fim da temporada - explicou Nagelsmann, agora com 29 anos, em entrevista exclusiva ao LANCE!

Os planos, no entanto, tiveram de ser interrompidos. O antecessor tinha a saúde fragilizada e teve de deixar o clube. Nagelsmann, por outro lado, tinha a qualidade e a juvenilidade necessárias para assumir o desafio. 

A média de idade dos 27 atletas do elenco principal é de 24,8 anos. Do grupo atual, três jogadores são mais velho que o próprio treinador:  o goleiro Stolz, com 33, e os meias Planski e Schwegler, com 30 e 29, respectivamente.

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Apesar da pouca idade, Nagelsmann não foi uma simples aposta. O jovem treinador explica que os mandatários do Hoffenheim confiaram no seu trabalho e a crença depositada pelo clube foi retribuída quando o alemão recusou o convite para treinar a categoria sub-23 do Bayern de Munique.

"Vi que minha chance de treinar um time na Bundesliga seria aqui. Trocar isso seria irreal"

- Recusei. O dono do clube, Dietmar Hopp, e o nosso diretor de esportes, Alexander Rosen, já haviam sinalizado que tinham muitas coisas em mente para mim. Vi que minha chance de treinar um time na Bundesliga seria aqui. Trocar isso seria irreal - afirmou.

Os feitos, inclusive o de livrar o time do descenso na última temporada, renderam a Julian Nageslmann algumas comparações. Um ex-goleiro com quem o alemão trabalhou no TSG 1899 o apelidou de 'Baby Mourinho'.

- Tim Wiese me apelidou assim. Tenho certeza que ele quis fazer a comparação de uma forma positiva. Não me importo, mas eu e Mourinho temos uma filosofia de futebol com poucas semelhanças. Dizem que ele se relaciona bem com seus jogadores e eu tento fazer o mesmo - contou.

A semelhança fica por conta da paixão que corre na veia pelo futebol. Ambos começaram cedo, mas Mourinho teve sua primeira oportunidade em uma grande equipe aos 39 anos, quando assumiu o Porto. Fora de campo, Nagelsmann tem um pouco do estilo 'rockstar' do português, mas prefere manter as caracteristicas dos nativos da Baviera. 

- Sempre gostei de ter contato com a natureza. Adoro estar ao ar livre e passar o tempo com a minha família. Gostamos de ir para as montanhas e vamos para lá com frequência. Eu também gosto de canoagem e escaladas, mas no topo disso tudo, realmente gosto de correr de moto depois de um dia difícil. 

Além disso, as referências do treinador do Hoffenheim não incluem Mourinho.

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"Pep Guardiola tem um método interessante, Thomas Tuchel me influenciou muito como jogador e certamente Jürgen Klopp também"

- Tem muitos bons treinadores com diferentes abordagens e você aprende só de assisti-los. Pep Guardiola tem um método interessante, Thomas Tuchel me influenciou muito como jogador e certamente Jürgen Klopp  também- contou.

Com o Hoffenheim, Julian Nageslmann tem conseguido se manter entre os seis primeiros na tabela. O time chegou a assumir a terceira colocação, mas a sequência de três empates nos últimos jogos fez com que o clube caísse para a quinta posição, empatado com o Colônia, com 22 pontos. Apesar disso, o treinador segue invicto: são sete empates e cinco vitórias nesta temporada do Alemão.

Os números e a pouca idade espantam até o próprio treinador.

- Eu não posso mudar minha idade. Eu reconheço que é um trabalho especial ser técnico de um time que está em uma das melhores ligas do mundo. Nunca imaginei que as coisas aconteceriam tão rápido.

BATE-BOLA COM JULIAN NAGELSMANN:

Acredita que você possa ser um modelo para os técnicos mais jovens?
-
Eu não tenho certeza se posso ser um modelo, já que cada clube age de acordo com suas próprias situações.

Como define o estilo de jogo do Hoffenheim sob o seu comando?
- Eu prefiro um jogo ofensivo. No entanto, eu gostaria de ser flexível durante as partidas. Um adversário pode ser decifrado através de uso de vídeos, quando preparamos nosso plano para conseguir uma vitória, em teoria. Mas reagir durante uma partida em andamento é desafiador para o técnico e também para os jogadores. Como treinador de um time principal, às vezes, você tem que admitir para si mesmo que depois de dez minutos o plano não funcionou. Nessa hora, precisamos pensar tão rápido quanto um flash de luz. Isso é o que nós treinamos. Esse é o grande desfio. 

Como é o seu relacionamento com os jogadores?
- Como temos idades semelhantes, o trabalho acontece de forma natural, mas todos do time sabem e entendem que sou eu quem tomo as decisões. Eu também nunca me encontro com jogadores fora do ambiente de trabalho. Nós trabalhamos juntos, mas fora isso, cada um segue o seu caminho.

E como é o seu relacionamento com os outros técnicos que atuam na Bundesliga?
- Alguns deles me enviam mensagens quando eu assumi o Hoffenheim, mas não há nada demais. No fim, estamos todos competindo.

Você segue fazendo cursos ou estudando?
- Eu tenho a licença para treinar clubes na Alemanha (Football Coaching Licence of DFB - German Football Association). É reconhecido pelo país e tem o mesmo peso da licença da UEFA (UEFA Pro Licence).

INFORMAÇÕES DA CARREIRA

Nagelsmann foi jogador de futebol, mas teve uma grave lesão no joelho que resultou no fim de sua carreia aos 20 anos, no time B do Augsburg. Na ocasião, o alemão era treinado por Thomas Tuchel, atual comandante do Borussia Dortmund. Ainda, trabalhou como scouting antes de ser promovido como técnico da categoria sub-17 do TSV 1860 e foi assistente antes de se tornar o treinador do time que estava na 17ª colocação na Bundesliga. Sob o comando de Nagelsmann, o clube se livrou do rebaixamento e terminou a temporada 2015/16 na 15ª colocação, com 37 pontos.

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