Com dois brasileiros no elenco, time da pequena Nova Caledônia faz estreia no Mundial de Clubes
Marcos Paulo e Pedro Luis foram para o Hienghène Sport, representante da Oceania no Mundial de Clubes, justamente para a disputa da competição que começa nesta quarta
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Enquanto muitos torcedores já estão ansiosos por um possível confronto entre Liverpool e Flamengo na final do Mundial de Clubes da Fifa, no Qatar, já vai ter brasileiro em campo pela competição nesta quarta-feira. E pelo inusitado time do Hienghène Sport, da Nova Caledônia, representante da Oceania no Mundial. São eles o volante Marcos Paulo e o zagueiro Pedro Luis. Respectivamente ex-jogadores do Marília e do Tigres do Brasil, os dois foram para o time do arquipélago, que é um território ultramarino da França e tem menos de 300 mil habitantes, justamente para a disputa da competição.
O Hienghène Sport, que joga nesta quarta, às 14h30, contra o Al-Sadd, do Qatar, foi campeão da Liga dos Campeões da Oceania ainda em maio deste ano, ao bater o conterrâneo Magenta. Cercado pelo Oceano Pacífico e a 1,6 mil km da costa leste da Austrália, o time, que só contava com jogadores da Nova Caledônia, passou a procurar alguns estrangeiros para reforçar a equipe. E foi assim - e com a ajuda de um empresário brasileiro que tem influência no mercado da Oceania e da Ásia - que os jogadores chegaram lá em agosto.
- Vim para o Hienghène Sports através do meu empresário Pedro Panzeli. Ele disse que tinha essa oportunidade de jogar o Mundial. Nem passava pela minha cabeça no momento, mas já me concentrei para poder vir jogar. Fui recebido muito bem pelos companheiros de equipe, pelas pessoas que moram da cidade, tiramos muitas fotos, o pessoal abraçou a gente - comentou Marcos Paulo, revelado pelo Marília, do interior de São Paulo.
- A adaptação foi muito tranquila, é um país muito parecido com o Brasil, o clima, as pessoas, a comida. Os jogadores gostaram da nossa presença - acrescentou o carioca Pedro Luis, que fez quase toda sua formação na base do Vasco.
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Se as ilhas que formam a Nova Caledônia já são pequenas, a cidade de Hienghène, sede do clube, é ainda menor: tem cerca de três mil habitantes. E a população é apaixonada por futebol. O estádio do time, que tem capacidade para 1,8 mil pessoas, sempre fica cheio, segundo os brasileiros. Mas o fato da cidade ser pequena levou a um caso curioso: alguns dos jogadores são da mesma família
- Quando eu cheguei, percebi que os jogadores tinham sobrenomes parecidos. Aí eu resolvi perguntar se eram todos da mesma família. E descobri que alguns são mesmo. Tem dois irmãos, alguns primos. E os outros são amigos mesmo, parece uma família - comentou Pedro Luis, que tem 22 anos e também atua como volante.
FUTEBOL SEMIPROFISSIONAL
A grande estrela do time da Oceania é o atacante e capitão Kai. Ele foi eleito o melhor jogador da Liga dos Campeões conquistada pelo Hienghène. Mas, assim como muitos jogadores do time, ele não vive do futebol. O jogador de 36 anos também é coordenador de uma escola da ilha.
- Tem alguns que não são profissionais mesmo, e maioria trabalha como bombeiros, outros fazem alguns trabalhos beneficentes também - disse Pedro.
VITRINE
Com contratos curtos, até o fim de 2019, os jogadores também vêem o Mundial de Clubes como vitrine para tentarem contratos melhores para a próxima temporada.
- Temos primeiro que pensar no Mundial, fazer um bom jogo e tentar passar. Depois, quando acabar, pensas em um clube melhor para seguir carreira e dar continuidade ao meu trabalho - afirmou Marcos Paulo.
- É uma grande oportunidade, com certeza o maior jogo da minha vida. Estamos fascinados por poder disputar o Mundial. É uma grande vitrine sim, e a gente já quer fazer os planos para 2020, tentar uma proposta, se Deus quiser, numa grande liga - acrescentou Pedro.
Caso vença o Al Sadd, time treinado pelo ex-jogador Xavi Hernández, o Hienghene enfrentará o Monterrey, do México, pelas quartas de final. O vencedor deste confronto encara o Liverpool na semifinal.
Bate-bola com Marcos Paulos
1- Como você se apresentaria para o público brasileiro?
Eu jogo de volante e lateral-direito. Sou mais de roubar a bola e passar. Sou muito técnico.
2- Qual o nível de ansiedade para a estreia no Mundial?
Rapaz, estou muito nervoso sim. Muito ansioso para esse jogo e muito feliz por estar aqui. Espero passar no primeiro jogo pra chegar o mais longe possível.
3 - Como é o nível do futebol praticado na Nova Caledônia?
O nível técnico não é tão bom assim como no Brasil ou na Europa, mas a competitividade é muito alta, muito mesmo. Eles brigam por todas as bolas, não gostam de perder nenhuma bola, nenhum jogo.
4 - Como é a relação da população do país com o futebol?
A população aqui ama o futebol, eles comparecem muito nos jogos, lotam os estádios. E, depois que eu e o Pedro chegamos, eles compareceram mais ainda pois eles amam o futebol brasileiro e jogadores brasileiros.
Bate-bola com Pedro Luis
1- Como você se apresentaria para o público brasileiro?
Minha posição original é zagueiro, mas aqui estão me colocando como
volante. Eu sou bem técnico. Eles me aproveitam em outras posições por isso. O Marcos também. Ele é meio-campista, mas joga de lateral-direito, de ponta, porque ele é muito versátil, muito rápido.
2 - Qual o nível de ansiedade para a estreia no Mundial?
É uma grande oportunidade, com certeza o jogo mais importante da minha vida. Estamos fascinados por jogar uma competição com o Liverpool. Com o Flamengo um pouco menos porque joguei muitas vezes na base (risos).
3 - Como é o nível do futebol praticado na Nova Caledônia?
O futebol aqui é um pouco diferente. A principal característica no país é a
força e a velocidade.
4- Como é a relação da população do país com o futebol?
A cidade é muito pequena, mas os três mil habitantes torcem pro mesmo
time. Torcem muito, são apaixonados.
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