Contra violência na final em Madrid, plano de governo argentino é ativado
Projeto do presidente Maurício Macri para combater os 'barra bravas' será posto em ação para evitar ações na decisão da Libertadores, no próximo domingo
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Após os incidentes em torno do Estádio Monumental de Nuñez, Mauricio Macri, presidente da Argentina, anunciou que acrescentaria às sessões extraordinárias do congresso um projeto para endurecer as penas contra atos de violência das barras bravas do país. Ele foi apresentado inicialmente em 2016 pela ministra da Segurança da Nação, Patricia Bullrich, e perdeu força no parlamento em fevereiro deste ano, tendo sido engavetada. A questão nunca foi discutida novamente até que os prazos legislativos para discussão e aprovação expirassem.
A ideia do governo é que o projeto passe pela Câmara dos Deputados, de acordo com a confirmação do presidente provisório do Senado, Federico Pinedo, que garantiu acelerar o debate, que poderia ter início já nesta quinta-feira, 6 dezembro. Será apresentado um projeto semelhante ao de 2016, mas adaptado ao Código Penal que elaborou uma comissão de 12 juristas e que será debatido no Congresso.
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O objetivo do projeto visa difundir os barras e interromper seus negócios ilegais. O Estado passaria a substituir os clubes como responsável pela admissão dos torcedores nos estádios e as penas para infrações cometidas por eles teriam um endurecimento, variando de dois a oito anos de prisão. Além disso, o projeto prevê medidas para impedir que pessoas proibidas de entrar em estádios permaneçam nas proximidades. Dirigentes de clubes que apoiassem indiretamente as facções também seriam punidos.
- O governo Kirchner gerou um antes e um depois nas barras, são os responsáveis pela violência destes grupos - disse Mauricio Macri em coletiva de imprensa realizada após o G20, culpando a antecessora Cristina Kirchner pelo atual cenário.
Em 2014, o diário El Confidencial veiculou matérias sobre as relações dos barras com Cristina Fernández de Kirchner. A ex-presidenta seria responsável por alimentar ações dos barras contra opositores do seu governo e exposiçã de banners em seu nome em troca da permissividade policial a esse grupos. No livro "Barrabrava para todos", Juan Manuel Lugones, diretor da Agência para Prevenção da Violência, entidade governamental da província de Buenos Aires, conta que quando trabalhou no Ministério do Interior, sob o comando de Nestor Kirchner, marido de Cristina que presidiu o país antes dela e faleceu em 2010, vários membros dos Borrachos del Tablón, barra do River, ocupavam cargos políticos.
- Uma parte da liderança gerencia essas coisas- disse Macri, culpando os diretores dos clubes de futebol pelas ações dos barras. Macri foi presidente do Boca Juniors entre 1995 e 2008 antes de se dedicar totalmente à política.
Os barrabravas se tornaram um poder desafiador na Argentina. Conduzem parte do grande espetáculo do futebol sul-americano, mas por trás de suas canções, bandeiras e tambores, há aspectos ocultos como violência, territorialidade e apoio político em atos brutais. A pressão que exercem sobre os clubes também é esmagadora, pedem dinheiro e ingressos para revender em troca de proteção e trabalhos ilegais. Outra fonte de renda para os grupos é a venda de drogas, de tours ao estádio e uniformes oficiais fornecidos pelos clubes. Ser barrabrava se tornou praticamente um emprego. Alguns especialistas acreditam que isso é um reflexo de problemas comuns no país, como o desemprego, a corrupção ou a impunidade, mas também o crescimento do futebol como um dos principais fenômenos comerciais e populares.
A pedido do Ministério do Interior e da Polícia Nacional da Espanha, o programa Tribuna Segura, criado por Mauricio Macri em 2016, irá a Madrid para controlar as barras de ambas equipes na superfinal, que será realizada este domingo, às 17h30 (de Brasília). Com a aprovação do presidente Mauricio Macri, um grupo do Ministério da Segurança da Nação viajará nos próximos dias à Espanha, liderados por Guillermo Madero, diretor de Segurança Nacional no Futebol, junto de membros da Polícia Federal, que ajudará na identificação dos barras. Tribuna Segura é um sistema que aceita ou restringe o acesso de torcedores ao estádio, através da consulta do documento. O banco de dados que será levado ao Santiago Bernabéu conta com a restrição de 500 torcedores do Boca e do River.
A Aerolíneas Argentinas informou esta semana que os torcedores das equipes viajarão em aviões diferentes. Haverá um avião exclusivo para cada torcida.
Além do governo, os "verdadeiros torcedores" do River Plate, em partida realizada este domingo no Monumental, protestaram contra a barra Borrachos Del Tablón. Os cânticos entoados culpavam a torcida pelo ataque ao ônibus do Boca Juniors. Além disso, foram colocadas bandeiras ao contrário e cartazes com dizeres pedindo pelo fim das barras.
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