Empresária de Haaland, Rafaela Pimenta detalha entrada no futebol feminino: ‘Não vou ganhar dinheiro’
Agente abre o jogo sobre futuro de Yohannes e critica sexualização de mulheres

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Empresária de Haaland e outros grandes nomes do futebol mundial, Rafaela Pimenta também atua no futebol feminino. Nesse cenário, a superagente já trilha um caminho de sucesso e contra com clientes que fazem barulho na Europa, como Salma Paralluelo, do Barcelona, e Lily Yohannes, do Ajax.
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Em entrevista exclusiva ao Lance!, Rafaela Pimenta detalhou sua entrada no futebol feminino e afirmou que esse projeto se dá mais por ideologia do que por questões financeiras. A empresária busca encontrar através de seu trabalho um caminho para que a modalidade siga crescendo.
- Eu gosto muito de trabalhar com as meninas também. É uma novidade que começamos há dois anos começar trabalhar com futebol feminino. É muito especial pra mim, porque acho que as meninas não são respeitadas como merecem. Entrei no futebol feminino com a clara convicção de que não vou ganhar dinheiro. Talvez possa acontecer na frente, mas não é o caso no momento. O momento é das meninas. Mas entrei para tentar trazer, pelo menos da minha parte de agência, uma certa credibilidade, aproveitar essa credibilidade que a gente tem e falar: "Eu vim bater na mesa pelas meninas". Tenho visto alguns resultados interessantes. Elas merecem e elas ainda não estão onde elas vão estar daqui a alguns anos.
Rafaela Pimenta acredita que o desenvolvimento do futebol feminino deve ser estimulado desde a infância, uma vez o esporte é um elemento de construção social. A empresária possui um projeto que está próximo de chegar ao Brasil com o objetivo de estimular que mais meninas joguem futebol, tenham espaço e oportunidade.
Em tempos de globalização, a agente vê o crescimento da modalidade, independentemente do gênero, entre jovens das novas gerações. E em meio a essa expansão, a brasileira comentou sobre a dificuldade de lidar com contratos de talentos que estão surgindo, como é o caso de Lily Yohannes, quando se trata de sua área de atuação.
- Estou tratando de uma transferência que imagino que seja a Maradona do futebol feminino, que é a Lily Yohannes. A Lily vai se transferir nessa próxima janela. Estamos lidando com grandíssimos clubes, todos eles querem a Lily, mas existe praticamente uma competição entre o governo holandês e o governo americano pra saber qual camisa ela vai vestir. É uma dificuldade tratar o contrato da Lily. É óbvio que o que está sendo oferecido hoje, é compatível com a realidade do futebol feminino. Mas ela tem 17 anos e vai assinar cinco (anos). Como eu estou vendo uma mudança em tudo o que está acontecendo no futebol feminino, qualquer coisa que eu fizer pra Lily vai estar defasado em três anos. Essa é a minha grande esperança.
Uma das grandes referências de Rafaela Pimenta nesse cenário é Michele Kang, empresária do ramo de saúde que passou a investir nos últimos anos no futebol feminino. A sul-coreana é dona do Washington Spirit, da NWSL, Lyon e London City, que ocupa a vice-liderança da WSL 2.
A brasileira exalta a existência de uma mulher que investe no futebol feminino e vê um número cada vez maior de profissionais vendo o setor com olhos positivos. E a agente fez um alerta para um movimento que acontecia com frequência, mas que está cada vez mais diminuindo.
- Você pega por exemplo a Michele Kang, que é uma dona multiclubes, mas só de clubes femininos. Ela entrou no futebol feminino para fazer futebol feminino. Ela não é uma pessoa que sobrou do masculino e caiu pro feminino, como acontecia muito no passado, inclusive com dirigentes e treinadores. Algumas pessoas que não encontravam espaço no masculino, iam para o feminino. Hoje não. A equipe da Michelle é uma equipe devota ao feminino, que está lá por escolha. O CEO da operação da Michelle era um grande diretor do Lyon, que poderia estar em qualquer clube e escolheu presidir o projeto da Michelle. As treinadoras e treinadores de futebol feminino são pessoas que querem estar no feminino. Não é porque querem se fazer ver para chegar no masculino. Continuo sendo procuradora do Haaland, mas quero estar no feminino. Não é porque não tenho espaço no masculino. Isso tudo vai reforçar a posição.

Outro ponto que contribui para a evolução do futebol feminino é a necessidade do público consumir cada vez mais conteúdo, segundo Rafaela Pimenta. A ideia de que as pessoas buscam assistir mais conteúdos, seja no entretenimento, seja no esporte, faz com que a modalidade ganhe força.
- Eu também tive a sensação de que foi de repente (o crescimento do futebol feminino na Europa). Quando a gente viu, tinha um movimento de futebol feminino que tinha começado na Europa. Era um eixo Estados Unidos-Brasil, mas de repente os caras começaram a fazer futebol feminino. Quando vi, em um espaço de poucos anos, o que a gente não viu em 20 anos, começou a acontecer na Europa em relação ao futebol feminino. Eu acho que está relacionado a multiplicação de conteúdos, a diminuição do custo de streaming, facilitação de captar esses eventos com uma câmera. Com essa facilitação, se tornou mais fácil criar torneios, a locomoção... Com essa facilidade das telecomunicações de transmitir tudo, começa a faltar conteúdo. Já não é suficiente assistir o Brasileirão e a Champions League. Ninguém quer ficar mais três meses sem futebol. Se não for por bem, vai por mal o futebol feminino, porque a hora que não tiver mais quanto os homens jogarem, o pessoal vai começar a assistir as mulheres, porque elas também jogam bola e é mais coisa pra gente ver.
Nesta semana, quatro jogos encerram a fase de quartas de final da Champions League Feminina em busca de vagas nas semifinais. A competição, que iniciou com 16 clubes, tem decisão marcada para o dia 24 de maio, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Rafaela Pimenta condena sexualização de mulheres
Rafaela Pimenta também condenou a sexualização das mulheres no futebol por conta do tratamento recebido, que é diferente em relação a homens. A empresária chegou a afirmar que existe um "abuso de privacidade" e luta por mais respeito.
- Acho que as meninas não são respeitadas como merecem, não são tratadas como serão tratadas daqui a alguns anos, mas está muito misturado o conceito de que é uma atleta ou uma barbie sexy. Essa sexualização da jogadora de futebol, esse abuso da privacidade das jogadoras... Elas merecem a privacidade delas tanto quanto os homens, mas as pessoas se sentem no direito de falar de assuntos que fogem do futebol, de fazer perguntas que não são adequadas, girando em torno da sexualidade. Ninguém tem direito de entrar nessa área ao menos que a pessoa queira compartilhar. E as pessoas se sentem no direito, quando se fala de jogadora de futebol, de explorar temas que não se faz com homens.
Na última Copa do Mundo Feminina, em 2023, Luis Rubiales, ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol, beijou a jogadora Jenni Hermoso sem consentimento. No mês passado, o ex-dirigente foi considerado culpado por agressão sexual e multado em 10 mil euros (R$ 56 mil).
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