Gil quer fim de hegemonia na China: ‘Guangzhou é o time a ser batido’
Ao LANCE!, zagueiro do Shandong Luneng diz que atual heptacampeão é o principal favorito à conquista da Super Liga. Brasileiro está em sua terceira temporada no clube
Após terminar em sexto na Super Liga Chinesa em 2017, o Shandong Luneng faz sua estreia na temporada neste domingo, quando enfrenta o Beijing Guoan, em casa, às 8h35 (de Brasília). O time conta com os gols de Diego Tardelli e a boa defesa, liderada por Gil.
Na última temporada, o zagueiro brasileiro foi o pilar da defesa do Shandong Luneng, a melhor do campeonato, com 33 gols sofridos em 30 jogos. Em entrevista ao LANCE!, o jogador fala de sua expectativa para o seu terceiro ano no futebol chinês, o segredo para evitar lesões e o que fazer para desbancar a hegemonia no Guangzhou Evergrande, atual heptacampeão.
Como chega o Shandong Luneng para esta temporada? É a vez de brigar, de fato, pelo título chinês?
É a nossa expectativa. Chegaram dois novos brasileiros para a comissão técnica. Estamos esperançosos de fazer uma ótima temporada. Temos treinado bem, fizemos uma grande preparação e estamos à espera do início do Campeonato Chinês para colocar em prática tudo o que fizemos na pré-temporada.
A estreia é no domingo contra o Beijing Guoan. O Shandong Luneng está preparado para o confronto?
Estamos preparados. Fizemos uma grande pré-temporada e estamos no aguardo dos jogos para acabar com essa ansiedade da estreia.
Como foi o balanço de contratações e saídas de jogadores? O Shandong vem mais forte?
Por incrível que pareça, não fizemos nenhuma grande contratação. O grupo é o mesmo da temporada passada. Mudou a comissão técnica, mas os jogadores continuam os mesmos. Nos conhecemos bem, estou em minha terceira temporada na China e se colocarmos em prática tudo o que fizemos na pré-temporada, vamos entrar muito bem.
O que esperar desta terceira temporada na China? O que você viu de mudança no futebol local?
O futebol aqui tem crescido bastante. O que os chineses têm programado, o que têm feito para poder melhorar. Vários jogadores de renome no futebol europeu ainda estão vindo para cá,. Eles têm feito de tudo para crescer o campeonato. Em 2016, quando cheguei aqui, não era televisionado para o Brasil. Várias equipes da Europa vêm fazer pré-temporada aqui na China. Isso demonstra o poder dos chineses de colocar o futebol daqui em um nível maior do que era em anos anteriores.
Dá para perceber o investimento na base que os times vêm fazendo?
Sim. O Shandong Luneng, por exemplo, tem base em São Paulo e forma jogadores lá. Nosso time manda vários jogadores para Europa, para ganhar experiência. Eles podem fazer um tour pela Europa ou Brasil. Isso é importante. Temos bons jogadores do sub-23. Estamos focados em ajudar no crescimento do futebol local.
Na última temporada, o Shandong Luneng ficou na sexta posição e não conseguiu nem sequer uma vaga na Liga dos Campeões da Ásia. O que faltou para a equipe?
Não posso dizer que a temporada foi muito boa porque não conseguimos a classificação para a Liga dos Campeões da Ásia. Fica um pouco estranho dizer que foi boa. Mas fizemos de tudo para recolocar o time na competição, empatamos muitos jogos que deveríamos ter vencido, inclusive em casa, diante do nosso torcedor. Infelizmente o futebol é assim. Há outras equipes de qualidade que buscavam uma vaga na Champions e conseguiram. Agora, temos que focar nesse ano e fazer o melhor, pois sabemos como funciona o futebol chinês e nossa equipe tem condições de brigar na parte de cima da tabela. É muito difícil, todas as equipes estão se igualando e não podemos deixar escapar como em 2017, principalmente em partidas em casa.
Apesar da sexta colocação na Super Liga, a defesa do Shandong foi a melhor do campeonato. Qual foi o segredo?
Conseguimos esse feito de ter uma das melhores defesas do campeonato. É importante para o clube também. Em todas as equipes nas quais trabalhei têm esse pensamento de focar na defesa. Foram três anos seguidos no Corinthians, aqui no ano passado. Isso mostra o valor dos defensores, de toda a equipe. A marcação começa lá no ataque. Começamos 2018 focando nisso, de levar menos gols possíveis, pois sabemos da qualidade dos nossos atacantes. Temos que estar preparados novamente, pois vamos grandes equipes para tentar conseguir esse feito novamente.
O time a ser batido em 2018 é o Guangzhou Evergrande novamente?
Acredito que sim. Há também o Shanghai SIPG, Beijing Guoan e outras equipes que estão se reforçando bem, alguns mantendo o elenco. O Guangzhou é o time a ser batido pois é o atual campeão. Temos que manter o foco para fazer uma grande temporada junto com essas equipes.
Nas duas última temporadas, você ficou fora em apenas uma partida da Super Liga Chinesa. Como é sua preparação para evitar lesões ou suspensões?
Graças a Deus tenho um suporte muito bom de recuperação, uma estrutura muito boa para realizarmos o nosso melhor trabalho. Tenho aproveitado bastante isso. Não só aqui na China, mas também na minha época do Corinthians, sempre faço meu trabalho à parte, gosto de chegar primeiro, ir para a academia, depois no campo. No fim, passar de novo na academia. Isso é importante para o atleta. Na minha carreira inteira sempre me cuidei para não ter lesão. E estar dentro de campo é o mais gostoso, temos que desfrutar. Jogar só é feliz dentro de campo. Então, me preparo bastante para isso, para ajudar a equipe.
Você já teve o Mano Menezes e o Felix Magath como treinador. Agora, será a vez do Xiaoping Li, um chinês. Como vê essa mudança? Pode atrapalhar na questão da comunicação?
Não. Pelo contrário. Ele gosta muito de jogadores brasileiros, entende um pouco o português até pela convivência, já tem muito tempo de clube. Nos dois últimos anos ele era diretor, mas já foi treinador em outras ocasiões. O inglês ajuda também, a gente fala um pouco do idioma. Vamos fazer de tudo para ajudá-lo nessa nova função que está exercendo no Shandong Luneng. Os chineses também sabem da nossa condição de trabalho, da dedicação nos treinos. Contra isso eles são bastante tranquilos.
Qual sua meta para a temporada no Shandong Luneng?
Tenho mais dois anos de contrato. A meta é continuar fazendo o meu melhor com os meus companheiros. Ninguém trabalha sozinho. Me preparo para sempre fazer o meu melhor. Sempre abdiquei de parte de minhas férias para poder chegar bem. Esse ano não foi diferente e espero contribuir da melhor maneira possível para o clube novamente e brigar por coisas maiores.
Você recebeu propostas para deixar o Shandong Luneng?
Sim. Fiquei sabendo pelo meu empresário e outras pessoas me procuraram para tentar viabilizar minha ida para a Europa. Mas aqui na China eles gostam bastante de mim. Nos últimos anos, fui um dos poucos defensores que vim para China. Graças ao meu trabalho, as pessoas no clube gostam de mim. Acho que eles estão felizes com essa parte, pois não aceitaram nem ouvir as propostas e disseram que não iriam me liberar. Fico feliz porque é fruto do meu trabalho e continuo trabalhando da mesma maneira para cumprir o meu contrato bem e fazer sempre o melhor para o clube. Não posso falar qual equipe da Europa porque não houve mais contato após a negativa do Shandong Luneng.