Lateral do Las Palmas, Michel fala do interesse do Barcelona e chance de jogar pela seleção da Espanha
Brasileiro cita as sondagens dos catalães e de outros clubes do futebol europeu. Com dupla cidadania, jogador está apto a atuar pela Fúria. Ele comenta ainda passagem pelo Galo
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A saída de Daniel Alves abriu uma lacuna na lateral direita do Barcelona. Reforços, como Aleix Vidal, não vingaram, assim como Sergi Roberto improvisado na posição. Um brasileiro quase foi contratado para solucionar o problema do clube catalão: Michel, um dos destaques do Las Palmas.
Michel chegou às Ilhas Canárias em 2016, após passar seis temporadas no Almería - e mais duas emprestado ao Atlético-MG, onde conquistou a Copa Libertadores. As boas atuações no Las Palmas chamaram a atenção do Barcelona, que entrou em contato com dirigentes do seu clube. No entanto, uma lesão muscular na coxa direita fez o brasileiro parar por mais de dois meses, o que prejudicou qualquer tipo de negociação.
Em entrevista ao LANCE!, Michel fala sobre esse contato do Barcelona, o interesse de outras equipes, como Galatasaray e times da Premier League. O lateral comenta ainda a possibilidade de atuar pela seleção da Espanha, uma vez que tem dupla cidadania.
O jornal "Marca" publicou que você poderia atuar pela seleção espanhola, já que possui dupla cidadania. Como está essa situação? O técnico Julen Lopetegui lhe procurou?
Já tenho a dupla cidadania faz um ano e meio. O técnico da Espanha ainda não me procurou, ainda não chegou nenhuma informação diretamente a mim sobre o interesse. Só alguns diretores do Las Palmas que me perguntaram se eu gostaria de um dia poder atuar pela seleção, falaram que tinha gente da Fúria de olho. Respondi que sim, não iria fechar as portas. Foi na Espanha que consegui me tornar profissional. Lógico que todo jogador sonha em atuar pela seleção do seu país, mas como não tenho chances de poder jogar pelo Brasil, se a Espanha me chamar, vou sem dúvidas.
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A Seleção vive grande momento e tem bons nomes para a lateral, como Daniel Alves, Mariano, Fagner... Você acredita que poderia ter mais espaço atuando pela Espanha?
A Seleção Brasileira tem muitos laterais. Quatro ou cinco que podem ser convocados. Mas na Espanha também não é fácil. Tem o Carvajal, Azpilicueta, Bellerín e outros que já têm nome e atuam em times grandes. Seria bastante difícil jogar na Fúria também, mas como recebi a notícia que já tinha gente de olho, os diretores esportivos do clube já perguntaram se eu gostaria de atuar pela seleção, acho que seria até mais fácil entrar na equipe espanhola do que na brasileira.
Na janela de transferências do inverno europeu, em janeiro, você teve o nome ligado ao Barcelona. Agora, a informação voltou a aparecer na imprensa espanhola. Em que pé está essa situação?
A ligação com o Barcelona começou quando o time estava bem. O Las Palmas vinha fazendo um bom campeonato até o início de fevereiro, mas logo tive uma lesão que me tirou dos campos por dois meses, o que atrapalhou bastante a negociação. Mas ficou apenas no rumor, mas gente de dentro do Barcelona já tinha comentado com dirigentes do Las Palmas a possibilidade de eu ir para lá. Só que infelizmente não aconteceu pelo fato de eu ter me lesionado e ficado fora por esse período.
Na primeira metade da temporada, você vinha se destacando pelo Las Palmas até sofrer uma lesão muscular na coxa direita. Foi o seu melhor momento na carreira?
Acredito que sim. O time estava bem, eu estava conseguindo me destacar. Dei algumas assistências, ajudei bastante o time. O começo da última temporada foi o meu melhor momento.
Você recebeu propostas de outros times. Quais foram?
Teve o Brighton & Hove Albion, o Newcastle, o Galatasaray, Lille, Barcelona. Vejo como reconhecimento do meu trabalho. Se você consegue desempenhar bem o seu papel, logo vem o interesse das equipes. Teve até mais times que demonstraram interesse em me contratar, mas as negociações também não evoluíram tanto. Perguntaram como eu estava, se tinha possibilidade de contratar, mas não chegou uma proposta concreta para que eu pudesse estudar e, quem sabe, fechar. Foram só rumores, que me fortalecem bastante para chegar nesta temporada e fazer ainda melhor do que fiz na passada.
Qual seria sua prioridade: permanecer no futebol espanhol ou atuar em uma outra liga?
Se eu pudesse escolher, ficaria em um time grande da Espanha, até porque eu já estou bastante adaptado ao país, ao clima, cultura, comida. Acredito que seria mais fácil. Minha prioridade é estar em um clube de ponta, que entre para ganhar os títulos das competições. Mas também tenho o sonho de jogar na Premier League, quem sabe um dia eu jogue em uma equipe do futebol inglês? Seria muito bom para a minha carreira.
Você já está no futebol espanhol desde 2008, quando chegou ao Almería. Como surgiu essa primeira oportunidade no exterior?
Eu jogava na base do Flamengo, mas fui fazer um campeonato com a Seleção na Espanha. Havia alguns dirigentes de times espanhóis e um diretor do Almería estava lá, teve um jogo que fui bem, consegui me destacar, e logo depois ele entrou em contato, perguntando se eu gostaria de atuar no futebol do país, no Almería. Disse a ele que era um sonho jogar no exterior. Meu representante na época, o Eduardo Uram, fez toda a negociação para que eu pudesse jogar na Europa. Com 18 anos, pude sair do Brasil e me tornar profissional na Espanha.
Como foi a adaptação na Espanha?
No começo, foi bastante difícil. É tudo diferente, o clima, a comida... tudo é bastante complicado. Você sai do Brasil, estava com sua família, as pessoas que você gosta, para poder ir para outro país e sozinho. É muito difícil. Mas com três meses eu já estava conseguindo falar um pouco do espanhol, isso facilitou um pouco também. Não demorou muito e minha mãe foi para lá ficar comigo, me ajudar, e logo pareceu que eu já estava em casa.
Como é atuar contra grandes craques como Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar?
É bastante complicado. São muitos jogadores de qualidade no futebol espanhol que é difícil falar um nome. Entre eles, o mais difícil que eu marquei até hoje foi o Neymar. Ele é muito diferente, tem uma qualidade tremenda, o que dificulta a marcação. O Cristiano Ronaldo também cai pelo meu lado, mas o Neymar é diferente. Ele tem algo que... não sei explicar. Tem velocidade, qualidade, mistura tudo.
Você também chegou a encarar outras feras, como Ibrahimovic?
Eu enfrentei o Ibrahimovic em apenas uma oportunidade. No outro jogo eu fiquei fora por estar lesionado. Mas neste jogo, foi bastante complicado. Ele é muito alto, gosta de usar bastante o corpo, o que complica para os marcadores. Ele tem muita qualidade com os pés. Mas nada se compara ao Neymar.
"Neymar é o jogador mais difícil de marcar. Ele é muito diferente, tem uma qualidade tremenda, o que dificulta a marcação"
Você teve uma passagem de dois anos pelo Atlético-MG, mas não atuou muito. Ficou alguma frustração?
Não ficou nenhuma frustração. Quando eu cheguei no Atlético, o grupo já era bastante fechado, já tinha uma grande equipe. Sabia que seria difícil jogar por ter o Marcos Rocha, jogador de seleção. Então, sabia que não seria fácil. Tive algumas oportunidades, não tantas como eu gostaria de ter, mas fiquei feliz de poder atuar profissionalmente no Brasil. Mas no Atlético consegui, fiz alguns bons jogos. Mas não tenho frustração. Para mim, isso é aprendizado. Temos que passar na vida por tudo. Graças a Deus, pude sair campeão da Libertadores mesmo atuando pouco, tenho esse título no meu currículo.
Você foi titular na final da Libertadores. Como foi a experiência? Esperava por esse momento no Galo?
Não esperava, até porque estava no banco no primeiro jogo contra o Olimpia, fora de casa, estávamos perdendo já por 2 a 0. O Marcos Rocha já tinha cartão amarelo. Não esperava jogar, mas ele acabou sendo expulso faltando cinco minutos para o fim da partida. Na hora, o treinador olhou para o banco, os jogadores olharam para mim, fiquei um pouco surpreso. Durante a semana estava treinando como titular, sabendo que poderia jogar, mas havia outro jogador da minha posição que também estava treinando. E pude jogar a final, fui bem e ajudei o Atlético a sair campeão.
Você foi revelado pelo Flamengo, mas não teve oportunidade no time principal. O que faltou para ter uma chance? Gostaria de voltar ao Rubro-Negro?
Claro. O meu sonho é voltar ao Flamengo, onde fui criado e fiquei mais de três anos na base. Participei do futsal do clube, tenho uma história no Flamengo. Se eu tiver a oportunidade de retornar algum dia, volto sem dúvidas. Considero o Flamengo como se fosse minha casa.
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