Real e Barça fazem mais um clássico marcado por tensões políticas
Catalunha discute processo de independência contra a vontade do governo espanhol. Em campo, 'militante' Piqué é o centro das atenções no duelo deste sábado
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Real Madrid e Barcelona se enfrentam neste sábado, às 15h15 (horário de Brasília), no Santiago Bernabéu, em mais um clássico marcado por tensões políticas. No centro das atenções está o zagueiro Piqué, inveterado defensor das questões ligadas à independência catalã. O jogador mais engajado do elenco azul-grená não espera outra recepção além de uma enxurrada de vaias e ofensas.
Enquanto o Barcelona, de olho nas receitas, adota cautela na queda de braço com o governo de Madri, Piqué comprou a briga separatista. Como consequência, recebeu a antipatia do público de Oviedo, León e Alicante, mesmo vestindo a camisa da seleção espanhola.
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No ano passado, Piqué marchou ao lado de simpatizantes da independência catalã em plebiscito que apontou a vitória esmagadora da autonomia ao território espanhol. Porém, a consulta popular não foi reconhecida por Madri.
Em setembro deste ano, o zagueiro participou do pleito que confirmou a vitória das forças separatistas na Catalunha.
– A população não quer mais sustentar a Espanha. A Catalunha tem uma economia muito forte. Já o Barcelona está preocupado com negócios. O clube quer mudar a realidade sem usar a força, somente pelo convencimento da marca – afirmou, ao LANCE!, Tanguy Baghdadi, professor de Política Internacional e especialista em Relações Internacionais.
PIQUÉ x CRISTIANO RONALDO
Piqué cutuca: 'As vaias do Bernabéu são como uma sinfonia'
Para aumentar o ódio dos merengues, Piqué ainda provocou Cristiano Ronaldo na celebração dos títulos do Barça conquistados na temporada passada. Meses depois, levou uma dura de Sergio Ramos, companheiro de seleção espanhola, mas rival no duelo deste sábado.
BATE-BOLA Tanguy Baghdadi, especialista em Relações Internacionais
‘Se a Espanha perder a Catalunha, ficará sem a região mais rica’
LANCE: Por que o governo espanhol não permite aos catalães a liberdade de escolher democraticamente o destino, como o Reino Unido fez com a Escócia?
TANGUY BAGHDADI: Madri representa a unidade do território espanhol. O país tem várias regiões que podem buscar a independência a partir do exemplo catalão. A outra razão é econômica. A Catalunha é a região mais rica, com a renda per capita mais alta. Vale lembrar que a Espanha ainda tenta se recuperar da grave crise de 2010-2011.
L: Qual lado ficaria com o prejuízo maior numa eventual separação?
TB: Depende do enfoque. A Catalunha passaria até dez anos negociando acordos regionais, sem nenhuma chance de entrar na zona do euro por conta da vontade espanhola. É como no casamento. A separação acaba com os laços mais importantes.
L: O processo de independência pode influenciar nas eleições para o próximo presidente da Espanha, em dezembro?
TB: Terá um impacto forte, pois passará a entrar na agenda política. Mas é bom ressaltar que não é fácil chegar à separação. Há uma divisão entre conservadores, liberais, socialistas no próprio movimento de independência.
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