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Recordista, Gallardo se consolida ídolo no River como jogador e técnico

Em três das quatro vezes em que o Millionários levou a Libertadores, Gallardo esteve presente - uma como jogador e duas como técnico. Conheça um pouco mais de sua história

Marcelo Gallardo deixou o futuro em aberto no River Plate
imagem cameraDivulgação River Plate
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Lance!
Buenos Aires (ARG) 
Dia 11/12/2018
21:16
Atualizado em 11/12/2018
21:35

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Marcelo Gallardo foi o maior personagem da Copa Libertadores 2018. Suspenso, desceu ao gramado do Santiago Bernabéu em lágrimas após o apito final, para comemorar mais um torneio continental com seus jogadores. Uma admiração mútua e transferência de valores. Também um gesto que emana da respeito e comunhão existente entre elenco e treinador. Mesmo não podendo dirigir a equipe do banco de reservas, sua equipe refletiu exatamente o brilho que vem exibindo desde sua chegada. Após violar uma sanção, indo ao vestiário do River e falando com seu assistente durante o jogo contra o Grêmio, na semifinal, o técnico argentino virou pivô de uma polêmica, pegou quatro jogos de gancho e não esteve no comando nos jogos da final.

- Acredito que é o título mais importante da história do River. Esse duelo pode demorar muito até ocorrer outra vez. Não há antecedentes, por isso considero como a maior vitória da história. O torcedor te faz sentir. Seguirei com a mesma vontade de buscar por mais. Foi um acontecimento único que vivi e recordarei para sempre - contou Gallardo, após conquista no Bernabéu.

É o primeiro profissional na história do clube a conquistar como treinador dois títulos da máxima competição. Em toda sua trajetória de River Plate, triunfou em três das quatro taças Libertadores da equipe, duas na posição de comandante e uma como jogador, em 96. Com a vitória em Madrid, atingiu a marca de nove títulos como técnico (Copa Argentina 2016 e 2017, Copa Sul-Americana 2014, Recopa 2015 e 2016, Copa Libertadores 2015 e 2018, Suruga Bank 2015 e Supercopa Argentina 2018), igualando-se a Ramón Diáz, como o mais vencedor da história millonária.

Além disso, Gallardo possui a invejável marca de ser campeão da Libertadores como jogador e técnico pelo mesmo time. O brasileiro Renato Gaúcho, ao levar o Grêmio ao título da edição passada, obteve o mesmo feito - havia sido campeão da Libertadores como jogador em 83 pelo mesmo tricolor gaúcho. Para o argentino, falta apenas o Mundial de Clubes. Em 2015, no Japão, perdeu a final para o Barcelona. Nos Emirados Árabes, agora em 2018, terá a possibilidade de levantar a única taça que ainda não conquistou.

- Por tudo que vivemos, presentear o torcedor com essa vitória foi um carinho e um abraço no coração. Foi para todos os torcedores que não tiveram a possibilidade de ver o River no estádio. Depois de tantas coisas vividas, sabíamos que tínhamos a possibilidade de presentear a todos com esse título - contou Gallardo, em coletiva de imprensa.

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Era artista da bola com o 10 nas costas, passou por Monaco e PSG, na França, foi campeão em épocas seguidas pelo Nacional, como jogador e técnico. A história se repete no River, onde foi um dos jogadores mais destacados na década de 90, teve três passagens pela equipe e coleciona oito títulos com a camisa millonária, sendo um deles a Copa Libertadores de 1996.

"El Napoleón" começou sua carreira como treinador no Monumental com um elenco ainda marcado pelo traumático rebaixamento de 2011. Desde junho de 2014, o comandante já conquistou nove títulos para a equipe em que é ídolo absoluto. O último deles, vencido neste domingo, a maior final de Copa Libertadores da história contra seu maior rival, Boca Juniors.

"El Muñeco", assim denominado pelos torcedores do River, nasceu em Merlo, cidade da província de San Luis. Sonhava em ser piloto de avião até que foi por acaso a um teste da equipe millonária com dois amigos. Com 12 anos revelava ao mundo um craque em potência. Foi aceito pelo clube e todos os dias precisava viajar duas horas para chegar até o centro de treinamento com apenas dois pesos por dia. Quando sentia fome, acabava gastando o dinheiro e precisava ser criativo para conseguir voltar pra casa. Com 17 anos, estreou na equipe principal e em seis temporadas de futebol profissional conquistou: quatro torneios Apertura, um Clausura, uma Libertadores e uma Sul-Americana. Saiu em 1999, indo para um Mônaco, sua primeira vez na Europa, onde deu de cara com o treinador Didier Deschamps, atual campeão mundial dirigindo a seleção da França.  

Marcelo Gallardo pertenceu à fila sem fim dos camisas 10 destros da Argentina, que buscavam assumir a dinastia deixada pelo pé esquerdo de Maradona. Era um jogador de cabeça levantada e bola colada no pé que transformava qualquer cobrança de falta num pênalti com barreira. Mas também era aquele rebelde que surgia em primeiro plano nas maiores confusões em campo, principalmente nos clássicos contra o Boca Juniors, como quando deu um soco no rosto do goleiro Pato Abbondanzieri em 2004. Hoje, aos 42 anos, reinventou-se. Poliu os excessos mantendo os traços originais mais selvagens que o conduziram ao estrelado. Com isso, tornou-se um dos maiores campeões do River Plate, dentro e fora de campo, e o principal treinador argentino de 2018, após conquistar a maior taça Libertadores de todos os tempos. Gallardo é o maior personagem deste feito, armou a equipe de maneira inteligente com seus exitosos planos de jogo executados através de futebol ofensivo, harmonía, intensidade e vocação para glória.

É o primeiro a chegar ao centro de treinamento da equipe e o último a sair. Aos finais de semana, quando o River não joga, Gallardo está na tribuna do Monumental como um espectador em todos os encontros das diferentes categorias de formação do clube. Em sua planilha, carrega uma lista com 57 nomes e seus respectivos aniversários, dos jogadores aos médicos, da equipe técnica aos massagistas, dos roupeiros aos cozinheiros e seguranças. Para ele todos são família. Não abdica dessa filosofia de que todos ganham juntos, mas chama para si as responsabilidades do insucesso, porque dentro de qualquer família há sempre o patriarca. Em 2015, quando conquistou a primeira Libertadores pelo River como treinador, o ex volante havia perdido a mãe dias antes da conquista. Desde então, adotou o clube como família.

O técnico é conhecido por ler muito nos tempos livres. Recentemente, contou ao Infobae, site de notícias argentino - que se apaixonou pela biografia de Pep Guardiola, que explica alguns dos segredos da construção do tiki-taka do Barcelona antes de dirigir o Bayer e, mais tarde, o Manchester City. Alguns desses traços foram implantados por ele no River, como o jogo ofensivo na velocidade de circulação e pressão alta para recuperar a bola em terrenos mais avançados. Marcelo Bielsa, "el loco", é outra das suas grandes referências como treinador.

Seu contrato com a equipe millonária tem validade até dezembro de 2021. Muito se fala sobre sua possível ida à Seleção Argentina ou para algum clube Europeu. Rodolfo D'Onofrio, presidente do River Plate, após as comemorações do título, assegurou que o vínculo de Marcelo Gallardo será renovado. Também durante os festejos, o treinador revelou à Enzo Francescoli, ex jogador riverplatense, que ainda há muito para conquistar pela equipe portenha.

- Nos abraçamos e dissemos que ainda temos muito o que conquistar, que deveríamos seguir fazendo história. Marcelo tem o compromisso de seguir brigando, nada do que conquistamos significará um 'até aqui chegamos'. Ele seguirá. Não deixará o River - afirmou D'Onofrio.

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