Brasil possui potencial para ter 5ª liga mais importante do mundo, segundo presidente da LaLiga
Más condições estruturais e desavenças entre clubes atrapalham formação de liga; grupos discutem fair play financeiro
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Premier League (Inglaterra), LaLiga (Espanha), Bundesliga (Alemanha) e Serie A (Itália): só essas ligas de clubes seriam superiores à do Brasil caso ela saísse do papel e atingisse seu máximo potencial. A informação foi divulgada pelo próprio presidente de LaLiga, Javier Tebas.
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A liga espanhola, a XP investimentos e a empresa Alvarez & Marsal foram instituições que participaram de reuniões com os times brasileiros e apresentaram projetos para a formação da liga de clubes no país. Entretanto, segundo apuração do LANCE!, alguns fatores ainda travam a ideia ser colocada em prática e, consequentemente, a liga se tornar top-5 do mundo.
O primeiro é o fato dos dois grupos principais ainda não estarem de acordo com o modelo de negócios. O primeiro, chamado de Libra (Liga Brasileira de Clubes), é composto majoritariamente por clubes considerados 'grandes' e de maiores torcidas. O segundo é o Futebol Forte, predominantemente formado por times 'emergentes'.
No estatuto, a Libra definiu a divisão de 40% da receita igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de variáveis por performance e 30% por engajamento. Porém, o Forte discorda e afirma que a diferença entre o campeão brasileiro e o lanterna da competição, por essa divisão, geraria um abismo de até 6,5 vezes na receita de cada um dos clubes.
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O impasse nas divisões de receitas é o principal entrave. Há, inclusive, um 'racha' na própria Libra sobre o tema. Para que uma liga prospere, é preciso ter uma equidade maior na distribuição de renda, segundo o que foi dito à reportagem.
O segundo fator que inviabiliza uma liga no topo do mundo são as divergências políticas entre clubes. Existem priorizações de interesses particulares em detrimento do conjunto. É importante que todas as regras organizacionais e estatutárias sejam previamente bem estabelecidas, assim o risco de 'implosão' da liga no futuro é amenizado.
Outra questão que atualmente inviabiliza o futuro destaque da liga brasileira é a estrutura do futebol, como por exemplo a má qualidade de gramados dos principais estádios do país.
Esse tipo de problema influencia diretamente na qualidade do produto e desvaloriza a 'marca Brasileirão' para o restante do mundo, que pouco acompanha o principal torneio do país.
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Segundo o que soube a reportagem, a internacionalização da liga é essencial para o aumento da popularidade e, consequentemente, de sua valorização. Por exemplo, mais de 40% das receitas de LaLiga tem origem em transmissões internacionais, porcentagem muito superior a de anos anteriores.
Todos os fatores elencados, de alguma forma, possuem relação entre si, mas ainda há um longo processo até o alinhamento final. A percepção é que a liga de clubes do Brasil ainda demore um pouco para sair do papel, mas a LaLiga, por exemplo, apesar de pender aos modelos propostos pelo Futebol Forte, seguirá disposta a auxiliar e participar da iniciativa 'à brasileira'.
GRUPOS CONCORDAM SOBRE FAIR PLAY FINANCEIRO
Apesar das discordâncias sobre a divisão de receitas, há um consenso entre os grupos: a implementação do fair play financeiro, medida exigida pelo Futebol Forte. A Libra, inclusive, discute possíveis formas de como adotá-lo e em breve finalizará um relatório sobre a questão — o documento será apresentado ao grupo antagônico em setembro e está sendo elaborado pelo economista Cesar Grafietti.
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O mais estudado pela Libra para ser implantado no fair play financeiro é uma maneira de evitar 'investimentos artificiais'. Ou seja, patrocínios de firmas de um mesmo conglomerado que já detém os direitos de um clube, algo que acontece no Manchester City (ING), por exemplo, com o objetivo de inflar receitas.
ENTENDA TUDO SOBRE A FORMAÇÃO DA LIGA BRASILEIRA DE CLUBES:
PODER
Quem vai mandar na Libra? Essa é uma pergunta essencial para parte dos 25 integrantes do Futebol Forte. Há consenso entre Athletico, Fortaleza e Fluminense, o trio de ferro do bloco, que paulistas e Flamengo querem enfiar a entidade na marra e que haverá pouco espaço para eles na cadeia de comando, mesmo sob uma hipotética gerência empresarial com profissionais de fora.
Há reclamação por parte dos times da Série B também, com o estatuto da Libra como foco. Isso porque o texto prevê que os 20 integrantes da Série B tenham poder de voto de peso um ante o peso dois dados aos da Série A.
O DINHEIRO
É importante ressaltar que o Brasileirão da Libra entraria em funcionamento', digamos assim, apenas em 2025, quando vencem os atuais contratos da CBF com patrocinadores e, principalmente, a TV Globo.
Diante disso, a Liga já está acertada com a Codajas Sports Kapital (CSK), que tem o apoio do banco BTG e promete receitas na margem de até R$ 5,1 bilhões com patrocínios e direitos de transmissão.
TV
Nos bastidores, conforme o L! apurou, Amazon e Globo, dobradinha que já atua na Copa do Brasil, por exemplo, estariam de olho na Libra e demonstraram interesse na compra conjunta dos direitos.
Há ainda questões como direitos ao nome do torneio, publicidade estática nos campos de jogo, exploração da marca e TV no exterior, que aumentaria o faturamento. Segundo estudos da Liga, o Brasil tem potencial para pelo menos se igualar à França, o que deixaria o país entre as dez ligas mais valiosas do mundo.
O QUE A LIBRA DEFINIU
Em seu estatuto, a Libra definiu a divisão de 40% da receita igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de variável por performance e 30% por engajamento.
Esse último item é definido por critérios como média de público no estádio, base de assinantes de pay-per-view, número de seguidores e engajamento em redes sociais, audiência na televisão aberta e tamanho da torcida.
FUTEBOL FORTE DISCORDA
O grupo inicialmente formado apenas pelos emergentes da Série A aponta os critérios como os principais motivos pelas suas insatisfações. Segundo eles, a própria Libra detalha que a diferença entre o campeão brasileiro e o lanterna da competição, por essa divisão, geraria um abismo de até 6,5 vezes na receita de cada um dos clubes.
O Futebol Forte quer uma cópia da divisão adotada na Premier League, da Inglaterra: 50% divididos igualmente, 25% por performance e 25% da receita nos critérios de engajamento, que poderia ser rediscutida adiante. Segundo eles, isso faria cair a diferença entre primeiro e último para 3,5 vezes, valor considerado mais justo.
SÉRIE B
A divergência atingiu a Série B. Isso porque a Libra definiu em seu estatuto o repasse de 15% das receitas para a competição, podendo chegar a 20% caso os grandes caiam. Mas os clubes querem mais.
A proposta dos integrantes da Série B é de repasse de 25%. A proposta teve o apoio do Futebol Forte, que com isso angariou a adesão de 12 participantes da competição.
CONCORDÂNCIA
Nem todos os pontos entre Libra e Futebol Forte são de discórdia. Ambos aprovam, por exemplo, cláusulas de fair play financeiro colocadas no estatuto.
O trecho, inclusive, determinará punição aos clubes que infringirem a regra. É possível que haja perda de pontos, rebaixamento, impedimento de registro de atletas e até sanções financeiras aos que gastarem mais do que o permitido pelo regulamento da competição.
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