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‘Caso Daniel’: a crueldade de um crime e os desdobramentos na Justiça

LANCE! detalha como está a investigação da morte trágica do jogador de 24 anos. Edison Brittes e mais seis pessoas são indiciadas por envolvimento no episódio de barbárie

'Caso Daniel' é desvendado aos poucos pela polícia. O LANCE! traz alguns detalhes de como está a investigação
imagem camera(Imagens: Reprodução de internet)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 21/02/2019
20:24
Atualizado em 22/02/2019
10:45

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O "Caso Daniel" está agora nas mãos da Justiça. A investigação da morte do meia de 24 anos, que ocorreu em 27 de novembro de 2018, desvendou um crime cometido com sinais de tortura e que causou grande abalo não só no futebol. Entre reviravoltas nos depoimentos, mentiras e suspeitas, sete pessoas estão no banco dos réus.

Passo a passo, o LANCE! detalha o "Caso Daniel".


28/10/2018

CONFIRMAÇÃO DA MORTE

A assessoria de imprensa de Daniel confirma a morte do meia. Em nota, diz que o seu corpo foi encontrado em Curitiba (PR) no dia anterior, com indícios de assassinato.

Além do São Bento, São Paulo, Botafogo, Coritiba e Ponte Preta manifestam, em suas respectivas redes sociais, o pesar pelo falecimento do jogador de 24 anos. A solidariedade pela morte se estende a ex-companheiros de Daniel no futebol.

Dias depois, dezenas de pessoas vão ao velório do ex-jogador. No dia 29, Edison Brittes Júnior, com quem Daniel estava em uma boate em Curitiba na noite anterior ao crime, liga para dar os pêsames à família. 

SINAIS DE TORTURA

No mesmo dia, a guarda municipal de Curitiba confirma que há indícios de assassinato na morte do meia. Em entrevista à Banda B, surgem as impressões de tortura:

- Pela aparência do corpo, foi uma situação bastante violenta mesmo, a pessoa matou com muita raiva. O homem tinha dois cortes profundos no pescoço, teve a cabeça quase degolada e a genitália foi cortada. A princípio, o órgão não foi encontrado no local.

O ASSASSINO CONFESSO E OS SUSPEITOS DETIDOS

Edison Brittes, suspeito de matar ex-jogador Daniel
Edison Brittes acusa Daniel de tentar estuprar sua esposa (Foto: Reprodução/Facebook)

Edison Brittes Junior se entrega à polícia em São José dos Pinhais (PR) e assume a autoria do assassinato. Seu argumento é de que Daniel tentou estuprar sua esposa, Cristiana. Segundo ele, a sessão de espancamento do jogador teria começado em sua casa, para onde todos foram após o aniversário de 18 anos de Allana, filha do casal. 

Também são detidas sua esposa Cristiana e sua filha Allana, ambas por tentar acobertar o crime. Mais tarde, são presas outras três pessoas que teriam participado do homicídio (David Vollero, Ygor King e Eduardo da Silva).  

ESTUPRO? DESCARTADO!

Daniel Freitas (Coritiba)
Alto teor alcoólico, perfil e falta de gritos descartam estupro (Divulgação)

O argumento de tentativa de estupro de Daniel em Cristiana é refutado pelo promotor João Milton Salles sob alguns motivos. Ele ingerira alto teor alcoólico durante a festa (13,4 dg/L) na qual encontrou-se com a família.

Além disto, o promotor afirma que Daniel não praticaria um abuso sexual em um ambiente no qual estavam várias pessoas próximas. Aos olhos de João Milton Salles, o perfil do jogador não corresponde ao de um estuprador e nenhuma testemunha ouviu os gritos de Cristiana.

Em reportagem divulgada no "Fantástico", há uma revelação de mensagens de Daniel. O jogador, embriagado, entrou no quarto onde Cristiana estava dormindo e tirou fotos.

A CRUELDADE

Daniel - São Paulo
Daniel foi colocado no porta-malas do carro (Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net)

A confirmação de que Daniel foi agredido é dada por testemunhas na casa dos Brittes. Já bastante ferido, o jogador de futebol é colocado no porta-malas do veículo de "Juninho Riqueza".

Segundo o delegado Trevisan afirmou ao UOL, os dois amigos de Allana não entram por espontânea vontade no carro:

- Edison praticamente intima quem vai no carro com ele.

Além de Igor Kyng e David Willian Vollero, que são amigos de Allana, está no veículo Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, namorado da prima de Cristiana. De acordo com os amigos de Allana, são ouvidos murmúrios de estrangulamento.

Eduardo e Edison descem do carro e tiram Daniel do porta-malas. Igor e Daniel afirmam que, inicialmente, queriam deixar Daniel nu no meio da rua. 

Segundo reportagem divulgada no "Fantástico" no último domingo, todas as pessoas que estiveram na cena do crime se encontraram na praça de alimentação em um shopping em São José dos Pinhais (PR) no dia 5 de novembro para combinar as versões contadas para a polícia.

AS DENÚNCIAS E... NOVAS SUSPEITAS 

Edison Brittes
'Juninho Riqueza': agora no banco dos réus (Reprodução)

Em 29 de novembro de 2018, a Justiça do Paraná decreta a prisão preventiva de seis pessoas: Edison Brittes, o "Juninho Riqueza", sua esposa Cristiana, sua filha Allana e os convidados Eduardo da Silva, David Vollero  e Ygor King. Ainda há uma sétima ré: Evellyn Brisolla Perusso, com quem Daniel "ficou" naquela noite e cometeu falso testemunho, que responde em liberdade.

EDISON BRITTES - homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual.

EDUARDO DA SILVA - homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual

DAVID VOLLERO - homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, denunciação caluniosa e fraude processual

YGOR KING - homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual

CRISTIANA BRITTES - homicídio qualificado, fraude processual e coação de testemunha

ALLANA BRITTES - coação de testemunha e fraude processual

EVELLYN BRISOLLA PERUSSO - denunciação caluniosa e fraude processual

Neste período, vêm à tona novas revelações em áudios de WhatsApp. Em um deles, "Juninho Riqueza" é aconselhado policial civil afastado Edenir Canton a "montar uma estratégia" antes de procurar o defensor Cláudio Dalledone Júnior. Edison Brittes não tem sucesso ao contatar o advogado.

No outro áudio, o advogado criminalista Rafael Pellizzetti diz que espera contar com a ajuda do deputado Delegado Recalcatti (PSD) para se defender da acusação de ter matado Daniel.   O parlamentar rechaça qualquer participação.

A defesa de Cristiana solicita prisão domiciliar, afirmando que ela tem uma filha de 11 anos e ainda tem uma avó que sofre com uma depressão profunda. Dois dias depois, o pedido é negado.  


NO BANCO DOS RÉUS

Edison Brittes e família
Testemunhas falam sobre envolvimento da família Brittes no crime (Reprodução

O julgamento do "Caso Daniel" teve início nesta semana, quando foram ouvidas 14 das 77 testemunhas arroladas no caso. Na porta do fórum em São José dos Pinhais, um grupo pediu "justiça". Algumas coisas começam a ser indicadas por testemunhas de acusação.

SESSÃO DE ESPANCAMENTO FOI INICIADA NA CASA DA FAMÍLIA

Os depoimentos das testemunhas de acusação revelaramm que Edison começou a sessão de espancamento já na casa dos Brittes, com a ajuda de Ygor, David e Eduardo. Cristiana e Allana teriam ficado apavoradas e a testemunha Lucas Mineiro tentou impedir a tragédia, mas sofreu ameaças.

CRISTIANA TENTOU, MAS NÃO EVITOU CRIME
A esposa de "Juninho Riqueza", nervosa, teria pedido para "não continuar aquilo na casa dela". Investigadores creem que ela não tem participação nem orientou o assassinato.

UM SUPOSTO BEIJO QUE CRISTIANA ROUBOU DE DANIEL
Amigo de Daniel, Lucas Muner relatou que Cristiana Brittes teria roubado um beijo do jogador durante a festa de aniversário de Allana. 

INDÍCIO DE QUE DANIEL FOI CASTRADO QUANDO ESTAVA VIVO
Mesmo com os laudos inconclusivos, o investigador Marcelo Brandt acredita que Daniel estaria vivo quando sua genitália foi cortada. Segundo o UOL, testemunhas dizem que, antes de ser castrado e degolado, o jogador murmurava pedindo "desculpas" e "socorro".

FRIEZA DE 'JUNINHO RIQUEZA' DIAS APÓS O CRIME
Edison Brittes Júnior teria feito ligações à procura de Daniel depois do dia do crime. Além disto, segundo Eliana Corrêa, mãe de Daniel, "Juninho Riqueza" chega a se dispor a oferecer ajuda. Durante o julgamento, é a primeira vez que ela encara o assassino confesso do filho. 

RISO DE UM DOS RÉUS NO JULGAMENTO
Durante fala do delegado Amadeu Trevisan, o réu Eduardo da Silva é flagrado rindo. O chefe das investigações para e exige respeito. 

PRÓXIMOS PASSOS DO CASO
Em abril, serão ouvidas testemunhas de defesa e, por fim, os réus.

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