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Clubes da Conmebol veem racismo como parte de clima bélico com brasileiros, analisa especialista

O Lance! conversou com Marcelo Carvalho, do Observatório da Discriminação Racial no Futebol

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imagem cameraAlejandro Dominguez, presidente da Conmebol (Foto: Daniel Duarte / AFP)
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Rafaela Cardoso
São Paulo (SP)
Dia 18/03/2025
18:58

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Os recorrentes casos de racismo nas competições Conmebol escancaram que a entidade que comanda o futebol sul-americano está longe de criar meios de acabar com os inúmeros casos lamentáveis que acontecem anualmente. Prova disso foi a branda punição que deu ao Cerro Porteño pelo caso Luighi e, nesta segunda-feira (17), durante sorteio dos grupos da Libertadores e Sul-Americana, uma ironia do presidente Alejandro Dominguez sobre o assunto gerou polêmica.

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O Lance! conversou com o jornalista Marcelo Carvalho, responsável pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, que comentou sobre a frase do mandatário paraguaio, que respondeu como seria a competição sem os clubes brasileiros: "isso seria como o Tarzan sem a Chita, impossível!".

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- A frase (do presidente da Conmebol) mostra o quanto a gente ainda precisa falar sobre racismo, o quanto a gente ainda precisa dizer, repetir, que racismo não é só um insulto e um xingamento. Tem tantas outras frases que são ditas em relação ao povo preto, que também é racismo. E aqui tem mais um outro ponto: também mostra o quanto o debate sobre racismo no Brasil está muito à frente de outros países - afirmou Marcelo Carvalho.

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- O que que é racismo para a maioria das pessoas, quando a gente está dizendo que Paraguai, Argentina, Uruguai, tantos outros países, o xingamento de "macaco", o gesto para eles é cultural e não racismo, mostra que o debate sobre racismo precisa avançar muito mais - disse o jornalista.

Sobre a possibilidade de a Conmebol entender e passar a punir de forma severa as equipes que cometerem atos racistas, seja em campo ou através de suas torcidas, Marcelo Carvalho acredita que tudo precisa começar a partir de conversas.

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- Eu acho que tem como intensificar chamando esses clubes para mesa de conversa, chamar instituições como Observatório na Argentina, no Uruguai, no Paraguai que tratem da discriminação para que a gente consiga que todos os países falem a mesma língua. É necessário que haja um encontro dos clubes, das federações, para que todo mundo saiba do que está sendo tratado - afirmou.

Clima bélico com brasileiros

- Hoje existe algo que a gente precisa pensar e refletir muito. No Brasil a gente está cobrando que a Conmebol para que puna os clubes por racismo. Esses mesmos clubes de outros países estão se mobilizando para que a Conmebol puna o Brasil por atos e atitudes de torcedores e policiais no Brasil. Não é a primeira e nem a segunda vez que a gente está vendo clubes dizendo que no Brasil eles são perseguidos, tem muita violência.

Então, é necessário que haja esse encontro, digamos assim, para que as coisas avancem. Se a Conmebol optar por essa linha, com certeza o avanço vai existir. É preciso de um lado que os clubes brasileiros pressionem, mas tem que ser com inteligência, e aí a gente pode avançar de alguma maneira, mas o combate ao racismo no futebol, no Brasil, na Fifa ainda está muito longe do ideal - completou.

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Pronunciamento oficial do presidente da Conmebol

"Em relação a minhas recentes declarações, quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A Conmebol Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos dez países membros.

Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a Conmebol. Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando por um futebol mais justo, unido e livre de descriminação."

O paraguaio Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol.
Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol (Foto: Jorge Adorno/ Reuters)

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