Pitaco do Guffo: como resolver a arbitragem brasileira
Já existe um projeto de lei, totalmente ignorado por clubes e federações

- Matéria
- Mais Notícias
A cada rodada do nosso futebol surge o debate de como resolver a arbitragem brasileira, principalmente pela chuva de reclamações sobre decisões de árbitros no país inteiro. E neste final de semana não foi diferente. Destaque para o posicionamento do Grêmio frente ao pênalti não marcado pelos árbitros Jonathan Pinheiro e Douglas Silva (Var) contra o Juventude, onde o presidente do clube pediu à federação gaúcha que use árbitros de outros estados.
Isso porque rodaram pelas redes sociais fotos do árbitro do jogo com a camisa do Internacional na infância e também porque o pai de Douglas Silva é um ex-funcionário demitido pelo Grêmio em 2019. Será que buscar árbitros de outros estados é a solução? Como resolver a arbitragem brasileira?

Não é uma relação equânime
Desde que eu comecei no jornalismo esportivo defendo a profissionalização dos árbitros. Não é possível que essas pessoas tenham que tirar do próprio bolso para pagar fisioterapia, personal trainer, academia, fisiologista, equipamento, cursos e tudo mais enquanto atletas da série A e B têm absolutamente tudo pago pelos seus clubes.
Sem falar que a grande maioria dos árbitros precisa ter outra profissão para pagar as contas. Ou seja, trabalha durante a semana e apita no final de semana. Claro, se for sorteado para apitar, já que muitos ficam fora da escala a cada rodada.
Como cobrar profissionalismo nesse contexto que se encontra a arbitragem? Em um esporte onde as partes têm um poder de investimento cada vez maior e em que as decisões da arbitragem têm um peso financeiro e uma repercussão na imprensa e redes sociais incendiárias, é inadmissível que a arbitragem continue na sua condição amadora.
Já existe Projeto de Lei pra isso!
O PL 864/2019 foi debatido e aprovado na Comissão de Esportes do Senado, onde o relator era o então senador pelo Rio de Janeiro Romário. Nesse projeto de lei, as federações seriam encarregadas de profissionalizar aos seus árbitros. Ou seja, transformá-los em CLT, com todos os direitos e deveres trabalhistas, além de um salário fixo e condições de que pudessem se dedicar exclusivamente à arbitragem.
Essa ideia de que um árbitro foi no passado (ou ainda é) torcedor de um time e isso o fará prejudicar os rivais, é tão ridícula quanto pensar que um jogador que era vascaíno na infância, se jogar pelo Flamengo, irá fazer um gol contra para favorecer seu time do coração. No caso do Rio Grande do Sul então, Grêmio e Internacional deveriam contratar apenas jogadores de fora do estado, já que se contratarem gaúchos, podem correr o risco de ter um torcedor rival no seu elenco. Não é essa a lógica dos dirigentes? Aí a dúvida é outra: como resolver a arbitragem brasileira com dirigentes que pensam assim?
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias