E(L!)eições 2018 – João Amoêdo: ‘Removeremos corrupção do esporte’

Candidato do NOVO defende o fim da gestão de arenas pelo Estado, fala em fortalecer incentivos fiscais para o setor e diz que existência de ministério não garante eficiência

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Em sua primeira campanha eleitoral, João Amoêdo, do Partido Novo, espera combater a corrupção no esporte, fala em estruturar as escolas para a prática de atividades físicas e condena grandes intervenções do Estado em entidades como a CBF e na gestão das arenas dos megaeventos.

O carioca defende formas de financiamento indireto para a área, com incentivos fiscais, e coloca em dúvida até mesmo a existência do Ministério do Esporte, caso seja eleito. Em relação à distribuição dos recursos das loterias federais para o setor, o candidato diz que ainda não tem planos definidos.

O engenheiro é o sexto entrevistado da série do LANCE! com os candidatos à Presidência da República, já que Jair Bolsonaro (PSL) não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição. O próximo será João Goulart Filho (PPL).

LANCE!: Quais são os seus planos para desenvolver o esporte no Brasil, tanto de base quanto de alto rendimento?
João Amoêdo: Esporte se aprende e se desenvolve na escola. Mas as escolas brasileiras vêm fracassando nessa missão. A maioria das escolas públicas não tem estrutura para práticas esportivas. Precisamos reverter esse quadro investindo mais no ensino público fundamental do que no superior. E isso inclui o incentivo às práticas esportivas e a melhorias das instalações.

Precisamos combater a corrupção em eventos esportivos e na construção de infraestrutura, como estádios e ginásios. Vamos colocar medidas de controle para projetos esportivos e tirar estádios da gestão estatal. Os estádios precisam ser autossustentáveis. Esses recursos ajudam mais o esporte indo para a saúde e a educação de nossas crianças.

A edição da Medida Provisória 846 assegurou aumento dos recursos das loterias para o esporte após uma grande mobilização do setor, insatisfeito com os cortes que a MP 841 causaria, devido ao plano do governo federal de priorizar a segurança pública. Se eleito, o senhor pretende mexer na distribuição dessas verbas destinadas ao esporte? Se sim, de que formas?
Ainda não temos planos definidos para esse tema.

Em tempos de recessão econômica, como é possível evitar que o país caia em um declínio esportivo? Pretende manter o padrão brasileiro atual de investimentos no esporte?
A única maneira de se evitar o declínio em financiamentos públicos é através de um ajuste fiscal justo e preciso. Não podemos esticar ainda mais o debate sobre a reforma da Previdência. O Estado brasileiro não pode gastar mais com Previdência do que com educação, saúde, esportes e programas sociais juntos.

A CBF esteve envolvida nos últimos anos em uma série de escândalos de gestão. Ex- dirigentes já foram banidos do futebol e até presos. Que avaliação faz da atual diretoria? O governo deve intervir na gestão do futebol e da entidade? Se sim, de que forma?
O governo não deve influir na CBF, muito menos estatizar sua gestão. Pelo contrário, quanto mais intervenção, maior oportunidade para corrupção. Temos que exigir um alto grau de transparência da instituição e garantir que Judiciário e órgãos de controle tenham agilidade e independência para investigar eventuais fraudes e escândalos.

"Países com tradição e desempenho melhores do que o Brasil em competições esportivas não têm ministério do esporte. O que podemos garantir é que nenhum órgão ou cargo público servirá de moeda de troca política"

O que acha da atuação do Ministério do Esporte? Pretende manter o investimento em planos de incentivo direto aos atletas, como o Bolsa Atleta?
Precisamos fortalecer mecanismos de financiamento indireto, por meio de incentivos fiscais, para ações sociais e patrocínio de atividades culturais e esportivas.

Em um eventual governo seu, o Ministério do Esporte ficará a cargo de uma pessoa com forte conhecimento sobre o assunto ou utilizada em barganha?
Não necessariamente a existência de um ministério garante resultados efetivos. Países com tradição e desempenho melhores do que o Brasil em competições esportivas não têm ministério do esporte. O que podemos garantir é que nenhum órgão ou cargo público servirá de moeda de troca política.

"A administração de instalações esportivas não deve ficar nas mãos do Estado. Pretendemos transferir a gestão de arenas, velódromos e centros esportivos para as mãos da iniciativa privada ou para o terceiro setor"

O governo federal é responsável pela gestão de boa parte das instalações utilizadas nos Jogos Rio-2016, por meio da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO). Como pretende administrá-las e que medidas tomará para que a população e os atletas do país usufruam do legado do megaevento? A AGLO será mantida caso seja eleito?
A administração de instalações esportivas não deve ficar nas mãos do Estado. Pretendemos transferir a gestão de arenas, velódromos e centros esportivos para as mãos da iniciativa privada ou para o terceiro setor.

Quais são seus planos para evitar que o legado da Copa do Mundo de 2014 seja abandonado?
O legado da Copa do Mundo é percebido pela população como um grande 7x1 do governo sobre a população: obras extremamente custosas, conluio entre políticos e empreiteiras, e elefantes brancos se fossilizando. O melhor que podemos fazer é tirar esse passivo do bolso do cidadão brasileiro e passar a gestão dos recursos legados pela Copa para as mãos de gestores especializados do setor privado e buscar a melhor forma de atender ao interesse do grande público.

O governo brasileiro vem socorrendo clubes financeiramente em medidas como o Profut. O que acha do programa? O seu governo dar suporte aos clubes do pais? De que formas?
O apoio do governo aos clubes não deve ser feito a custo do cidadão brasileiro. Em vez de suporte financeiro, devemos focar em suporte institucional, com melhores modelos de governança para que o esporte nacional possa se desenvolver com mais prestação de contas e gestão transparente.

A partir de 2019, clubes que não tiverem um plantel de futebol feminino não poderão disputar a Libertadores. Acha que essa medida é um incentivo eficaz para o desenvolvimento da modalidade no país? Em um eventual governo seu, os esportes olímpicos e o futebol feminino terão alguma atenção?
Há uma maior demanda da sociedade brasileira pelo esporte feminino. Não cabe ao Estado ficar intervindo para escolher qual modalidade deve prevalecer e qual deve ser preterida. Acreditamos em valorizar a escolha dos brasileiros. Por isso, removeremos burocracia e corrupção dos esportes e aumentaremos a concorrência dentro e fora de cada modalidade esportiva e a governança de nossas instituições.

QUEM É ELE

Nome completo: João Dionisio Filgueira Barreto Amoêdo
Nascimento: 22/10/1962 - Rio de Janeiro (RJ)
Vice: Professor Christian
Partido: NOVO
Ocupação declarada: Engenheiro
Valor em bens declarados: R$ 425.066.485,46

NO ESPORTE

Time de coração: Fluminense
Ídolo no esporte: Ayrton Senna

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