O mercado de criptomoedas e fan tokens definitivamente invadiu a Série A do Brasileirão. Atualmente, a maioria dos clubes da primeira divisão é patrocinado ou tem acordos comerciais com empresas desse ramo. Além disso, a própria CBF tem seu parceiro para fan token. Por essas e outras, o LANCE! foi tentar entender o que no futebol brasileiro atrai esse investimento do mercado "cripto".
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Em entrevista para a reportagem, Alessandro Valente, presidente da Bitci Brasil, deu um relato do ponto de vista de quem está dentro do negócio, falando sobre o que leva a essas empresas a apostarem nessa paixão nacional. No país, a Bitci tem acordos com o Ceará, o Coritiba, o Fortaleza e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
- A exposição no mercado do futebol para empresas de criptomoeda se encaixa muito bem com o perfil de investidores e entusiastas nesse segmento de cripto em geral, tanto com as criptomoedas, como os fan tokens, NFTs e tokens em geral. Então o público é muito parecido e, assim como o mercado de apostas, também tem invadido esse setor, para o mercado de cripto, que é um dinheiro novo que está nascendo, acaba sendo também interessante para os clubes e para as federações, é importante para o mercado da bola em geral.
Um dos problemas ou obstáculos encontrados pelo mercado no futebol brasileiro e mundial ainda é a falta de conhecimento do público sobre tudo o que engloba o investimento nas criptomoedas. Segundo Valente, os benefícios aos torcedores são apenas a ponta do iceberg, este que precisa ser desvendado justamente pelas empresas.
- O tempo que pode levar para ensinar o público a respeito dos benefícios que um Fan Token pode gerar é relativo ao tamanho do esforço das empresas do setor em informar os torcedores em relação ao que eles terão acesso com exclusividade a partir do momento que são detentores desses Fan Tokens. E o público ainda não está a par de tudo o que nós temos para oferecer, então o entendimento geral é de que as pessoas estão ajudando o clube - disse o executivo.
- E não é só isso, vai muito além. Ajuda o clube, é fato, é importante, com certeza a gente não pode descartar esse pedaço aí importante mesmo. Então eu diria que representa 25%/30% da coisa toda. Talvez eu chegaria a uns 40%, porque o resto você tem relação a todos os benefícios exclusivos como experiências, como produtos exclusivos. Então isso aí é o que ainda é um pouco difícil de explicar para as pessoas. Mas é uma questão de tempo e esforço das empresas como a nossa, a Bitici Brasil, que precisa levar esse conhecimento adiante - completou.
Para Alessandro Valente, a paixão do brasileiro pelo futebol é a motivação perfeita para que as empresas de criptomoedas invistam seu capital por aqui, inclusive se tornando um ambiente mais lucrativo do que mercados mais acostumados com o produto.
- É o país do futebol. Uma das paixões nacionais é o futebol. E faz muito sentido a gente trazer essa operação para cá, porque aqui é a paixão mesmo. É como se fosse uma religião. O que o cara não faz para, de repente, ter acesso a um a um ingresso diferenciado ou para acompanhar um treinamento do time dele, conhecer os jogadores, poder votar num numa terceira camisa, a música que vai tocar no ônibus do time, ou da Seleção. Eu acho que isso é um negócio muito legal que a gente pode criar mecanismos que permitem a essa pessoa interferir na rotina dos jogadores, do clube e tudo mais.
- Isso é algo inovador, até então a pessoa era só um torcedor, telespectador de uma televisão que está ali passando aquele jogo e de repente ela passa a ter a possibilidade de participar de forma ativa. Então democratiza muito a questão do futebol e dar essa essa chance paro torcedor de repente ajudar na tomada de uma decisão, a princípio não decisões mais importantes, mas as coisas que o jogador de repente que iria vestir uma camisa X durante o percurso do hotel para o estádio, ele já vai usar uma camisa Y, porque a torcida pediu que ele usasse. Então isso aí é muito legal.
- O investimento nosso é exatamente em relação a isso. Porque aqui a gente tem essa percepção de que tem valor para o torcedor. Em outros países não teria a mesma condição de fazer isso. Por exemplo, se a gente pega aí um país onde o futebol não é tão importante como é aqui, onde não é tão apaixonante, aqui, Argentina, Inglaterra, Itália. Mas um um país que não tenha tanta emoção atrelada ao jogo, ao futebol, tanto faz se o cara vai entrar com a camiseta do avesso, se vai ter bolinhas amarelas, vai lá, joga que eu quero ver o meu time ganhar, então aqui tem essa paixão - complementou.
Por fim, Valente garantiu que os investimentos da empresa que comanda e do mercado não vão parar por aí. Novos lançamentos e novos nichos serão buscados para ampliar o leque de produtos e de consumidores, não apenas com clubes ou esportes, mas também com figuras, com atletas "solo", que tenham apelo para tal.
- Olha a CBF, alguns clubes nós já temos de fato, tem mais clubes já em negociação, temos pretensão de expandir para outros esportes, então a gente não descarta nenhuma modalidade esportiva neste momento. A tokenização do esporte é um passo importante para toda a sociedade, só que não para aí, pode ir para outros segmentos também, o principal eu posso citar a indústria do entretenimento. Grandes concertos, grandes eventos musicais, festivais, etc...
- Tem muita coisa ainda a ser explorada em relação à tokenização da indústria do entretenimento, por exemplo modalidades, como o automobilismo, o surfe, que é um negócio negligenciado até pelas casas de apostas, Stock Car também, não fazem nada a respeito e a gente pode essa essas modalidades dessa forma. A gente pode imaginar que os indivíduos, os atletas e os lutadores, por exemplo, de um MMA você pode tokenizar aquele sujeito. Vamos supor o Anderson Silva ter os seus tokens. Então não tem limite dentro do esporte, acho que todo tipo de modalidade é possível explorar com tokens e traz benefício tanto para o atleta, clube ou federação, quanto pra quem torce e apoia e quem os apoia - concluiu.