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Especialista responde se grama sintética causa mais lesões que a natural

Em entrevista exclusiva ao Lance!, médico comenta lesões comuns em jogadores de futebol

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imagem cameraO Palmeiras utiliza grama sintética no Allianz Parque (Divulgação / Palmeiras)
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Rafaela Cardoso
São Paulo (SP)
Dia 28/01/2025
05:30
Atualizado em 28/01/2025
10:42

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Com o aumento do número de clubes aderindo à grama sintética em seus estádios, muito se discute se ela pode causar mais lesões - principalmente nos joelhos - que o gramado natural, que é mais comum no Brasil, até então. No entanto, não se pode afirmar que um deles é melhor ou pior neste quesito, já que o que resulta em ruptura é a forma como o atleta se movimenta no momento em que se lesiona, ou seja, ocorre após uma entorse no joelho com o pé fixo ao chão.

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Desde que a Fifa aderiu ao uso de tapetes sintéticos que imitam o gramado natural, em 2001, vários clubes migraram para esta alternativa. Nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro, por exemplo, alguns times que possuem gramas totalmente sintéticas em seus estádios/arenas são o Palmeiras (Allianz Parque), o Botafogo (Nilton Santos), o Atlético-MG (Arena MRV) e o Athletico PR (Ligga Arena).

Em entrevista exclusiva ao Lance!, o dr. Gustavo Arliani, ortopedista e diretor médico da Newon, um Centro de Excelência Esportiva, explica sobre a LCA, ou lesão do ligamento cruzado anterior, que só na Série A do Brasileirão do ano passado foram registrados 15 casos. Ela é a principal causa cirúrgica entre jogadores de futebol profissionais, podendo afastá-los do gramado por cerca de nove meses.

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- O ligamento cruzado anterior é um ligamento interno da articulação do joelho. Ele liga uma parte do fêmur, que é o osso da coxa, com o osso da tíbia. E ele é responsável pela estabilidade tanto anterior e posterior do joelho, evitando que a perna anterior esteja demais em relação à coxa, em relação ao fêmur, e também pela estabilidade rotacional. Esse ligamento tem uma função muito importante na estabilização da articulação - explicou o especialista.

- Por isso que em atletas de alta performance é uma lesão que não é tão incomum no futebol, e eles acabam por fazer uma cirurgia, que é a reconstrução do ligamento de cruzado anterior, justamente para "refazer" esse ligamento e ajudar com que ele volte a ter essa estabilidade do joelho novamente - completou.

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Confira os principais trechos da entrevista.

Gramado sintético x gramado natural

Hoje, na literatura, não tem nada que confirme isso (grama sintética causa mais lesões). A literatura médica já tem, inclusive, alguns estudos comparando o gramado natural com o gramado artificial em relação a diversos tipos de lesão, seja a lesão muscular, seja a lesão por entorse de tornozeiro, de joelho, etc. Os estudos não mostram nenhuma diferença de um gramado para outro.

O que acontece é isso, a percepção do atleta. Quem está acostumado a treinar todo dia numa grama natural, jogar numa grama natural, quando vai para uma grama artificial, sente uma diferença, porque eles são realmente diferentes. A velocidade da bola é diferente, a própria talvez resistência do gramado, o tipo de chuteira que você usa lá na hora. A resposta que você tem acaba sendo um pouco diferente.

Então, a demanda para você jogar na grama natural e na grama artificial, ela parece ser diferente, mas em padrão de lesão, hoje os estudos que a gente tem não mostram isso, inclusive o estudo da Federação Paulista de Futebol, que a gente publicou recente, não encontrou nenhuma diferença entre padrão de lesões.

Calendário cheio e possível aumento de lesões

O calendário é uma questão que tem sido discutida há bastante tempo. O que se sabe hoje é o seguinte: um atleta para estar totalmente recuperado do ponto de vista muscular e físico, para conseguir performar estando 100%, o consenso que se tem hoje é que demora em torno de 72 horas, ou seja, três dias para uma recuperação completa. A discussão do calendário é um pouco essa. Às vezes o atleta joga a cada dois, três dias, e realmente pode gerar uma eventual sobrecarga.

Mas o que a gente vê hoje é que, como essas lesões são multifatoriais, a gente não tem como cravar que uma lesão, por exemplo, que nem essa do Gabriel Jesus, ou qualquer outra lesão, tenha sido por causa do aumento do número de jogos, ou por causa do calendário. Você imagina que o atleta, quando ele está em campo, ele vai performar melhor se ele dormiu bem, se ele treinou bem, se ele se alimentou bem, se ele descansou bem. Então ele tem uma série de fatores que respondem pela performance dele, pelo menor risco de lesão.

Uso da tecnologia para amenizar lesões

Há muitas tecnologias onde os clubes buscam entender ou identificar o atleta que está um pouco mais sobrecarregado, então eles vão medindo a percepção de esforço através de questionários. Vários clubes medem o CK, que é um exame de sangue que faz para ver como está o dano muscular, a sobrecarga. Tem o uso da termografia, que é uma câmera que vê a temperatura, então eles veem diferenças de inflamação, de temperatura, por exemplo, de um membro, de uma coxa em relação a outra, de uma perna igual a outra. Então, vão usando uma série de GPS, o quanto aquele atleta rodou em treino, com a intensidade. A partir disso, verificar a necessidade de um descanso maior para algum atleta e, é claro, aumentar o elenco.

O tempo menor de pré-temporada pode prejudicar?

Não dá pra gente fazer essa previsão né. A Uefa faz o mapeamento de lesões desde 2001 nos campeonatos europeus. A gente começou aqui no Brasil na Federação Paulista e também na CDF em 2016. Então, a gente já tem ali alguns anos de acompanhamento. E o que a gente viu ali ao longo desses acompanhamentos, cmparando uma temporada com a outra, comparando série A com série B, é que o padrão ali continua o mesmo. No Brasil, a incidência média de lesões ano a ano gira em torno de 20 a 25 lesões para cada mil horas de jogo. Então, esse padrão se mantém ano após ano, mesmo mudando, muitas vezes, essa questão do calendário (início da pré-temporada e pausa no Mundial de Clubes).

Na minha opinião, acho que não vai mudar muito. Mas como esse Campeonato Mundial de Clube é a primeira vez que vai ter, não sei, a gente vai ter que monitorar esse ano e acompanhar para comparar com os anos anteriores e ver se tem uma diferença. A pandemia, por exemplo, foi uma dessas situações, a gente nunca tinha tido, mas quando acompanhamos, não encontramos nenhuma diferença.

Vista geral do estadio Arena MRV E BANDEIRA DO ATLETICO MG para partida entre Atletico-MG e Gremio pelo campeonato Brasileiro A 2024. Foto: Gilson Lobo/AGIF
Vista geral do estadio Arena MRV. (Foto: Gilson Lobo/AGIF)

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