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Ex-árbitro recorda desafios ao apitar Fla-Flu decisivo e fala sobre arbitragem que estará na final do Carioca-2023

Árbitro da decisão de 1991, Cláudio Vinícius Cerdeira conta ao L! exercícios que fazia antes das partidas e aponta desafios que acontecem com quem apita a disputa de um título

Cláudio Vinícius Cerdeira
imagem camera'Eu fazia exercícios de visualização de situações que podiam acontecer no jogo', diz Cerdeira (Lucas Figueiredo/CBF)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 08/04/2023
23:05
Atualizado em 09/04/2023
10:07

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A tensão em torno de uma decisão entre Fluminense e Flamengo se torna marcante para todos os os envolvidos no clássico. Árbitro da final do Campeonato Carioca de 1991, Cláudio Vinícius Cerdeira revelou que a preparação era diferente quando se tratava de um jogo com uma dimensão tão grande. O Fla-Flu trará uma decisão do Estadual neste domingo, às 18h, no Maracanã.     

Ao LANCE!, o ex-árbitro destacou como se preparava antes das partidas.

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- Toda final é diferente para uma arbitragem, para os jogadores e os torcedores. Como está em jogo o objetivo de um clube ser campeão, o árbitro precisa de uma preparação especial. Na época, por exemplo, eu ficava em casa tranquilo e fazia exercícios de visualização de lances que podiam acontecer - disse.

Cerdeira contou que recorria às prováveis escalações para ajudá-lo a projetar o que teria pela frente.

- Como havia as escalações prévias, eu começava a pensar no que podia acontecer de acordo com ela. Tem aquele jogador que é veloz, aí você precisa ficar ligado em contra-ataques. Há os jogadores com facilidade em driblar próximo às áreas e exigem que a gente mantenha a visão atenta. Há o jogador bruto, que pode atingir o adversário e você tem de calcular se é passível de punição ou não. Tem também o jogador que gosta de apitar a partida e é preciso achar uma forma de lidar com ele. Eu mentalizava que tudo isso podia acontecer - e assegurou:

- Normalmente dava certo. Quem era bruto, continuava bruto, por exemplo. Esses exercícios me ajudavam muito a me concentrar e foi essencial ainda mais em uma final com muita rivalidade, como foi o caso do Fla-Flu - explicou. 

O ex-árbitro também contou que o fato de serem dois adversários tradicionais disputando uma final contribui para a atmosfera da partida.

- Sem dúvida. Os nervos ficam à flor da pele, pois vai coroar ou não o trabalho de jogadores que treinaram. Todo torcedor também quer ver seu time ser campeão. Os primeiros 10, 15 minutos e os 15 minutos finais são o auge da ansiedade para todos. Tem que saber administrar  a partida sem prejudicar de uma forma geral, pois todos estão ansiosos no estádio. Os jogadores, a arbitragem, o narrador, todos estão ansiosos na reta final - disse.

O FLA-FLU DE 1991

Flamengo x Fluminense 1991 final carioca
Fla-Flu foi vencido pelos flamenguistas por 4 a 2: 'Fiquei um bom tempo sem apitar jogos do Flu' (Divulgação/ Flamengo

O ex-árbitro recordou o Fla-Flu que apitou em 1991. O Rubro-Negro venceu a partida por 4 a 2.

- Foi como toda a final que envolve muita rivalidade. O Fluminense tinha saído na frente mas, no segundo tempo o Flamengo, que tinha um time superior, cresceu e virou o placar. Com o passar o tempo, a equipe tricolor foi fazendo faltas mais duras. Aí eu expulsei primeiro o Carlinhos Itaberá e depois o Pires. Os  dois tinham dado pontapés violentos - e reconheceu:

- Lógico que, em uma final, você expulsar dois jogadores de uma das equipes, chama atenção. O Flamengo foi campeão e, do lado do Fluminense, deixaram a culpa pela derrota na minha conta. Nunca fui de rompantes, sempre procurei o diálogo com os jogadores. Foram situações nessa partida e fiquei como centro das atenções. Inclusive, fiquei um bom tempo sem apitar jogos do Fluminense - completou.  

ARBITRAGEM DAS FINAIS DO CARIOCA

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Wagner do Nascimento Magalhães e Bruno Arleu de Araújo
Wagner do Nascimento Magalhães e Bruno Arleu de Araújo (Foto: Úrsula Nery / Agência Ferj)

Cláudio Vinícius Cerdeira opinou sobre os árbitros escolhidos para os dois jogos da final do Campeonato Carioca.

- O Wagner Nascimento Magalhães e o Bruno Arleu de Araújo são árbitros da Fifa daqui do Rio de Janeiro, têm condições de administrar partidas deste nível. O Arleu, que vai apitar o jogo decisivo, é respeitado pelos jogadores e pela própria imprensa. Mas vai ter muito trabalho nesse jogo - disse. 

O ex-árbitro também falou sobre a presença do VAR no futebol brasileiro.

- O VAR é a grande salvação da arbitragem de uma forma geral. Na minha época, existiam muitas câmeras no campo. Aí viam uma jogada invertida por um ângulo humanamente impossível de eu acompanhar e os comentaristas me massacravam. Além disso, chegou para fazer uma análise de jogadas decisivas e fazer justiça em jogadas muito irregulares, revisar impedimentos, gols, calços que a gente não via.  Com o tempo tende a se aprimorar ainda mais. Mas temos de pensar que quem está na cabine do VAR também está sob muito estresse. Todos estão cientes de que não podem errar - afirmou.

OS DESAFIOS DE APITAR O ÚLTIMO JOGO DE UMA DECISÃO

Bruno Arleu de Araújo
O árbitro Bruno Arleu de Araújo apitará o Fla-Flu decisivo (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Cerdeira apontou outro desafio em torno de uma final disputada em dois jogos: situações da primeira partida podem ecoar no jogo decisivo.

- Muito do que acontece no primeiro jogo tem influência no segundo, principalmente quando existe muita rivalidade. Alguma dicsussão mais áspera, mais contundente entre jogadores, né?! Eles costumam levar no primeiro jogo pro segundo, o que acaba dando mais trabalho para o árbitro do segundo jogo - e revelou:

- Às vezes os árbitros até comentam e brincam: "olha, deixei a temperatura do primeiro jogo baixa, no primeiro jogo foi tranquilo, a temperatura foi baixinha, numa boa". Mas acontece o contrário também: "olha, não deu, a temperatura foi alta e o bicho vai pegar no segundo jogo". Afinal, muita coisa acontece no jogo decisivo, é o "tudo ou nada". E têm coisas que acontecem principalmente quando existe uma rivalidade grande. Uma discussão mais áspera, troca de empurrões, acontecem declarações fortes entre jogadores, reclamações... - disse.


Após a vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Fluminense, o auxiliar tricolor Eduardo Barros queixou-se asperamente de decisões da arbitragem

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Flamengo x Fluminense - Expulsão Diniz
No primeiro Fla-Flu, Samuel Xavier e o técnico Fernando Diniz foram expulsos (Armando Paiva/LANCE!

O Fla-Flu será realizado neste domingo (9), às 18h, no Maracanã. O Flamengo venceu por 2 a 0 e pode até perder por um gol que será campeão. Caso o Fluminense vença por três ou mais gols, se sagrará campeão. Vitória tricolor por dois gols de diferença força uma disputa de pênaltis.

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