Em meio à pandemia, profissionais de scout buscam jogadores cada vez mais jovens no Brasil
Clubes dedicam maior atenção a jogadores da base para evitar grandes investimentos em reforços em período atípico, que trouxe diversas dificuldades financeiras
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As categorias de base estão cada vez mais valorizadas entre os clubes brasileiros, principalmente por se tornarem um reduto de talentos aptos a integrarem as equipes profissionais em período de pandemia de coronavírus e de consequentes dificuldades financeiras. Por conta disso, profissionais do scout, responsáveis pelo recrutamento desses jovens, estão espalhados por todo o território nacional em busca desses jogadores.
Com o futebol brasileiro mais fragilizado financeiramente, é necessário olhar mais para as categorias de base, algo que em 2019 não aconteceu. É o que aposta o 11º relatório do Itaú BBA sobre o mercado do futebol. O estudo mostrou que, no ano passado, foram gastos cerca de R$ 1 bilhão em atletas “prontos”, enquanto o dinheiro desembolsado para o desenvolvimento dos mais jovens foi de apenas R$ 243 milhões.
Por outro lado, de acordo com uma pesquisa do Centro Internacional de Estudos Esportivos (CIES), no último ano, o Brasil foi o país que foi mais representado em gramados no exterior: foram 1.600 atletas no total, com foco maior em Portugal, com um montante de 260 brasileiros. Esse é um dos fatores que fazem com que as equipes nacionais priorizem busca por jovens com cada vez menos idade, ou seja, para lapidá-lo para o mercado externo, podendo trazer uma margem de lucro considerável no futuro.
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- Na Europa, você encontra clubes que são exímios revendedores, que possuem esse perfil de contratar um jogador que lhe entregue retorno técnico por um ou dois anos, que seja revendido e obtenha um retorno financeiro, enquanto tem os clubes que são apenas compradores, que compram para suprir as lacunas da equipe, sem a intenção de revenda – explica Júnior Chávare, coordenador das categorias de base do Atlético-MG.
Erisson Matias, coordenador do departamento de captação do Fortaleza, clube que abrigou Everton Cebolinha na base, falou sobre as dificuldades de se garimpar novos talentos, mesmo em um território fértil como o Brasil. Isso porque, segundo ele, somando as quatro primeiras divisões do futebol brasileiro, 99% das equipes possuem observadores que rodam o país. Apesar de ser um investimento, manter um setor de observação gera custos.
- O maior desafio é a concorrência. É difícil concorrer com equipes de maior poderio financeiro, pois elas conseguem viabilizar recursos para a contratação de garotos mais novos e um número maior de observadores espalhados pelo território nacional. Algumas possuem equipes com 20 profissionais somente nesse setor de observação – disse, e ele ainda complementou sobre a idade dos jovens jogadores:
- Quando se observa os garotos entre 13 e 15 anos, não se pode cobrar dele coisas como nível de força e entendimento tático do jogo. É necessário ter consciência que as tomadas de decisões são um pouco mais lentas. Na medida em que vão ficando mais velhos, nota-se que as decisões durante o jogo evoluem e o repertório cognitivo nas ações das partidas passa a ser mais acentuado. Por isso, quando mais velho, mais preparado ele precisa estar na leitura tática e, em nível de comportamento, as decisões são mais ágeis e os níveis físicos são maiores - finalizou o profissional.
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