Nuno Leal Maia relembra carreira em campo e dá palpites sobre novos rumos do futebol
Com trabalhos como gestor, técnico e atuações como jogador, ator, que completa 70 anos nesta terça-feira, faz ressalvas à atual Seleção Brasileira e vê Argentina como favorita na Copa<br>
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O talento de Nuno Leal Maia não ficou restrito aos seus trabalhos no teatro e na televisão. Além de se destacar em personagens como o professor Fábio de "A Gata Comeu", o Gaspar Kundera de "Top Model", e o Professor Pasqualete de "Malhação", o ator lidou também com as várias faces do futebol. Com lembranças como jogador e técnico, Nuno já vê os gramados como espectador, e agora pensa em uma rotina mais calma para conciliar com seus trabalhos:
- Estou tranquilo. Mais no mar, meu negócio agora é nadar. Bola agora só se for para jogar com Messi... (risos). Não sou mais de ter essa "bala" toda, acho difícil voltar ao futebol - relembra o ator, que participou recentemente da série "Juacas", da Disney Channel, que será em breve reexibida pelo SBT.
Em entrevista ao LANCE!, o ator evidencia que não pensa o futebol apenas na memória. Nuno Leal Maia dá palpites sobre a Seleção Brasileira e o futebol mundial. Com a autoridade de quem já esteve em campo ao lado de grandes craques, mas não tornou-se profissional.
- Joguei no juvenil e também no máster. Na época de juvenil, eu fazia muita musculação e por isso era muito "pesado". Como eu jogava na lateral esquerda e precisava marcar, para mim era muito difícil. Eu era a "avenida Nuno Leal Maia" (risos), por isso não virei profissional, e acabei indo para o teatro. No máster, jogando no meio, me achei mais, especialmente porque tive a sorte de jogar com Gerson, Ademir da Guia, Paulo César Caju... Inclusive, lá eu reencontrei com o Clodoaldo, que foi meu colega no juvenil.
Após a frustração como atleta profissional, Nuno Leal Maia cursou Escola de Artes e Comunicação na USP, teve seu primeiro papel na televisão em "Estúpido Cupido", na Rede Globo, e ganhou sucesso anos depois como protagonista em "A Gata Comeu". Curiosamente, ele reencontrou-se com o futebol na dramaturgia: interpretou o jogador de futebol Bertazzo, na novela "Vereda Tropical", em 1984, e o personagem fez um teste no Santos, seu clube de coração. E com direito a "contracenar" com Serginho Chulapa.
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Na "vida real", o primeiro reencontro com o futebol aconteceu em 1988, e graças a um personagem. Maia revelou que seu cargo como gestor de futebol do Bangu aconteceu com uma "mãozinha" da ficção:
- Foi porque eu fazia um bicheiro em uma novela (Tony Carrado, na novela "Mandala"), e lá no Bangu estavam o Castor (de Andrade) e o Carlinhos Maracanã. Mas, na verdade, no Bangu eu ficava mais com o Neco, que era diretor. Eles gostavam de exibir como um "bicheiro", não era eu quem decidia as contratações, por exemplo.
Após a passagem na equipe banguense, retomou sua trajetória como ator e destacou-se em novelas como "Top Model" e "Vamp".
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Em 1993, veio sua primeira oportunidade como treinador, para comandar o São Cristóvão. Mas a lembrança não foi das melhores:
- Um amigo meu do time de artistas acabou me levando para comandar o São Cristóvão. Cheguei a armar o time, quando começou a ficar encorpado, vários jogadores tinham saído do clube. Fui perguntar para a diretoria, e eles me disseram que os caras tinham ido para o Vasco. O clube era mais uma "barriga de aluguel", vinha sempre gente do Vasco, e a diretoria falou que só tinha interesse em contratar meia dúzia.
No ano seguinte, aceitou o convite do Botafogo-PB. E levou um colega de profissão para ajudá-lo: Romeu Evaristo, que interpretou o Saci na primeira versão do "Sítio do Pica-Pau Amarelo" e, mais recentemente, o Angolano do "Zorra Total":
- Pois é, levei o Romeu Evaristo para lá, mas foi muito complicado. Quando ele ia para a arquibancada, ficava me detonando, me criticando, só funcionava quando a gente estava junto, trocando ideia. Além disto, tinha aquele negócio, de diretor querendo se impor, muita inveja, não deu muito certo - recordou, sobre a equipe que ficou na terceira colocação do Campeonato Paraibano.
Em 1996, Nuno Leal Maia comandou o Londrina (tendo Romeu Evaristo como auxiliar) no Paranaense, em que terminou em oitavo lugar. Aos olhos do ator, o trabalho no Tubarão foi o que trouxe melhores lembranças:
- Foi um trabalho muito bom. O presidente Marcelo Caldarelli era uma pessoa interessante. A gente sabia que ele estava jogando do nosso lado. Isso é muito importante.
Porém, sua rotina como ator chegou a lhe render contratempos. O ator recordou de um jogo no qual não pôde comandar devido a compromissos com a Rede Globo:
- Eu estava terminando "História de Amor", tinha as gravações da novela e, nos intervalos, eu treinava o Londrina. O pessoal da Globo ficou meio chateado com isso na época. Aí, no último jogo, quando o Londrina já estava desclassificado e eu tive de ir para o exterior apresentar um programa, acabei não comandando a equipe.
O desempenho satisfatório acabou rendendo um trabalho no Matsubara. No entanto, o ator dispara acusações sobre o comportamento do presidente:
- O dono do Matsubara (Sueo Matsubara) vendia todos os jogos. Íamos enfrentar o Corinthians de Prudente, e não eu tinha jogador para eu treinar. Tinha sumido com os jogadores Ele tinha dado uma grana para vender o jogo! Hoje em dia, não sei se tem isso.
Ao fazer um balanço sobre sua passagem como técnico, Nuno Leal Maia revelou sobre como seu trabalho como ator lhe ajudou em outra área:
- De conhecer o ser humano, saber como personalidade, de ter um trabalho de grupo. Claro que tem de entender um pouco, e aprendi muito mais no time de máster. Além disto, eu trabalhava como técnico do mesmo jeito que fazia no teatro. Repetição! Repetição de jogadas, de táticas a cada treino.
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Longe dos gramados, o ator vê com ressalvas o futebol jogado atualmente no Brasileirão:
- Está devagar. Acho mais legal, por exemplo, como os jogos são disputados na Série D, porque são todos aguerridos. Mas os jogadores do futebol brasileiro, de várias divisões, são muito pretensiosos, Têm muitos erros de passes. O brasileiro não tem aquela coisa de trabalhar em grupo, de futebol coletivo. Falta humildade. Mas o nível de futebol mundial também caiu... Você vê um Neymar, um Messi, um Cavani, um Marcelo, mas não forma 11 jogadores craques. O Zidane valorizou o Casemiro, que já era um bom jogador, e se tornou ainda melhor com ele.
O atrito entre Neymar e Cavani no PSG é visto com naturalidade pelo ator:
- Isso é normal. São jogadores muito ricos, e vai dar esse problema de ego. É isso que falo, em qualquer lugar tem de administrar. Vi isso também em outros lugares.
Ao falar de Copa do Mundo de 2018, Nuno Leal Maia traz um alerta para Tite. Aos seus olhos, nem tudo está perfeito na Seleção Brasileira:
- Tite faz um trabalho bacana, mas ele precisa abrir o olho com a defesa. Porque Miranda e Thiago Silva, eu não sei não! Além disto, faltam substitutos de Casemiro e Paulinho, que são grandes jogadores. Agora, tem Coutinho, Willian, que são grandes jogadores.
Entre as demais seleções, o ator confessa que a Argentina é a que mais lhe preocupa:
- Espere que você verá! A Argentina vai chegar com tudo. Sampaoli sabe muito bem o que faz. A Argentina é tão forte quanto a Alemanha nesta Copa.
Intuição de quem já lidou com vários cenários do futebol.
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