Ex-prefeito do Rio de Janeiro e pré-candidato nas próximas eleições municipais, Eduardo Paes (Democratas) é uma das vozes mais críticas a Marcelo Crivella (Republicanos), seu sucessor e rival no pleito previsto para outubro de 2020, sobre assuntos relacionados à administração pública. Mas evita contestar a decisão do político de autorizar o retorno do Campeonato Carioca, anunciada na terça-feira. Uma reunião nesta quarta oficializará a volta do Estadual.
Em entrevista ao "De casa com o L!", Paes mostrou-se sensível aos argumentos de Flamengo e Vasco, que, diferentemente de Fluminense e Botafogo, se posicionaram a favor da volta dos jogos, mesmo diante das incertezas da pandemia do COVID-19 no estado. Mas frisou que critérios científicos precisam ser levados em conta.
- Estou doido para voltar o futebol e a vida. Nós queremos sair e viver a vida. Cheguei a pegar COVID-19, mas recuperei e fiquei imune (assintomático). Tenho feito reuniões com poucas pessoas. O que a gente não pode é desafiar a ciência. Acho o prefeito incompetente, mas não acho que seja maluco e que queira matar as pessoas - afirmou Paes.
Na última terça-feira, o estado do Rio registrou 239 mortes em 24 horas pelo novo coronavírus, maior número desde o dia 4 de junho, e 2.397 novos casos no mesmo período, a maior marca desde o o último dia 9. No total, são 7.967 óbitos e 83.343 pessoas infectadas.
- Estou torcendo para voltar o futebol e que seja de forma responsável. Espero que tenha racionalidade, respeito à ciência e à saúde, e também à economia. O futebol é uma economia. É natural a angústia (do Flamengo), porque fez um investimento alto e não está entrando dinheiro. O presidente do Flamengo está pressionando para poder faturar, se não fica ruim. Mas tomara que as coisas voltem ao normal. Essa é a minha torcida - afirmou Paes.
Vascaíno, o ex-prefeito também falou sobre sua relação com o futebol, relembrou a geração de Roberto Dinamite, Giovanni e Romário, e lamentou os maus resultados do Cruz-Maltino.
- Já fui mais assíduo e já acompanhei mais. Adoro futebol, mas tem um momento da rotina da vida, e a política consome muito a gente, além das frustrações. Tenho muitos primos por parte de mãe. Nós tínhamos um sítio em Mendes, no Rio, e ficávamos lá nas férias. Minha família toda é tricolor, o único vascaíno era meu pai. Nesse sítio eu era muito zoado. Como meu pai não era ligado a futebol, eu assistia a muitos jogos do Fluminense. Cheguei a assistir jogos contra o Vasco no Maracanã na arquibancada do Fluminense. Isso quando era moleque, com uns 12 ou 13 anos. Quando fiquei mais velho, comecei a frequentar São Januário e me tornei um torcedor assíduo, acompanhando o Vasco até na Rua Bariri. O Giovanni era um craque, parecia jogador da década de 70. São as minhas boas lembranças do meu Vasco. São Januário é um estádio muito legal de ir. E o Maracanã é muito especial e é muito legal vê-lo completando 70 anos - contou.
Paes terá como concorrentes no pleito municipal figuras que têm ligação forte com o Flamengo, como o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello (Rede Sustentabilidade) e Fred Luz (NOVO), ex-CEO do Rubro-Negro. E um dos nomes cotados para vice em sua chapa é Marcos Braz, vice-presidente de futebol do clube. Ele reconhece o mérito do clube rival nos processos de gestão.
- Palmas para o Flamengo que soube montar um grupo de pessoas para gerir o clube e resolver os problemas financeiros do clube. Vão até tentar a prefeitura. Eles vão ter o problema da questão das crianças no Ninho do Urubu que foram assassinadas, que é muito grave - disse o carioca.
Ele também citou a esperança de que as eleições no Vasco tragam uma onda de otimismo no clube.
- Para o Flamengo é muito ruim que o Vasco, segunda força do futebol carioca, esteja do jeito que está, é ruim para o Rio e também para o próprio Vasco. O que eu torço e rezo é que esses grupos políticos do Vasco se entendam para salvar o clube. Tem muitos grupos interessantes disputando a eleição.
Paes considera a ideia de transformação dos clubes em empresas uma boa oportunidade. Segundo ele, ainda há muito amadorismo no setor.
- Nós precisamos profissionalizar, entender e avançar. Precisa ter um espírito vascaíno ali na frente, e acho que rolou uma época com o Roberto (Dinamite), mas foi uma oportunidade perdida. Fluminense e Botafogo é a mesma coisa, são clubes grandes e tradicionais. O modelo de negócio segue o padrão americano de grandes esportes como basquete, futebol americano e beisebol, mas com adaptações. É natural que os times do Rio e São Paulo tenham projeções nacionais. Acho que houve um esforço nos últimos anos de profissionalização e são avanços que devem seguir em frente.