Toma seu rumo! Veja porque duelos da primeira fase da Copa do Brasil ‘desembarcarão’ no Rio de Janeiro
'Dribles' a vetos de estados a jogos de futebol, 'maratonas' de delegações, adiamentos... Não faltam histórias sobre duelos entre Porto Velho e Ferroviário nem Jaraguá e Manaus
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A decisão da CBF, Federações e clubes de não paralisarem as competições nacionais e estaduais (ratificada em reunião no dia 10 de março, cujo trecho foi vazado nesta semana) em meio à atual escalada da pandemia do novo coronavírus no país proporcionou verdadeiras maratonas a delegações. Em um contexto marcado por "dribles" a decretos de autoridades locais e mudanças de rotas, palcos dos arredores da cidade do Rio de Janeiro traçarão destinos de equipes de outros estados na primeira fase da Copa do Brasil.
DE PORTO VELHO A DUQUE DE CAXIAS: ÚLTIMA PARADA!
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Nesta quinta-feira, às 15h30, Porto Velho e Ferroviário-CE duelam no Estádio de Los Larios. É o ponto final em um roteiro marcado por idas e vindas na organização da Copa do Brasil.
A partida, prevista para ser disputada na capital rondoniense, "migrou" para o Estádio Antônio Accioly, em Goiânia. No entanto, foram proibidos jogos de futebol em Goiás.
Só que nesta semana, a partida ganhou novas alternativas novamente. Inicialmente, aconteceria no Raulino de Oliveira. Porém, a Prefeitura de Volta Redonda vetou jogos da Copa do Brasil na cidade. A partida chegou a ser transferida para São Januário, local visto com bons olhos pelo Porto Velho, que realizou jogos-treino contra o Vasco em 2020. Mas o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, também proibiu jogos entre equipes de outros estados na capital. A solução encontrada foi levar o embate para Duque de Caxias.
Presidente do Porto Velho, Jeanderson Maranhão não esconde o quanto se tornou árdua a espera de uma semana (a partida anteriormente tinha mudado do dia 18 para o dia 25 de março).
- Ficou tudo muito conturbado. Nosso mando era em Rondônia, aí não podia. Depois fomos para Goiânia, aí não podia! Mesmo com a CBF custeando nossas passagens, a gente, que é de uma equipe do Norte, de menor porte, tem problemas para lidar com tantas mudanças de logística como estas. Mas é claro que a gente entende que o Brasil vive um momento difícil - afirmou o mandatário da equipe rondoniense, reforçando as atenções do clube ao protocolo de combate à Covid-19:
- Separamos sempre um local para atletas que ficarem isolados caso se contaminem. Disponibilizamos álcool em gel para os jogadores, os exames que detectam Covid-19... Seguimos os protocolos da CBF - completou, reforçando que a infecção de três atletas aconteceu antes do embarque para o jogo quando aconteceria em Goiânia.
Treinador da Locomotiva do Norte, Tiago Batizoco reconhece que a situação é bastante desafiadora, ainda mais pelo contexto da pandemia.
- Olha, é a primeira vez que vivencio isso. Mas o grupo assimilou muito bem, sabemos que é um momento difícil, mas temos de fazer nosso papel em campo. Chegamos bem (ao Rio de Janeiro), conseguimos descansar, mas temos mostrado para o elenco a necessidade de canalizar as circunstâncias de forma motivacional- disse.
Batizoco não nega que a equipe do Porto Velho se mostrou tensa diante da sucessão de mudanças. Porém, tenta achar aspectos positivos.
- Ah, aumenta a ansiedade, dificulta a questão do planejamento. Você está com um plano, depois muda tudo. Mas vejo o lado bom, todo mundo está com saúde, pronto para o jogo. Teremos uma partida difícil, contra um time tradicional do Ceará, e estaremos muito concentrados - disse.
O presidente do Ferroviário, Newton Faria, também expôs o clima de insegurança que rondou a definição do local da partida. O mandatário do clube cearense foi taxativo.
- É complicado. Ia ser em Goiânia, depois o jogo foi para Volta Redonda, São Januário, Los Larios... Diante disso, esperamos que realmente a partida aconteça amanhã (quinta-feira). Trata-se de uma competição importante, na qual a classificação vale muito. Já tivemos um desgaste que foi viajar até Goiânia, depois voltamos para Fortaleza e, aí sim, fomos para o Rio de Janeiro... - e frisou:
- Nossos protocolos já são bem rígidos. Fizemos testes para Covid-19 desde a saída de Fortaleza, faremos no Rio de Janeiro hoje (quarta-feira passada) e também perto da realização do jogo - completou.
PARTIDA EMBLEMÁTICA MUDA DE JARAGUÁ PARA NOVA IGUAÇU
A manutenção das datas do calendário da Copa do Brasil fez o Jaraguá colocar o pé na estrada para disputar o confronto com o Manaus, nesta sexta-feira, às 15h30. Presidente do clube goiano, Miller Meira detalhou quais foram os passos após o confronto com a equipe amazonense "migrar" do interior de Goiás para Nova Iguaçu.
- Devido à pandemia e à paralisação do futebol em Goiás, não poderemos realizar nosso jogo mais importante em 92 anos da história do clube em Jaraguá. Queríamos que fosse no Amintas Freitas (estádio do Gavião-da-Serra, que fica na cidade localizada a 108 km de Goiânia). Além disso, a logística passa a ser um obstáculo. Ao menos, conseguimos compensar o desgaste da viagem. Saímos de madrugada de Jaraguá, chegamos bem cedo ao Rio de Janeiro, deu para fazer uma atividade moderada - afirmou o mandatário do Gavião-da-Serra, ressaltando:
- É uma atmosfera completamente diferente, mas é o futebol, é o momento que a gente vive, temos que entender desta forma e juntar forças para que possamos surpreender e passar para a segunda fase da Copa do Brasil, que é algo importante para a gente mudar de patamar - completou.
Miller falou sobre como é lidar com o futebol em meio à pandemia.
- Sabemos que nos expomos mais neste momento. Quando estamos jogando na nossa região, com viagens curtas, acaba que o risco é bem menor. Seguimos todos os protocolos. Desde 14 de dezembro, não tivemos casos de Covid-19 no nosso elenco, a comissão técnica está bem, mas tem essa nova variante que existe, que nos preocupa muito. Sabemos que é necessidade da profissão, que exige isso, exige realizar essa partida. A gente torce, pede a Deus para que todos possam ficar bem - completou.
Técnico do Jaraguá, Rafael Toledo contou como foi contornar o ambiente do elenco em torno do duelo válido pela primeira fase da Copa do Brasil.
- Gerou ansiedade muito em função de troca de data e local, mas a gente entende como o Brasil está em um momento complexo em relação à pandemia. Precisamos ter paciência e lidar com os fatos. A Copa do Brasil demanda muita capacidade, nível de competição muito forte. Preparei os atletas para este um jogo histórico, pois precisaremos ter um nível de competitividade. Tentaremos fazer nosso melhor jogo - afirmou, destacando a mobilização para combater a Covid-19 na equipe:
- Toda precaução é válida. Ontem, fizemos exames antes de viajarmos ontem (terça-feira passada).Também foi feito outro ao chegarmos ao hotel aqui no Rio. O objetivo é deixar todos saudáveis - complementou.
O Manaus foi outro clube que cortou um dobrado para ajustar sua rotina às mudanças de local da partida na Copa do Brasil.
- Bem, lógico que tivemos que nos adequar ao atual cenário. Pela nossa logística, viajamos inicialmente de avião para Brasília e depois mais 200km até Jaraguá. Já estávamos lá na cidade da partida e veio o adiamento, por conta das autoridades. Aí foram mais 200km de ônibus de volta para Brasília. Sem contar que voltamos para o Amazonas, porque tínhamos compromisso no Amazonense, no confronto com o Penarol (no qual o Gavião do Norte venceu por 2 a 1), que é a 280km da capital - e falou em tom veemente:
- Aí é um tal de voltar de Brasília para Manaus, depois pega 280km de estrada para Itacoatiara. Depois pegamos outro voo, viajamos para o Rio de Janeiro, depois fomos de ônibus para Volta Redonda e, de repente, mudaram para Nova Iguaçu! Acredito que os estados estão fechando tudo, mas o futebol tem se mostrado um bom exemplo. O protocolo da CBF é bem elaborado, temos critérios de seguranças. O esporte tem de permanecer em atividade - completou.
ESTÁDIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO GANHAM HOLOFOTES
O decreto do prefeito Eduardo Paes (DEM) que proibiu a realização de partidas de futebol entre 26 de março e 4 de abril abriu espaço para cidades próximas à capital. O Estádio Jânio Freitas (conhecido como Laranjão), em Nova Iguaçu, abrigará três partidas nos próximos três dias.
Nesta quinta-feira, o Nova Iguaçu recebe a Portuguesa, às 15h30, pela quarta rodada do Carioca. Já na sexta-feira, Jaraguá e Ferroviário duelam pela Copa do Brasil. No sábado, é a vez do Bangu "mandar" um jogo contra o Resende, também às 15h30, pela quinta rodada do Estadual.
Em relação ao duelo válido pelo torneio nacional, a assessoria do Nova Iguaçu detalhou ao L! que oferecerá toda segurança possível aos atletas envolvidos nas três partidas disputadas nos próximos dias.
"Quanto à partida entre Jaraguá e Manaus, a organização é da CBF. Mas, nós do Nova Iguaçu, estamos seguindo todo o protocolo. É preocupante a situação da Covid-19, disponibilizamos álcool em gel, testagem em massa nos funcionários e atletas, uso de máscara e todos os métodos de prevenção. Isso nos dá muita segurança".
Em relação ao risco de desgaste do gramado, o clube também afirma.
"O Laranjão tem ótima infraestrutura, possui condições de receber esta sequência de jogos".
Estádio de propriedade do Tigres do Brasil, Los Larios receberá tanto o confronto entre Porto Velho e Ferroviário, pela Copa do Brasil, nesta quinta-feira, quanto o embate entre Vasco e Madureira, no sábado, pelo Campeonato Carioca.
Dirigente da Fera da Baixada, Paulo Martelo também mostra tranquilidade quanto à estrutura para o estádio sediar as partidas em meio à pandemia.
- Como o Tigres estava disputando a Série B2 (do Carioca) até o início deste ano, a gente manteve os procedimentos rotineiros de higienização. Inclusive, além de não ter público, as equipes não ficam próximas no gramado - assegurou.
Além disto, Martelo mostrou-se confiante com as condições do campo.
- O gramado está excelente para a realização de jogos. Temos uma boa estrutura, que vai proporcionar as melhores condições para quem jogar aqui - disse.
A tabela da Copa do Brasil, aliada ao veto de partidas no Rio de Janeiro e em Niterói colocou no mapa também o Elcyr Resende e o Giulite Coutinho. E não faltarão histórias em torno destes palcos.
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