Ao L!, presidente do Atlético Carioca critica Jobson: ´É um caso perdido’
Em entrevista, Maicon Vilela afirma que entrará com um processo contra o atacante e empresários, revela perda de patrocinadores e dificuldade em recuperação financeira
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O atacante Jobson parece gostar de uma polêmica. O caso desta vez, se trata de um suposto não cumprimento de um contrato. Atualmente no Capital, no Distrito Federal, o jogador teria fechado um vínculo com o Atlético Carioca, que disputa a Série C do Campeonato Carioca - a quarta divisão. O atleta causou problema aos seus empresários e ao presidente do clube do Rio de Janeiro.
O acordo teria sido feito diretamente entre Maicon Vilela, presidente do Atlético Carioca, e Jobson. O combinado era que o jogador receberia R$ 3 mil por partida. O mandatário chegou a pagar metade do valor ao jogador, que na ocasião, estava no Brasiliense. Os empresários do atleta não ficaram contentes em saber que Jobson jogaria a quarta divisão do Rio, desta forma, o contrato foi desfeito e o dinheiro não foi devolvido. Os representantes chegaram a emitir uma nota oficial sobre o não acordo com o clube do Rio.
Com isso, o LANCE! buscou esclarecer todo essa polêmica envolvendo o time e jogador. Em entrevista com o presidente do Atlético Carioca, Maicon Vilela afirmou que vai entrar com processo contra o Jobson e a empresa RCF Sports - que agencia o jogador.
- Sim, terá processo! Contra o Jobson e contra a empresa RCF. O que fizeram não foi só prejuízo financeiro que chega a mais de 60 mil. Perdemos patrocinadores. Viramos chacota na internet. Eles só agenciam o Jobson quando ele está mídia, quando ele está fora nem ligam pra ele. Como a gente fez um barulho, gostam de aparecer. Não tenho nada para falar sobre essa empresa... Quem conhece a fundo, sabe - disse Maicon Vilela, que não poupou críticas ao jogador.
- O Jobson é tão inconsequente que ele posta status no Whatsapp e não está nem aí para a vida dele. O Jobson é um caso perdido. Não responde, não pede desculpas, não devolve o dinheiro. Nunca! Nem de graça eu aceitaria ele, fomos humilhados com tudo isso - completou.
Perguntado se vai apostar em outro atacante, o mandatário do clube admitiu que não tem um plano B, porque todo um marketing esportivo foi iniciado pela chegada do atleta.
- Para ser bem sincero não temos um plano B, o Jobson viria não só pra jogar, mas todo marketing foi desenvolvido, fizemos mil camisas para serem distribuídas na estreia dele com o nome, e agora? - indagou.
A situação parece ser problemática para Maicon Vilela. Além de ser presidente do clube, é dono de uma rádio em São Gonçalo, de onde consegue tirar um capital e que pode ajudar o Lobo. Contudo, salientou que a dificuldade é grande e que em algum momento vai ser insustentável.
- A parte financeira realmente não tenho a mínima ideia do que fazer, só um milagre, alguma empresa hoje decidir apoiar nosso projeto. Eu acabei de fazer um pagamento de material esportivo no valor de R$ 22 mil, saiu do meu bolso. Se o Jobson tivesse sido homem, não precisaria sair do meu bolso. Em questão de torcida, eles sabem do nosso foco. A culpa não é minha, se fui ingênuo eu não sei, mas posso colocar minha cabeça no travesseiro e dormir em paz porque sei que dei o meu melhor. Mas realmente vai chegar um momento da competição que não terei como tirar dinheiro da minha empresa para colocar no clube - revelou.
Para quem não conhece o clube, é bom contextualizar. Antes mesmo de se chamar EC Atlético Carioca, teve dois nomes diferentes. Em 2006, quando o CAC foi fundado, a associação se chamava São Gonçalo Futebol Clube ainda como time amador. Em 2009, mudou mais uma vez o nome do clube para Gonçalense Futebol Clube que ficou até 2011. Com a participação na Ferj de outra agremiação com o mesmo nome, Maicon Villela decidiu sair da cidade de São Gonçalo e foi para o Aterro do Flamengo.
Dessa vez, registrou todas as marcas antes mesmo de começar o projeto. Após todos os documentos em mãos, nascia em 21 de dezembro de 2012 o Atlético-RJ. Com várias competições fora do Rio de Janeiro era mais conhecido em outros estados do que no seu próprio território. Filiado à Liga Gonçalense de Desportos, em 2017 o Atlético-RJ foi indicado a se tornar clube profissional no quadro da série C da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.
"Depois que ele fez isso, recebi ligações de muitos empresários e pessoas que o Jobson vem decepcionando. Já fez isso com outros times e até em buteco ele deve em Brasília"
O Alvinegro do uniforme tem uma inspiração: o Botafogo. O presidente é torcedor botafoguense e fez uma homenagem ao clube de General Severiano. Além disso, na temporada passada, Túlio Maravilha vestiu as cores do Lobo - algo sensacional para jogadores e técnico do clube. Jobson seria outra alternativa para o time ganhar destaque, porém não teve êxito.
- Fundei o clube em homenagem ao Botafogo. Ano passado, veio o Túlio Maravilha e esse ano eu quis o Jobson. Seria uma grande atração em uma competição que com toda humildade se não fosse o Atlético ninguém conhecia. - disse.
- Cara, realmente eu acredito que as pessoas mudam, depois que ele fez isso eu recebi ligações de muitos empresários e pessoas que o Jobson vem decepcionando. Jobson já fez isso com outros times e até em buteco ele deve em Brasília - complementou.
Segundo Maicon Vilela, o jogador deve a bares de Brasília. Em apuração da reportagem, o atacante deve muito mais que uma conta de bar. Recentemente, a Procuradoria do Governo do Distrito Federal entrou com um processo contra o Jobson, que não pagou o IPVA de seu carro.
Para piorar todo nesse contexto, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ) emitiu um comunicado através do Departamento de Competições, confirmando o adiamento do início da Série C do Campeonato Carioca 2019. De acordo com a resolução, alguns clubes não indicaram estádios liberados para receberem jogos com presença de público. A Federação estabeleceu o dia 3 de setembro como o prazo limite para que os clubes apresentem todos os laudos técnicos do estádio indicado para mandar as partidas, ou indiquem outra praça esportiva já liberada para receber jogos com presença de público.
- A gente merece tudo. O que fazemos não é justo ficarmos em uma divisão tão desorganizada. Para se ter ideia, a competição foi adiada pela segunda vez. Meus jogadores estão regularizados até 15 de dezembro e se passar dessa data eu vou gastar muito mais.
Para finalizar, o mandatário ainda vê esperança em descobrir um jogador diferente de Jobson. A localidade do clube fica em São Gonçalo, mas há uma espécie de peneira no Alto da Boa Vista, Zona Norte do Rio de Janeiro.
- A gente está fazendo a última peneira dia 14 pra ver se descobrimos algum talento ainda pra esse ano. Quem sabe não achamos o substituto do Jobson lá que seja menos irresponsável (risos).
*Após a publicação desta reportagem, a empresa RCF Sports enviou uma nota oficial se pronunciando sobre o tema e negou envolvimento no caso. Um dos sócios da empresa, Renan Costa afirmou que não houve contato da empresa com o clube do Rio de Janeiro, e negociação era feita entre Brasiliense e o próprio Jobson.
- Importante esclarecer que a RCF Sports não teve participação nenhuma nesta negociação. Ficamos sabendo somente quando a imprensa noticiou. Até então tudo havia sido feito entre o Atlético-RJ, Brasiliense e o jogador. No momento em que ficamos cientes, nos inteiramos do caso e passamos a orientação que julgávamos ser o melhor para a carreira do atleta. Em nenhum momento criticamos ou questionamos a índole do Atlético-RJ. Inclusive já tive uma conversa com o presidente Maicon Vilela, ao qual tenho grande respeito. Como advogado, entendo e respeito a posição do clube de querer buscar seus direitos - disse Renan Costa, sócio da RCF Sports.
POLÊMICAS DE JOBSON
O primeiro caso controverso da carreira do centroavante aconteceu em 2009, quando se destacava pelo Botafogo. O jogador foi pego no exame antidoping em duas partidas do Campeonato Brasileiro, contra Coritiba e Palmeiras, e foi suspenso por dois anos. O teste deu positivo para substâncias presente na cocaína e o próprio atleta confessou, na época, ter usado crack.
Meses depois de retornar as atividades no Botafogo, o atacante se envolveu em outra polêmica. Após um empate contra o Avaí na ressacada, a delegação do Botafogo deixava o estádio no ônibus e o atacante mostrou o órgão genital para torcedores do time catarinense.
Depois de deixar o Botafogo por problemas disciplinares, como atraso em treinos, Jobson vagou por algumas equipes no futebol brasileiro até parar no São Caetano, em 2013. Nesse mesmo ano, o atacante foi acusado de agredir fisicamente a esposa Thayne Bárbara. Jobson foi à um hospital de São Caetano do Sul com alguns ferimentos alegando que se cortou acidentalmente em casa. No entanto, a ex-mulher do atleta disse que os machucados foram originados por uma briga entre o casal.
Ainda na passagem pelo São Caetano, Jobson colecionou mais um caso. Em 2013, mesmo ano que foi acusado de agredir a mulher, Jobson foi levado à delegacia por acelerar seu carro e ofender policiais de São Caetano do Sul em uma blitz.
No Grêmio Barueri, a situação foi a mais conturbada. Além dos atrasos em treinamentos e desentendimentos com comissão técnica e atletas, o atacante deu uma declaração controversa, dizendo que "não queria mais jogar em um time sem torcida.". Logo depois, teve o contrato rescindido pela equipe paulista e assinou com o São Caetano.
Contratado em 2014 pelo Al-Ittihad, da Arábia Saudita, Jobson chegou ao país badalado e fez boas partidas pela equipe no início de 2014, marcando cinco gols em 13 partidas. No entanto, tudo degringolou em março daquele mesmo ano. Jobson se recusou a realizar um exame antidoping e foi suspenso pela Federação Árabe e não poderia atuar no país pelos próximos anos. Na época, o jogador desmentiu a informação e disse que o clubes não pagava os salários.
Como a punição só era válida para solo saudita, o atacante desembarcou no Botafogo em 2014. Em 2015, seu futebol voltou a entrar nos eixos. No entanto, a Fifa decidiu que a suspensão do Comitê Antidoping da Arábia valia para todo o mundo, às vésperas do jogo de ida da decisão estadual, contra o Vasco. Jobson teve de ficar fora dos gramados até março de 2018.
Meses depois, Jobson ganharia as páginas policiais, ao ficar preso sob acusação de estuprar quatro menores em uma chácara no interior no Pará. Segundo a acusação, ele teria entorpecido e embriagado as meninas. Foi solto em setembro daquele mesmo ano, mas voltou à prisão por determinação judicial em maio de 2017.
Ainda em 2017, o atacante foi solto mediante pagamento de fiança. Porém, ainda no mesmo ano, voltou a ter visibilidade pelas confusões. Primeiro, seu carro capotou em um grave acidente em Tocantins, e, além do jogador se ferir, seu cunhado não resistiu. Dentro do veículo, foram encontradas latas de cerveja e uma garrafa de uísque. Em um campeonato amador de Conceição do Araguaia, irritado com uma dividida, o atacante agrediu um adversário e, irritado por ser expulso, deu um tapa no árbitro.
No ano passado, acertou seu retorno ao futebol com o Brasiliense, no entanto, já teve desentendimentos com a diretoria, que o suspendeu. O jogador ficou fora de atividades da pré-temporada da equipe. Nesta temporada, ainda segue no clube do Distrito Federal.
*Matéria atualizada, às 17h52, para acrescentar nota da empresa RCF Sports.
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