Campeão paranaense em 2014, vice-campeão da Série C em 2015 e hoje brigando para voltar à elite do futebol brasileiro após quase 40 anos. Os bons resultados podem ser creditados ao trabalho de longo prazo do técnico Cláudio Tencati, que comanda o time desde 2011 e é considerado o treinador mais longevo no cargo do futebol brasileiro. O curioso, entretanto, é que sua chegada para comandar o time e o bom desempenho nos torneios nos últimos anos só foram possíveis após o clube chegar ao fundo do poço.
Em 2007, o Tubarão, como é chamado por sua torcida, esteve perto de encerrar suas atividades por conta de dívidas milionárias pelo não pagamento de salários e direitos trabalhistas que levaram seus funcionários e atletas a acionarem o Ministério Público do Trabalho. O fato fez o Londrina sofrer intervenção judicial e sua administração foi repassada à iniciativa privada.
Após a tentativa frustrada de gestão de uma empresa entre 2009 e 2010, o clube passou para as mãos da SM Sports, do empresário e gestor Sérgio Malucelli, em 2011. Foi o início da reviravolta de um dos maiores clubes do interior paranaense.
Ao assumir, Malucelli lembra que o Tubarão não tinha jogadores e estava na Segunda Divisão do Campeonato Paranaense. Sua primeira iniciativa foi contratar o técnico com quem vinha trabalhando no Iraty, que era Cláudio Tencati, que logo levou a equipe de volta à elite do futebol paranaense ao conquistar o título da Segundona.
- Não tenho motivos para tirá-lo do cargo. É um profissional sério, trabalhador e que tem conquistado títulos. Acredito no que planejamos e não serão duas ou três derrotas que vão mudar o nosso projeto", explica o empresário, ressaltando que o treinador será considerado um dos melhores do futebol brasileiro em pouco tempo.
E assim como dentro de campo, fora das quatro linhas o clube paranaense também tem conquistado bons resultados. Sem informar números, Malucelli diz que o Londrina está próximo de quitar todas as suas dívidas do Londrina, que recebe um percentual de todo o dinheiro movimentado pelo clube, de venda de jogadores a acordos de patrocínios.
- É uma conta administrada pelo próprio Ministério Público do Trabalho - diz o dono da SM Sports, cujo contrato para administrar o Londrina se encerra em 2021 e poderá ser prorrogado por mais dez anos.
A boa gestão tem feito o clube ter relações duradouras além do banco de reservas. Dentre as marcas de peso que patrocinam o time como Caixa, Madero e Café Itamaraty, três mantêm parceria com o Londrina desde o início do projeto da SM Sports: Unimed, Vale Sorte e a fabricante de material esportivo Karilu.
- Já tive propostas de grandes empresas para fabricar o uniforme do Londrina mas preferi manter a Karilu pois acreditou em nosso projeto desde o início - diz Malucelli.
Após pegar o Londrina na Segunda Divisão do Paranaense e levá-lo à briga para conquistar uma vaga na Série A do Brasileirão, o empresário sabe como poucos as dificuldades que os clubes têm nas diferentes divisões do país. Segundo o empresário, as séries D e C da competição nacional são deficitárias para seus participantes e as finanças só atingem seu ponto de equilíbrio com as receitas igualando as despesas na Segundona do Brasileirão.
- Os participantes da Série B já recebem R$ 5,6 milhões de cota e a exposição dos jogos na TV ajuda muito na venda de patrocínio - diz o empresário, que critica a discrepância em relação ao valor pago aos clubes da Série A.
- Quem cai, é bem provável que volte no ano seguinte pois havia recebido uma cota de R$ 28 milhões. É muita diferença - reclama.
Mas em 2018 é o clube que poderá ser recebedor do valor pago aos que estão na elite do futebol brasileiro. Na temporada passada, o Londrina ficou a apenas três pontos de subir para a Série A e neste ano está novamente na briga. Ocupa a 6ª posição na tabela mas com os mesmos 27 pontos do Internacional, 4º colocado que ficaria hoje com a última vaga de acesso. Mesmo com a boa gestão, Malucelli também prega uma ajuda divina para levar o Londrina de volta à elite.
- Se Deus quiser vamos subir esse ano.