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Somoggi: ‘O fim do Profut é um gol contra do nosso futebol’

Colunista opina sobre efeitos do fim da exigência da CND aos clubes

Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes deu liminar que suspende exigência de CND (Foto: JOSE CRUZ)

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As últimas notícias sobre o Profut, lei criada em 2015, e que prometia ser a salvação da gestão do futebol brasileiro está bem perto de acabar. A não obrigatoriedade de obter a CND e recolher impostos e contribuições sociais vai simplesmente enterrar a nova lei.

A bancada da bola fez mais um desserviço ao desenvolvimento do nosso mercado, com a CBF como artífice. Como sempre ocorre no Brasil, há claros interesses em que não progridamos em termos de gestão. Todas as tentativas legislativas ligadas à gestão dos clubes foram deturpadas e destruídas pela bancada da bola.

Fizeram agora o que sempre ocorreu, descumprem as leis e depois criam uma nova para continuar fazendo de conta que mudaram.

Mas na prática mantém o futebol brasileiro como um ambiente de negócios obscuro, onde a sonegação impera e sem boas práticas de gestão.

Isso não me surpreende. Fui um crítico ferrenho da forma como foi feito o Profut e sempre me posicionei contrário a ingenuidade com que foi idealizado. Quem escreveu e idealizou essa lei lá no início literalmente não tinha conhecimento sobre o assunto.

Criaram uma peça de fantasia e que foi até sua aprovação todo modificada e alterada.

Tive a oportunidade de estar presente em duas audiências com deputados e senadores. Fiquei chocado com o que vi. Ficou claro para mim, que qualquer pessoa que estudou a fundo o tema teria que ser contra como as coisas aconteceram.

Na prática os clubes receberam uma bolada em descontos de dívidas sonegadas por décadas e agora dizem que não tem como pagar os impostos devidos e nem correntes. E ainda recebem de prêmio patrocínios estatais.
Um escárnio! Que devolvam o dinheiro recebido então! Foram mais de R$ 700 milhões em 2015. E mais: que os órgãos federais bloqueiem as receitas dos devedores na justiça.

E que os times que não estão em dia tenham seu patrocínio da Caixa bloqueado.

Simples assim! No dia seguinte os cartolas farão fila até Brasília para solucionar o caos que terá virado suas vidas. Infelizmente para o futebol brasileiro mudar, precisamos que o governo faça seu papel de cobrar os impostos sonegados.
Isso não é inconstitucional como falam os cartolas e até ministros do STF. Esse é o papel do estado, tratar todos iguais perante a lei e não rasgar dinheiro público.

O que os clubes sonegaram no Brasil, na Alemanha pagam por ano

Todas as vezes que escrevo sobre o Profut faço questão de repetir esse dado. O que os clubes brasileiros sonegaram ao longo de décadas e ganharam Refis, Timemania e Profut de presente, os times alemães pagam em um ano de operação. Nenhum time pode sonegar impostos, com o risco de sofrer punições severas.

Em 2016, os times da Bundesliga pagaram ao governo € 953 milhões em impostos e taxas. Os times da Budesliga 2 outros € 181 milhões, totalizando € 1,1 bilhão pagos pelos 36 times.

Na última década o pagamento de impostos somou quase € 9 bilhões. Quanto mais as receitas cresceram e os salários subiram, mais impostos e contribuições pagaram.

O óbvio!

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