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Teixeira revela ameaça de Blatter e diz ter sido alvo de emboscada do FBI

Abatido, ex-presidente da CBF reaparece em público após mais de três anos e concede entrevista reveladora à 'CNN Brasil', canal que entra na grade televisiva neste domingo

Ricardo Teixeira
imagem cameraRicardo Teixeira reapareceu abatido aos 72 anos, em entrevista a novo canal (Foto: Reprodução / CNN) 
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 15/03/2020
19:07
Atualizado em 15/03/2020
21:13

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Ricardo Teixeira reapareceu. O ex-presidente de CBF não era visto em público desde agosto de 2016, quando o ex-sogro João Havelage morreu. Em entrevista relevadora à "CNN Brasil", canal que estreou neste domingo, o antigo dirigente esportivo, de 72 anos, diz ter sido ameaçado por Bill Clinton e Joseph Blatter, considera seu banimento do futebol uma "perseguição" e afirmou ter sido alvo de emboscada do FBI (Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos), em 2014.

Durante o processo de escolha da sede da Copa do Mundo de 2022, Teixeira diz ter sido coagido pelo ex-presidente da Fifa Joseph Blatter a votar pelos Estados Unidos. À época, segundo relato o ex-mandatário brasileiro, o antigo presidente da Fifa teria dito: "Acho que você deve ficar atento, porque você tem propriedade nos EUA, sua filha está estudando lá. Você devia ter cuidado. Como é que você vai votar no Qatar? O que que tem o Qatar a ver com você?”.

- Eu considerei isso como ameaça. Não falei nada, ia falar o quê? Olhei com olhar de cascavel para ele e fui lá votar no Qatar - contou Teixeira à "CNN". 

Pelo mesmo motivo, Teixera garante ter sido alvo de retaliação de Bill Clinton, ex-presidente norte-americano, que naquela altura, era diretor honorário da campanha para os EUA sediarem a Copa de 2022: 

- Eu matei a Copa do Bill Clinton. E eles sabem disso. É vingança, e todo mundo diz que o Clinton é muito vingativo. 

Em 2015, vieram à tona o escândalo do "Fifagate". Naquele ano, procuradores federais americanos denunciaram 42 pessoas e empresas por participação em um esquema de suborno na Fifa que teria movimentado mais de US$ 150 milhões. Entre os alvos, estava Ricardo Teixeira, que devido à investigação, no ano passado, acabou banido do futebol e foi multado em 1 milhão de francos suíços -- o equivalente a R$ 4,2 milhões na cotação da época.

O cartola negou as acusações pelas quais foi punido, afirma nunca ter recebido dinheiro dos qataris e considera ter sido alvo de perseguição:

- Da minha parte, não (foi oferecido dinheiro). Especificamente da América do Sul não pagou um tostão. A Bélgica ofereceu dinheiro na televisão quando esteve no Brasil. A Coreia do Sul escreveu para nós dizendo que mandaria US$ 100 mil para cada federação votar neles - comentou Teixeira.

Segundo ele, o pagamento de hotéis de luxo e voos feito por autoridades do Qatar é um movimento de praxe entre os mandatários.

- Todo e qualquer presidente de federação, quando vai jogar em outro país, tem a obrigação de dar hotel cinco estrelas para o presidente e para o chefe de delegação. Tem que dar um quarto para cada membro da comissão. É isso - disse.

Ricardo Teixeira
Ricardo Teixeira presidiu a CBF entre 1989 e 2012 (Foto: Divulgação) 

Em 2012, três anos antes do final de seu mandato na CBF e já sob investigação pelos subornos, Teixeira se afastou do comandado da entidade e foi morar nos EUA. Lá, também vivia J. Hawilla, empresário que intermediava negociações por direitos de transmissão de jogos no Brasil e na América do Sul.

Em 2013, segundo a reportagem da CNN Brasil, Hawilla passou a colaborar com o FBI, e disse aos investigadores americanos que pagou US$ 10 milhões em propina ao então presidente da CBF. Em troca, a Seleção Brasileira sempre disputaria a Copa América com seus principais jogadores. A defesa de Teixeira admite o acordo, mas afirma que os termos foram feitos via contrato, e que o dinheiro foi recebido pela CBF.

Em 2014, após ter sido delatado, o figurão brasileiro se encontrou com Hawilla em Miami. Na ocasião, Teixeira, ao veículo, afirmou ter certeza que, naquele dia, o empresário estava tentando gravá-lo, e de que os garçons eram agentes do FBI disfarçados:

- Eu tinha certeza absoluta que ele me vinha com alguma cafajestada, como veio. Eu tenho 72 anos, já tinha 65 ou 66, não posso ser tão burro, né?. Eles botaram sete caras do FBI para me gravar com ele falando negócio de agência, de dinheiro. Cadê essa gravação? No mínimo, é o que estou dizendo, são incompetentes.

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