TJD quer apresentar relatório sobre a final do Paulista no dia 23; anulação do jogo ainda não é discutida
Após oito horas de depoimentos, Comissão do TJD irá avaliar imagens e documentos para decidir se houve interferência. Pedido para impugnar o jogo depende da Procuradoria
Depois de oito horas de depoimentos, o Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) quer divulgar na segunda-feira, dia 23 de abril, seu relatório com a definição se houve interferência externa no segundo jogo da final do Campeonato Paulista, entre Palmeiras e Corinthians.
Por enquanto, a anulação da partida ainda não está em pauta: a Comissão avalia apenas se de fato teve irregularidade na atuação da arbitragem no Allianz Parque. Caso seja confirmada a interferência, será preciso uma denúncia da Procuradoria do TJD-SP para tratar-se da impugnação do jogo.
Durante toda a tarde e parte da noite desta terça-feira, Marcelo Augusto Gondim Monteiro, vice-presidente da 3ª Comissão Disciplinar do TJD, comandou as oitivas. Prestaram depoimento: o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, os assistentes Anderson José de Moraes Coelho e Daniel Paulo Ziolli, o quarto árbitro, Adriano de Assis Miranda, o quinto árbitro, Alberto Poletta Masseira, além do delegado da partida, Agnaldo Vieira, e o diretor de arbitragem, Dionísio Ribeiro Domingues.
A partir de agora, a defesa da Federação Paulista de Futebol (FPF) tem até o meio-dia de quinta-feira para apresentar novas imagens sobre o caso. O Palmeiras na sequência terá acesso a estas novas peças do processo e, se achar necessário, pode pedir algum novo depoimento.
Caso não tenha nenhuma nova demanda do clube, a Comissão do TJD espera cumprir o prazo de apresentar seu relatório na próxima segunda-feira.
A Procuradoria já participou dos depoimentos, por meio da procuradora Priscila Carneiro de Oliveira. Ela é quem pode oferecer a denúncia pedindo a impugnação do jogo, meta do Palmeiras desde que iniciou o processo, alegando interferência externa.
O lance que gera revolta do clube é o pênalti inicialmente marcado de Ralf em Dudu. Marcelo Aparecido disse que marcou a infração dentro da área com convicção, mas após três minutos de confusão ouviu a opinião do quarto árbitro de que havia sido apenas escanteio. Por considerar que Adriano de Assis Miranda tinha uma visão melhor da jogada, acabou mudando sua marcação, após quase 8 minutos de paralisação.
O QUE DISSERAM OS DEPOENTES (Veja na íntegra aqui):
- Dionísio Roberto Domingos, diretor de arbitragem da FPF: Ele disse que não poderia estar em campo se fosse apenas pelo seu cargo de diretor, mas na decisão estava como tutor da arbitragem, junto de José Henrique de Carvalho, presidente da comissão de arbitragem - esta foi a única partida com dois tutores. Ele disse não ter tido contato com os árbitros e que esteve o tempo todo no campo, e não saiu do túnel dos vestiários do Allianz Parque, como parece ser nas imagens. Quando aproximou-se da confusão pela marcação do pênalti, disse que estava apenas acompanhando as cenas, sem participação. Ele carregava um celular, mas passou o jogo todo com o aparelho desligado.
- Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, árbitro: Sua justificativa para revogar a marcação do pênalti foi que o quarto árbitro, Adriano de Assis Miranda, estava melhor posicionado, ao lado do lance. Segundo Marcelo, foi apenas a opinião deste auxiliar que motivou sua decisão de dar o escanteio em vez da penalidade, apesar de sua convicção ao apontar a marca da cal. A demora se deu pela dificuldade de comunicação primeiro pelo rádio, depois para ter uma conversa a sós entre os dois, sem a presença de jogadores.
- Adriano de Assis Miranda, quarto árbitro: Foi o depoimento mais confuso, principalmente pela contradição sobre a atuação de Dionísio. Todos os outros disseram em depoimento que o diretor atuava como tutor. O quarto árbitro disse que Dionísio era apenas um auxiliar do tutor. Durante sua fala, Adriano chegou a falar que Dionísio participou de uma reunião com os árbitros na véspera da partida e depois falou que o diretor não participou. A titubeada rendeu uma advertência sobre possível falso testemunho. Em sua versão, a comunicação de que não houve o pênalti foi imediata à marcação, mas Marcelo não conseguiu ouvi-lo. Ainda durante o depoimento, o quarto árbitro relatou atos hostis de jogadores do Palmeiras e foi cobrado pelos investigadores por não ter citado estes problemas na súmula. Ele recuou depois disso.
- Alberto Poletta Masseira, quinto árbitro: Sua participação no jogo foi tema também de divergência. Proibido de dar opiniões em lances capitais numa partida, o auxiliar informou que seu contato com o quarto árbitro pouco antes de Adriano ir falar com Marcelo Aparecido foi apenas para afastá-lo da confusão com jogadores do Palmeiras.
- Daniel Paulo Ziolli, assistente número 2: O bandeirinha concordou com a marcação do pênalti por não ter a melhor visão e confiar na decisão do árbitro. Ele relata o questionamento de Marcelo sobre a opinião no lance, mas Ziolli respondeu que não tinha como opinar. Sobre a comunicação via rádio, também explicou que ficou difícil entender o que se falava diante do barulho da torcida na arena e da reclamação dos jogadores.
- Anderson José de Moraes Coelho, assistente número 1: O auxiliar disse que não é comum a presença do diretor de arbitragem no campo de jogo, mas explicou que neste caso Dionísio era o tutor da arbitragem. Embora nas imagens ele apareça próximo ao diretor e ao delegado da partida, negou qualquer conversa entre eles.
- Agnaldo Vieira, delegado da partida: Ele alega que só entrou no campo para tirar os auxiliares do meio da confusão, que não pode participar de nenhuma decisão do árbitro e muito menos teve contato com ele.