Olho vivo! Treinadores falam sobre drone do Grêmio e recordam quando lidaram com ‘espionagem’
De flagras a 'fogo amigo', técnicos marcantes nas décadas de 1980 e 1990 veem apenas progresso tecnológico no 'espião' que veio do Tricolor gaúcho
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A final da Copa Libertadores de 2017 foi precedida por um inusitado caso de espionagem: a acusação de que o Grêmio teria utilizado um drone para acompanhar a atividade do Lanús (ARG). Embora o flagra divulgado pela ESPN tenha apimentado a decisão, o uso de "espiões" não é visto como novidade entre quem trabalhou no futebol.
Treinador com passagem pelos quatro grandes do Rio de Janeiro, Jair Pereira revelou ao LANCE! que lidou com tentativas de "espionagem" à sua rotina de treinos:
- Ah, já botei muito espião para fora, porque na época os treinos eram abertos. Tinha espião de peruca para acompanhar treinos. Flagrei até pessoas filmando!
O técnico, que venceu a Copa do Brasil de 1990 pelo Flamengo e o Carioca de 1994 pelo Vasco, contou o caso mais curioso com o qual lidou:
- O mais surreal que vivi foi quando treinava o Botafogo. Descobri que em um dos apartamentos do lado de onde a gente treinava ficava um espião, usando binóculo para acompanhar nossos treinos e passar as informações. A gente avisou o porteiro do prédio, que impediu o cara de subir.
Jair Pereira ainda apontou um técnico que perseguia de maneira implacável "espiões":
- O Telê Santana era terrível, muito precavido. Quando desconfiava, mandava a pessoa embora, e não queria nem conversa!
Comandante da Seleção Brasileira na Copa de 1990, Sebastião Lazaroni também revelou ao L! que passou com frequência por situações de "espionagem":
- Acontece muito quando se fecha os treinos. Torcedores de equipes adversárias se disfarçam de jornalistas e passam informações ao clube de coração. A gente tenta ao máximo evitar que estas informações saiam, para surpreender em jogadas de bola parada, ou em alguma tentativa de atacar de maneira surpreendente ou de se defender melhor.
Lazaroni confessou que, em uma de suas passagens pelo futebol árabe, a "espionagem" serviu como um trunfo para sua equipe:
- Foi quando eu dirigia o Al-Hilal (SAU). Estava comandando um treino na véspera da decisão, e um atacante me chamou para mostrar uma coisa. Era uma fita de vídeo. Quando fui assistir, eram dois dias de treinamento completos da equipe adversária, provavelmente deixados por um torcedor que quis "municiar" a gente. Acabou ajudando, porque ganhamos o jogo (risos).
DRONE ABRE DEBATE SOBRE PRESENÇA DE ESPIÕES
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O flagra ao drone do Grêmio rendeu alguns questionamentos dos treinadores. Aos olhos de Jair Pereira, o fato de a Libertadores ter chegado à final torna dispensável a necessidade de espionagem:
- Nunca tinha visto uma espionagem a este ponto, com recurso tecnológico, mas não vejo motivo para o Grêmio fazer. O time engole os adversários pela tática e pela técnica e, depois de tanto tempo de competição, já devia saber como joga o Lanús. Em finais assim, não faz muita diferença a presença de um espião para saber como joga o adversário, todo mundo já se conhece.
Sebastião Lazaroni vê a situação como uma nova chance de discutir sobre a presença de "espiões" em treinos:
- Não chega a surpreender, mas, sem dúvida, não é ético. É bom que casos como este surjam para reabrir a legislação.
Também procurado pelo LANCE!, Joel Santana saiu pela tangente:
- Eu não quero me meter nessa história não, deixa o (Renato) Gaúcho resolver essas broncas. Só acho que futebol está com muita apelação.
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