Renato Gaúcho está forçando saída do Grêmio com ida ao Rio? Jornalistas opinam

O treinador se envolveu em uma polêmica recente quando, após a derrota contra o Internacional, viajou para o Rio de Janeiro sem dar entrevista coletiva

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A semana começou turbulenta para o Grêmio. E tudo isso por conta do resultado negativo contra o Internacional, no clássico disputado no domingo (8). No Beira Rio, a equipe de Renato Gaúcho foi derrotada por 3 a 2. Mas o que complicou a situação e polemizou foi a reação que Renato Gaúcho teve no final da partida.

Quando a partida terminou, viajou direto para o Rio de Janeiro sem prestar nenhuma entrevista pós-jogo, nem mesmo a coletiva. Essa reação teria gerado um incômodo até mesmo em Alberto Guerra, presidente do time.

- Do segurança ao presidente, do faxineiro ao CEO, ninguém no Grêmio concordou com essa decisão. Foi uma decisão unilateral do treinador. Entendemos, ele tem compromisso amanhã de manhã. Achamos que ele deveria estar aqui dando suas explicações, mas é uma decisão que ele tomou e internamente vamos avaliar isso - disse o dirigente.

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O Lance! entrou em contato com alguns jornalistas que acompanham de perto a equipe, no Rio Grande do Sul, que opinaram se acreditam que Renato Gaúcho estaria ou não forçando sua saída do Grêmio.

Leonardo Sonda, Band RS
Não acredito em tentativa de forçar uma saída do clube. Mas, é inegável que o comportamento recorrente é um desrespeito de Renato com a "instituição" Grêmio. Ainda não está claro o motivo da viagem apressada do treinador ao Rio de Janeiro, torçamos para que nada de grave tenha acontecido. Porém, em outros momentos com comportamentos semelhantes, Renato demonstrou absoluta consciência que não seria demitido sob qualquer hipótese, por tudo que aconteceu quando foi demitido do clube em 2021. Portaluppi tem superpoderes no Grêmio: manda, desmanda, define suas folgas e dias de trabalho. Talvez, o momento mais constrangedor da noite tenha sido a entrevista do Presidente Alberto Guerra. Não por culpa do Presidente, que faz uma boa gestão até aqui, mas por reforçar nos microfones a indisciplina do seu treinador. O clube exigiu que Renato falasse após a partida e foi ignorado. No contexto gremista, a insubordinação é normalizada e premiada com alguns dias de folga na cidade maravilhosa.

Bruno Flores, repórter da Rádio Gaúcha
- O ponto mais importante do caso em que o Renato não aparece para a coletiva após a derrota acachapante no Gre-Nal é a falta de comunicação. Dias antes do jogo, o técnico comunicou que tinha um compromisso inadiável e que viajaria. O presidente Alberto Guerra contemporizou e apostou que Renato mudaria de opinião após o clássico, o que não aconteceu. Ficou o dito pelo não dito e cada um tem suas razões, mas nada foi acertado definitivamente. Aqui em Porto Alegre, não existe nenhum elemento que faça parecer o Renato está forçando uma saída. Porém, uma relação é feita de elos, e alguns foram quebrados entre o técnico e o presidente do Grêmio com esse episódio constrangedor.

Tainan Nunes, repórter Canal TN
- Acredito que não, porque o Renato sempre costuma viajar para o Rio em Data FIFA já que o Grêmio se reapresenta só quinta-feira. Porém o fato de ter não dado coletiva prejudicou muito o ambiente entre ele e o Guerra pensando em 2024.

Luciano Coimbra, jornalista esportivo de Porto Alegre
- Renato e o Grêmio vivem um relacionamento cheio de poréns… O Grêmio tem no Renato um ídolo que trouxe o clube de volta as conquistas estaduais, nacionais e continentais. Muito por isso ele é idolatrado cada vez mais pela torcida e por muitos dirigentes. Claro que essa relação tem seus altos e baixos e a derrota no Clássico Grenal 440 somada a sua não participação na entrevista coletiva após a partida estremeceu um pouco este convívio. A direção gremista sabendo que Renato tinha uma viagem agendada para a noite após o Clássico já deveria ter conversado com o treinador para trocar a passagem para outro horário no dia seguinte ou até mesmo fretar um vôo para esse deslocamento ser feito no mesmo dia. Ingenuidade da direção gremista que esperou o resultado da partida para conversar com o treinador. Se a vitória estivesse sido conquistada, ele viajaria igual e ainda tiraria onda que estava falando pouco ou nem falando porque não precisava após mais uma vitória em clássico. Como a derrota aconteceu, as explicações precisaram ser dadas pelo presidente Alberto Guerra e pelo auxiliar Alexandre Mendes. Não vejo que esse episódio de ontem tenha sido para forçar uma saída do clube. Isso já ocorreu outra vez justamente após o Grenal 413, também no Beira-Rio, onde o Grêmio venceu por 2x1. À época, Renato ainda brincou na “coletiva” que a lesão do árbitro Jean Pierre o atrasaria e ele perderia seu voo. Ele faria a mesma coisa caso tivesse vencido neste último jogo, mas optou por sair sem conceder entrevista para não precisar explicar a fraca atuação da equipe e a derrota para o rival.

César Fabris, Rádio Imortal
- Renato hoje é a principal figura na história do Grêmio, em cima disso tem uma liberdade fora do comum para o futebol brasileiro. O fato dele ter saído sem dar coletiva só prova o quanto ele tem liberdade. O que chamou atenção foi a diretoria reprovar internamente e extremamente. Na antiga gestão acontecia fatos parecidos e sempre teve omissão. Não vejo uma maneira dele forçar a saída, simplesmente é o Renato sendo Renato. Toma as decisões sem pensar na opinião pública ou da diretoria.

Juliano Piasentin, jornalista esportivo
- É constrangedor o episódio em que Renato Portaluppi deixa o Beira-Rio sem conceder a entrevista coletiva no domingo, após a derrota no GreNal 440. No entanto, isso não quer dizer que o comandante tricolor esteja forçando uma saída do clube do qual é ídolo e já virou estátua. Renato é gremista declarado, em todas as ocasiões que deixou o Grêmio nas passagens anteriores, as saídas aconteceram sem trauma. Em 2011 e 2021 Portaluppi pediu demissão, em 2013 não renovou o contrato ao final da temporada. Não é de sua índole forçar a saída, ainda mais em Porto Alegre.Sobre a coletiva de imprensa, em 2018, após vitória por 2x1 no mesmo Beira-Rio, mas pelo Gaúchão, Renato não respondeu as perguntas dos jornalistas. As diferenças são duas: vitória tricolor e um pronunciamento. O motivo: também uma viagem para o seu amado Rio de Janeiro.

Luã Hernandez, jornal Zero Hora
- Não acredito que o Renato esteja forçando uma saída do Grêmio. Ele sempre gostou de ter essa autonomia, seja para indicar jogadores, expor suas ideias sobre futebol, administrar as folgas ou viajar para o Rio quando tivesse algum compromisso. Por isso, esse casamento entre Renato e Grêmio sempre deu liga, porque ele cuidava mais do que apenas de treinar o time e tinha liberdade para tomar decisões, mesmo que impopulares. Mas, dessa vez, desagradou a diretoria e isso foi exposto publicamente. Raras vezes vi algo assim na relação entre clube e Renato. Pode ser um indicativo de atrito em uma relação que parecia muito amistosa. Agora vamos aguardar o desenrolar desse episódio, mas me parece um indicativo de que, para 2024, Grêmio e Renato podem seguir caminhos distintos.

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