Os últimos impactos (e riscos) do dinheiro do Golfo Pérsico no mundo dos esportes
Grupos do Oriente Médio inflacionam pagamento de atletas e podem estar destruindo equilíbrio competitivo
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Não é novidade a influência do dinheiro do Golfo Pérsico no mundo dos esportes. Há mais de 10 anos, grupos dos Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita investem bilhões de dólares para deixar suas marcas no cenário esportivo global e se tornaram protagonistas do universo dos negócios, com a aquisição de clubes e a organização de grandes eventos.
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O panorama recente, no entanto, apresenta riscos. Enquanto uma série de clubes e atletas desfrutam das riquezas do Oriente Médio, existe a preocupação de que o poderia financeiro do Golfo Pérsico possa estar inflacionando o mercado e destruindo o equilíbrio competitivo.
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O impacto foi mais perceptível no futebol. Além da Copa do Mundo 2022 no Qatar, uma vasta quantia de capital foi aportada para transformar PSG e Manchester City em potências mundiais. Astros como Messi e Cristiano Ronaldo também foram atraídos pelo dinheiro da região. Nos últimos anos, a repercussão se estendeu para outros esportes, como automobilismo, boxe e até o golfe, por exemplo.
Os investimentos do Golfo Pérsico no esporte
Os investimentos do Golfo Pérsico no esporte podem ser dividido em alguns tipos. O mais conhecido é a aquisição de clubes no futebol europeu, que começou em 2008 com a compra do Manchester City pelo Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan e sua empresa de private equity com sede nos Emirados Árabes Unidos.
Desde então, novos grupos do Oriente Médio entraram no futebol europeu e se tornaram proprietários de clubes. Em 2011, o PSG foi vendido para a Qatar Sports Investments, uma subsidiária do fundo soberano do país, e, em 2020, o Newcastle United foi adquirido pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita.
Além do investimento na compra de clubes, os países do Golfo Pérsico aportam milhões na realização de grandes eventos. A Copa do Mundo no Qatar é o principal exemplo, mas não o único. Em 2022, foi lançado o LIV Golf Tour, torneio financiado pelo governo da Arábia Saudita que conta com premiações milionárias e atraiu estrelas esporte para longe do PGA Tour.
Por fim, outro tipo de investimento é diretamente em atletas. Em janeiro deste ano, o Al Nassr, com apoio do governo da Arábia Saudita e da liga local, fechou a contratação de Cristiano Ronaldo com uma proposta salarial exorbitante - cerca de 200 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão) por ano. Atualmente no PSG, controlado por uma empresa do Qatar, o argentino Lionel Messi é embaixador do turismo na Arábia Saudita e também recebeu uma proposta recorde para atuar no país do Golfo Pérsico a partir da próxima temporada.
Os riscos do dinheiro do Golfo Pérsico no esporte
A principal preocupação em torno do dinheiro do Golfo Pérsico no esporte tem sido o equilíbrio competitivo. Com capital ilimitado, os clubes com investimento árabe têm formas de driblar o Fair Play Financeiro e conseguir juntar bons jogadores para melhorar o desempenho em campo. Um exemplo são contratos de patrocínios falsos para inflar artificialmente as receitas e permitir um maior investimento em contratações.
Além disso, acredita-se que os grandes gastos dos proprietários do Oriente Médio estejam inflacionando o mercado em todos os setores, desde os valores das transferências até os salários dos jogadores. O Manchester City, por exemplo, contratou Jack Grealish por US$ 139 milhões, um valor recorde para o Reino Unido. Com Messi, Mbappé e Neymar, o PSG tem três dos quatro jogadores mais bem pagos do futebol no seu elenco. Esses tipos de acordos redefinem o mercado do futebol.
De acordo com estudo da Forbes, o dinheiro do Oriente Médio no golfe e no futebol fez com que as estrelas do esporte ganhassem mais do que nunca. Os 10 atletas mais bem pagos do mundo receberam, ao todo, cerca de US$ 1,1 bilhão nos últimos 12 meses - veja a lista aqui. Além dos já citados Messi e Cristiano Ronaldo, outros nomes da lista têm relação com o dinheiro árabe: Mbappé, que atua no PSG, e os golfistas Phil Mickelson e Dustin Johnson, que aceitaram o convite para jogar no LIV Golf Tour.
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